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14/10/2007 - 12h38

Negócio da universidade particular é a nova "mina de ouro" na Albânia

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da Efe, em Tirana

Você tem casa? Sim, dois quartos e uma cozinha. Então, Por que não abre uma universidade? Esta brincadeira corre de boca em boca estes dias por Tirana, capital da Albânia, após o início do novo ano acadêmico nas numerosas universidades privadas do pequeno país dos Bálcãs.

O número de instituições que se auto-intitulam "universidades" cresceu vertiginosamente nos últimos dois anos para um total de 15. A mais antiga é a Universidade Luarasi, com apenas quatro anos de existência.

O extinto regime comunista, que utilizava a escola como meio de propaganda para se perpetuar no poder, criou em 45 anos só dez instituições de ensino superior, enquanto durante os primeiros 13 anos da frágil democracia, abriu apenas mais uma.

A Albânia assinou em 2003 a Declaração de Bolonha da União Européia para reformar o setor de ensino superior e para que seus títulos sejam reconhecidos no estrangeiro.

As dificuldades na elaboração dos textos escolares, a falta de pessoal pedagógico qualificado, a corrupção e infra-estrutura ruim são problemas que afetam a adequada formação dos estudantes universitários.

Mas o mais grave está na situação das universidades particulares, que se transformaram em um negócio baseado na produção de titulados e, em muitos casos, na venda de uma mercadoria denominada diploma universitário.

É a era da "Universidademania fora do controle", como afirmou recentemente o jornal "Shqip", ressaltando que os proprietários dos centros educacionais privados, muitos deles com um passado suspeito, vêem os estudantes como simples credores.

Quem paga entre 2.000 e 6.000 euros por ano para um curso que dura quatro anos --uma fortuna em um país com um salário médio de entre 150 e 200 euros-- tem a admissão e a graduação praticamente garantidas.

Perante esta situação e o mal estado das universidades públicas, muitos jovens albaneses se viram obrigados a seguir seus estudos no estrangeiro.

Aqueles que não podem sair do país e que não passaram no exame de admissão nas universidades públicas, têm como único caminho para uma educação superior recorrer aos novos centros universitários privados.

Alguns funcionam sem licença, outros ficam em prédios sem permissões de construção e quase nenhuma publica em suas páginas de internet os nomes dos professores e reitores. Abrangem menos de 10% do número total de 50 mil estudantes em toda a Albânia e algumas não superam os 100 alunos.

O caso mais grotesco é o da transformação de um antigo bordel em uma universidade, cuja junta diretiva é presidida pelo ex-presidente do país, Rexhep Meidani, e seus membros são figuras importantes da classe política albanesa.

Segundo relatou à agência Efe Agron, um morador do bairro de Tirana onde fica o centro e que conhece detalhes dele, o proprietário da universidade, Gafur Dudaj, começou a enriquecer desde os tempos da ditadura comunista quando trabalhava de motorista e contrabandeava roupas e jóias.

Com a chegada da democracia em 1991, Gafur e seu irmão Aziz eram donos de uma pequena sociedade piramidal de investimentos que acumulava o pouco dinheiro que os jovens albaneses emigrados enviavam para suas famílias.

Em 1993, Gafur ocupou um terreno em um lugar isolado e desabitado de Tirana e construiu o restaurante e o hotel "Balkan".

Com o hotel, que não era nada mais que o primeiro bordel ilegal de Tirana, fez fortuna porque entre a clientela se destacava gente com dinheiro, lembra Afrim, outro morador do bairro. Durante a rebelião popular de 1997, após a quebra das sociedades piramidais, o hotel serviu para acobertar agentes da Polícia Secreta Shik.

Em 2004 os quartos do hotel se transformaram em salas de aula da universidade Marin Barleti, e Gafur ganha a vida agora organizando cursos de Economia, Direito, Ciências Políticas e Línguas.

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