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Presidente português se mostra favorável a mudanças na escrita
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LETÍCIA SANDER
da Folha de S.Paulo, no Rio
O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, comemorou ontem no Rio a decisão tomada na véspera pelo conselho de ministros de Portugal de aderir à reforma ortográfica proposta em 1991 pelos membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
"É exatamente o que eu queria", afirmou ele, segundo relatos feitos à Folha. O presidente português comentou a decisão após ler reportagem publicada ontem pela Folha sobre o assunto. Acrescentou que o anúncio da decisão veio "em boa hora", num momento em que ele se encontra no Brasil para a comemoração dos 200 anos da chegada da família real portuguesa ao país. Cavaco Silva também disse ser a favor de Portugal e Brasil utilizarem o mesmo sistema ortográfico, independentemente das diversas formas de falar o português.
No almoço na Confeitaria Colombo, oferecido pela Embaixada de Portugal, estavam presentes intelectuais, acadêmicos e políticos.
O acordo ortográfico entre os países de língua portuguesa foi firmado em 1991. Apesar da decisão dos ministros portugueses, a ratificação do texto pelo país depende ainda da aprovação pelo Parlamento da proposta elaborada pelos ministros. Se passar pelo Legislativo, o texto será submetido ao presidente da República, que ontem deixou claro ser favorável às mudanças na escrita.
No Brasil, o acordo ortográfico já foi aprovado pelo Congresso e, em tese, está em vigor, uma vez que, para isso, basta a assinatura de três países da CPLP. Além do Brasil, já ratificaram o texto Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. A implantação, porém, era adiada devido à não-adesão de Portugal.
Presente ao almoço de ontem, o presidente da ABL (Academia Brasileira de Letras), Cícero Sandroni, também saudou a decisão dos portugueses. Ele lembrou que, a partir da reforma, as Nações Unidas vão poder usar o português como uma de suas línguas oficiais, o que não é possível hoje pela falta de uniformidade ortográfica.
Entre outras mudanças, as novas regras prevêem a incorporação das letras k, w e y ao alfabeto, a supressão do trema, do acento diferencial e do acento circunflexo em palavras como "crêem".
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