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14/08/2001
-
18h15
especial para a Folha Online
Para conhecer os bastidores militares dos Aliados da Segunda Guerra Mundial, assista "Patton: Rebelde ou Herói?" (1970), lançado recentemente em DVD pela Twentieth Century Fox. O filme, dirigido por Franklin J. Schaffner, com roteiro de Francis Ford Coppola, levou 7 Oscar em 1971 nas categorias de direção, roteiro, ator principal, direção de arte, sonorização, edição e melhor filme.
"Patton: Rebelde ou Herói?" é um dos melhores filmes de guerra do século 20. Na tela foram omitidos alguns episódios da vida particular e da participação do general Patton na Segunda Guerra Mundial, porém o objetivo de mostrar a personalidade turbulenta do general foi atingido.
No filme, todos os discursos são verdadeiros. As falas são baseadas em três frentes: nos depoimentos de oficiais que com ele conviveu, no livro "A História de Um Soldado" do general Omar Bradley, que é uma das personagens centrais do filme e foi consultor histórico da produção, e no livro "Patton: Experiência Difícil e Triunfo", de Ladislas Farago.
Patton - vida real na tela
O general Patton (1885 - 1945), estrategista militar e herói da Segunda Guerra, um dos mais ricos oficiais do exército norte-americano, era um guerreiro que se considerava fora de época. Religioso, acreditava na reencarnação e jurava ter participado das mais conhecidas batalhas e campanhas da história ocidental. A cena nas ruínas de Cartago mostra a sua crença e o prazer mórbido que sentia pela luta.
A fama de Patton como disciplinador estava no auge quando esbofeteou um soldado traumatizado pela guerra. O incidente provocou o seu afastamento do comando e uma ausência prolongada da frente de batalha. Mesmo assim, o general Eisenhower, comandante geral dos Aliados, reconhecendo seu valor como militar, o reconduziu ao comando.
Embora odiasse os nazistas, Patton admirava a disciplina e a organização dos alemães, discordando da desnazificação ao final da guerra. Além disso, menosprezou o papel dos soviéticos no conflito. Anticomunista ferrenho, desacatou pessoalmente um general soviético numa comemoração da vitória aliada. Essa é uma das cenas mais surpreendentes do filme.
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O que o filme omitiu
O filme não mostra a ligação entre Patton e sua sobrinha Jean Gordon. Quando o general estava solitário na Inglaterra, Jean era voluntária da Cruz Vermelha e para lá foi enviada, deixando a mulher do general enfurecida.
Outro fato que não está no filme é a ocasião, em 1945, em que Patton ordenou uma operação em território inimigo para resgatar seu genro; a incursão fracassou e muitos soldados morreram.
Não aparece a morte de Patton, ocorrida nas proximidades de Mannheim, no Sudoeste da Alemanha, em 21 de dezembro de 1945, num acidente automobilístico que nunca foi bem explicado. O anti-semitismo de Patton também não foi evidenciado.
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Ator e personagem
George C. Scott, ator que viveu o papel do general Patton, assistiu horas de documentários e jornais de tela da época da guerra para interpretar o personagem em toda a sua extensão. Um neto de Patton declarou que o filme "me fez pensar, pela primeira vez na vida, que meu avô foi alguém que existiu de verdade". Scott recebeu o Oscar pela sua interpretação, mas não foi recebê-lo, pois considerava que os prêmios da Academia eram "concurso de carnes".
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Batalhas autênticas
Ao contrário dos ciberépicos atuais, que multiplicam figurantes, aviões e navios por computação, as filmagens das batalhas de El Guettar e das Ardenas, e o trajeto de Patton na Sicília, foram feitas na Espanha de uma forma mais real.
Em 1969, quando foi rodado o filme, o exército espanhol ainda possuía armamentos da Segunda Guerra Mundial, inclusive os tanques alemães "Panzer". As batalhas foram coreografadas com aprovação de veteranos que nela estiveram presentes.
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Influência na Guerra do Vietnã
Segundo Oliver Stone declara no making off que consta no DVD, o presidente Richard Nixon ordenou a invasão do Camboja, um dos últimos suspiros norte-americanos no Vietnã, após ter assistido "Patton" numa sessão privativa. Afirma-se que o general Norman Schwartzkopf, ao se preparar para comandar a guerra do Golfo, foi influenciado pela personificação que Scott fez de Patton.
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Painel da Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) envolveu os Aliados (Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e França) e o Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
A guerra se insere nos limites do Imperialismo da primeira metade do século 20, em que as grandes potências dividiam o mundo em esferas de controle. O domínio se dava por via direta (colonialismo) e indireta (supremacia econômica e influência política).
A França e a Inglaterra controlavam a maioria das colônias na Ásia e na África; os Estados Unidos substituíram a influência inglesa na América Latina a partir do final da Primeira Guerra Mundial (1918) e passaram a dominar economicamente o continente. Os países do Eixo consideravam a divisão injusta e desejavam um espaço para a expansão dos seus negócios, pois em termos tecnológicos nada deviam aos adversários.
A grande surpresa da guerra foi a ascensão da União Soviética como potência. Criada após a Revolução Russa (1917), a URSS incorporou os povos não russos do antigo império sob a promessa de uma participação política igualitária. A URSS fechou-se ao Ocidente nas décadas de 20 e 30, e construiu o sistema socialista a partir de um planejamento econômico centralizado, desenvolvido através dos Planos Quinquenais do ditador Stálin.
Durante a guerra, para atingir a URSS, a Alemanha nazista controlou Polônia, Tchecoslováquia, Hungria Romênia e Bulgária. No refluxo da guerra, para derrotar os nazistas, os soviéticos invadiram esses países e os transformaram em repúblicas socialistas satélites.
O Eixo foi derrotado; a Inglaterra e França ficaram economicamente esgotadas, consolidando os Estados Unidos como líder absoluto do sistema capitalista. Os americanos financiaram a reconstrução das áreas destruídas pela guerra na Europa ocidental através do Plano Marshall.
Saiba com estudar história sem livros com a coluna Tudo é história, do Fovest Online
Filme da década de 70 ajuda a compreender a Segunda Guerra
JOÃO BONTURIespecial para a Folha Online
Para conhecer os bastidores militares dos Aliados da Segunda Guerra Mundial, assista "Patton: Rebelde ou Herói?" (1970), lançado recentemente em DVD pela Twentieth Century Fox. O filme, dirigido por Franklin J. Schaffner, com roteiro de Francis Ford Coppola, levou 7 Oscar em 1971 nas categorias de direção, roteiro, ator principal, direção de arte, sonorização, edição e melhor filme.
Divulgação Cartaz do filme |
"Patton: Rebelde ou Herói?" é um dos melhores filmes de guerra do século 20. Na tela foram omitidos alguns episódios da vida particular e da participação do general Patton na Segunda Guerra Mundial, porém o objetivo de mostrar a personalidade turbulenta do general foi atingido.
No filme, todos os discursos são verdadeiros. As falas são baseadas em três frentes: nos depoimentos de oficiais que com ele conviveu, no livro "A História de Um Soldado" do general Omar Bradley, que é uma das personagens centrais do filme e foi consultor histórico da produção, e no livro "Patton: Experiência Difícil e Triunfo", de Ladislas Farago.
Patton - vida real na tela
O general em ação |
A fama de Patton como disciplinador estava no auge quando esbofeteou um soldado traumatizado pela guerra. O incidente provocou o seu afastamento do comando e uma ausência prolongada da frente de batalha. Mesmo assim, o general Eisenhower, comandante geral dos Aliados, reconhecendo seu valor como militar, o reconduziu ao comando.
Embora odiasse os nazistas, Patton admirava a disciplina e a organização dos alemães, discordando da desnazificação ao final da guerra. Além disso, menosprezou o papel dos soviéticos no conflito. Anticomunista ferrenho, desacatou pessoalmente um general soviético numa comemoração da vitória aliada. Essa é uma das cenas mais surpreendentes do filme.
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O que o filme omitiu
O filme não mostra a ligação entre Patton e sua sobrinha Jean Gordon. Quando o general estava solitário na Inglaterra, Jean era voluntária da Cruz Vermelha e para lá foi enviada, deixando a mulher do general enfurecida.
Outro fato que não está no filme é a ocasião, em 1945, em que Patton ordenou uma operação em território inimigo para resgatar seu genro; a incursão fracassou e muitos soldados morreram.
Não aparece a morte de Patton, ocorrida nas proximidades de Mannheim, no Sudoeste da Alemanha, em 21 de dezembro de 1945, num acidente automobilístico que nunca foi bem explicado. O anti-semitismo de Patton também não foi evidenciado.
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Ator e personagem
George C. Scott, ator que viveu o papel do general Patton, assistiu horas de documentários e jornais de tela da época da guerra para interpretar o personagem em toda a sua extensão. Um neto de Patton declarou que o filme "me fez pensar, pela primeira vez na vida, que meu avô foi alguém que existiu de verdade". Scott recebeu o Oscar pela sua interpretação, mas não foi recebê-lo, pois considerava que os prêmios da Academia eram "concurso de carnes".
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Batalhas autênticas
Ao contrário dos ciberépicos atuais, que multiplicam figurantes, aviões e navios por computação, as filmagens das batalhas de El Guettar e das Ardenas, e o trajeto de Patton na Sicília, foram feitas na Espanha de uma forma mais real.
Em 1969, quando foi rodado o filme, o exército espanhol ainda possuía armamentos da Segunda Guerra Mundial, inclusive os tanques alemães "Panzer". As batalhas foram coreografadas com aprovação de veteranos que nela estiveram presentes.
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Influência na Guerra do Vietnã
Segundo Oliver Stone declara no making off que consta no DVD, o presidente Richard Nixon ordenou a invasão do Camboja, um dos últimos suspiros norte-americanos no Vietnã, após ter assistido "Patton" numa sessão privativa. Afirma-se que o general Norman Schwartzkopf, ao se preparar para comandar a guerra do Golfo, foi influenciado pela personificação que Scott fez de Patton.
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Painel da Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) envolveu os Aliados (Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e França) e o Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
A guerra se insere nos limites do Imperialismo da primeira metade do século 20, em que as grandes potências dividiam o mundo em esferas de controle. O domínio se dava por via direta (colonialismo) e indireta (supremacia econômica e influência política).
A França e a Inglaterra controlavam a maioria das colônias na Ásia e na África; os Estados Unidos substituíram a influência inglesa na América Latina a partir do final da Primeira Guerra Mundial (1918) e passaram a dominar economicamente o continente. Os países do Eixo consideravam a divisão injusta e desejavam um espaço para a expansão dos seus negócios, pois em termos tecnológicos nada deviam aos adversários.
A grande surpresa da guerra foi a ascensão da União Soviética como potência. Criada após a Revolução Russa (1917), a URSS incorporou os povos não russos do antigo império sob a promessa de uma participação política igualitária. A URSS fechou-se ao Ocidente nas décadas de 20 e 30, e construiu o sistema socialista a partir de um planejamento econômico centralizado, desenvolvido através dos Planos Quinquenais do ditador Stálin.
Durante a guerra, para atingir a URSS, a Alemanha nazista controlou Polônia, Tchecoslováquia, Hungria Romênia e Bulgária. No refluxo da guerra, para derrotar os nazistas, os soviéticos invadiram esses países e os transformaram em repúblicas socialistas satélites.
O Eixo foi derrotado; a Inglaterra e França ficaram economicamente esgotadas, consolidando os Estados Unidos como líder absoluto do sistema capitalista. Os americanos financiaram a reconstrução das áreas destruídas pela guerra na Europa ocidental através do Plano Marshall.
Saiba com estudar história sem livros com a coluna Tudo é história, do Fovest Online
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