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Para diretor, fechar a São Francisco em dia de protesto foi "absurdo", mas necessário
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DANIEL BERGAMASCO
da Folha de S.Paulo
Na tarde de ontem, enquanto corria o protesto no largo São Francisco (centro), o diretor da Faculdade de Direito da USP, João Grandino Rodas, falou à Folha por telefone sobre o cancelamento das aulas.
A faculdade amanheceu fechada ontem "como medida preventiva de proteção às pessoas que nela trabalham e circulam", de acordo com nota divulgada pelo diretor
Alunos, docentes e funcionários da USP realizaram uma passeata da avenida Paulista até o largo São Francisco para pedir a saída da reitora da universidade, Suely Vilela.
Entrevista
FOLHA - Por que fechar a faculdade?
JOÃO GRANDINO RODAS - Não foi por medo, mas por precaução, para preservar o patrimônio e as pessoas da faculdade. Não é uma coisa que se faz com gosto. Estamos no final do semestre, e hoje [ontem] era dia de provas.
FOLHA - Qual foi o receio?
RODAS - Alguns [manifestantes] acham que certos métodos são produtivos. Sabendo disso, eu, como diretor, poderia ser criminalmente responsável se acontecesse algo e eu não tivesse tomado uma medida de cautela. No passado da faculdade [em 2007, quando foi ocupada por manifestantes], houve alunos e funcionários encurralados na salas. Puseram cadeados nas grades de portas e janelas. Ou seja: eu sei que é um absurdo fechar a faculdade, mas como não fazer nada quando há dois dias houve aquilo [invasão] no refeitório [na Cidade Universitária]? Infelizmente, não tenho bola de cristal para saber o que esperar.
FOLHA - O senhor combinou o fechamento com a reitora da USP?
RODAS - Ela tinha conhecimento de que a faculdade iria fechar. Foi uma decisão minha, que levei ao conhecimento dela. Não é algo que foi imposto pela reitora.
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Entendo os motivos de grande parte das críticas tecidas aqui quanto à greve de professores e estudantes das Universidades paulistas. Entendo por que durante 30 anos anos achei que a Universidade Pública seria apenas um lugar de privilegiados, longe da realidade de um jovem pobre da zona leste de São Paulo. Depois de formado, resolvi prestar pedagogia da Unicamp, achando que poderia fazer alguma coisa por aqueles tantos que vi ficarem no caminho, excluídos. Pensei que deveria então montar uma escola, sei lá... a escola pública não tem jeito mesmo!! Conhecendo um pouco mais os mecanismos da educação, políticas públicas, Governo PSDB, pude perceber o quão nefasto era todo este sistema. Em qualquer país que se preste, a educação é de qualidade e gratuita, os professores são bem remunerados e bem formados, não pela internet, como quer o governador. Se alguém aqui realmente está preocupado com a educação pública, deve pensar nisso e acompanhar os projetos de lei aprovadas recentemente, as PLs da educação que precarizam ainda mais o trabalho dos professores. E quem achar que deve ser um"amigo da escola", não deve esquecer da quantidade de impostos que paga para ir lá pintar as paredes que estão caindo por falta de responsabilidade do Estado. Estamos apenas lutando para que todos possam ter o direito de cursar uma escola e universidade públicas com qualidade.
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Permita-me discordar caso esteja tentando dizer que o sistema político da Usp é perfeito ou mesmo "bom", um ambiente tão heterogênio deveria ter mais "focos" de poder político, onde alunos, representantes de cursos, funcionários teriam mais voz.
Como uma entidade pública de ensino e autônoma, ter todas as decisões rogadas a alguns eruditos e membros da sociedade, parece-me mínimamente "impositivo".
A melhora nos sistemas só acontesse quando há o maior número de cabeças pensando.
Aliás, se possível, explique melhor o sistema americano, se não, obrigado assim mesmo.
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