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05/10/2001 - 20h20

Greve nas federais leva hospitais à beira do colapso

da Agência Folha

Sem receber os salários referentes a setembro em razão da greve de professores e funcionários das universidades federais, os servidores dos hospitais ligados a essas escolas decidiram parar ou reduzir as atividades dessas instituições e, dessa forma, levam o atendimento hospitalar ao colapso. A crise nesse serviço médico, inclusive, sobrecarrega os hospitais estaduais e particulares.

O quadro crítico será verificado, por exemplo em Curitiba, se por mais uma semana for mantida a paralisação das atividades no Hospital de Clínicas (HC), o maior do Paraná, em decorrência da greve dos servidores.

A previsão do colapso é das demais unidades que compõem a rede pública de saúde no município. Elas acreditam que não teriam como suportar por muito tempo a sobrecarga no atendimento em razão da paralisação do HC _onde são atendidas diariamente cerca de 2.000 pessoas.

Ainda em Curitiba, o Hospital Evangélico, cujo setor de emergência atende em média 270 pacientes por dia _cerca de 80% pelo SUS_, está sobrecarregado. Todos os 503 leitos da unidade estão ocupados e há fila de espera de pacientes.

A assessoria do hospital informou que a unidade teme que a situação piore, já que o movimento aumentou cerca de 10% desde a suspensão do atendimento no HC, iniciada ontem.

Outro hospital de médio porte, o Cajuru, que atende em média 250 pacientes por dia registrou hoje 299 atendimentos.

A Secretaria Municipal de Saúde orientou os 104 postos de saúde do município a não encaminhar pacientes para o HC.

Em assembléia realizada hoje pela manhã, os funcionários do Hospital de Clínicas _que tem 2.050 servidores_ decidiram manter a paralisação por tempo indeterminado. Eles ainda não receberam o salário de setembro.

Ceará

A Maternidade Escola Assis Chateaubriand, da UFC (Universidade Federal do Ceará), maior do Ceará especializada em partos de risco, também está encaminhando os partos para outros hospitais. Normalmente, são realizados 700 partos por mês no local. Com a greve, não chega a 300 o número de partos e a tendência é diminuir ainda mais.

Entre os hospitais que estão recebendo pacientes da maternidade está o Hospital César Cals, mantido pelo governo do Estado. Mensalmente, o hospital realiza 600 partos, mas, por causa da greve, a demanda aumentou e estão sendo realizados cerca de 750 partos ao mês.

A UTI neo-natal, que antes abrigava 60 bebês, hoje está superlotada, com 18 berços a mais. Na Maternidade Escola, nenhum dos mil funcionários recebeu o salário hoje, inclusive os 23 residentes, que já haviam decretado o fim da greve da categoria, e os diretores.

A procura pelo atendimento na Maternidade Escola caiu muito, já que os próprios pacientes evitam o hospital por causa da greve. Hoje à tarde, apenas uma mulher esperava na sala de partos para ter seu filho.

A coordenação da greve no Ceará informou ontem que existe a possibilidade de fechar completamente a Maternidade Escola.

Recife

Os servidores do Hospital das Clínicas, ligados à UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), decidiram manter a greve iniciada em agosto, apesar de terem recebido os salários hoje.

Os funcionários da instituição acompanharam a decisão dos demais servidores das universidades federais no Estado, que, em assembléia, se recusaram a retornar ao trabalho.

Segundo a coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais de Pernambuco, Kátia Telles, há possibilidade de, na próxima semana, os grevistas promoverem manifestações no hospital. (RONALDO SOARES, KAMILA FERNANDES E FÁBIO GUIBU)

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