Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/10/2001 - 10h50

Resumão/português - Gramática tradicional e lingüística

THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
especial para a Folha de S.Paulo

"Compra-se livros usados." "Comprei o livro, mas ainda não li." Do ponto de vista da gramática tradicional, que é prescritiva, as frases acima estão erradas. Mas o fato é que estamos diante de exemplos de construções realizadas dia a dia por um número muito vasto de falantes distribuídos entre os vários estratos da sociedade. Assim, parece insuficiente dizer que a "norma culta" usa o que chamamos de "certo" e que o resto é linguagem coloquial, oral, descuidada.

O suposto descuido da linguagem oral, na verdade, não passa de mito -toda linguagem organizada possui uma gramática. A lingüística tem-se debruçado sobre os fenômenos da produção oral e escrita e observado com método científico a regularidade de certas formulações reprovadas pela gramática tradicional.

É comum que se atribuam os desvios da "norma padrão" ao desconhecimento da forma "correta" -a algum grau de ignorância, portanto. Mas a observação da natureza de alguns desses "erros" pode trazer surpresas. Por que o falante diz "Compra-se livros usados" em vez de "Compram-se livros usados"? Ele quer dizer que alguém compra livros usados, desprezando o sentido pretensamente passivo da construção, que equivaleria a "Livros usados são comprados". A intenção do falante ao empregar o "se" foi indeterminar o sujeito, não apassivá-lo.

Mas a gramática tradicional não admite que um verbo transitivo direto tenha a indeterminação de sujeito marcada pelo "se". Ao usarem o "se" com esse valor, os falantes não levam em conta a transitividade do verbo -antes privilegiam os aspectos semântico e pragmático da linguagem. Quem está certo? O tema vale uma boa discussão.

Em "Comprei o livro, mas ainda não li", a tradição vê "erro" e faz a "correção": "Comprei o livro, mas ainda não o li". A explicação para isso é que o pronome "o", que retoma o substantivo "livro", é o objeto direto de "ler", portanto necessário à estrutura da frase. O seu apagamento, entretanto, não compromete o enunciado, parece apenas visar a uma maior economia.

Esse debate vem-se ampliando e impregnando as provas de língua portuguesa dos principais vestibulares do país.

-------------------------------------------------------------------
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha e apresentadora das aulas de gramática do programa "Vestibulando", da TV Cultura

Fovest - 11.out.2001

  • Tipos de prova são diferentes nos principais vestibulares

  • Conteúdo dos exames é semelhante

  • Prestar mais de um concurso traz tranqüilidade

  • Vunesp realiza vestibular da Unifesp pela primeira vez

  • Conheça vestibulares das universidades paulistas


  • RESUMÃO
  • Atualidades

  • Química

  • Geografia

  • Matemática

  • História


  • PROFISSÕES

  • Arquiteto faz mais do que casas

  • Conheça algumas áreas de atuação do arquiteto


  • PROGRAMA
  • Universidade aberta

  • Bolsas de estudo

  • Senac promove palestras e visitas monitoradas
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página