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22/10/2001 - 16h11

Alunos visitam centro de reabilitação para aprender sobre drogas

DÉBORA YURI
da Revista da Folha

"Uma visita ao centro de dependentes químicos em Mairiporã: lá eu vi mulheres que são ajudadas a se livrar do vício que as drogas causam ao organismo humano. Ouvi uma história de uma dependente que, com apenas sete anos, começou a se alcoolizar e a usar cocaína e outras drogas pesadas (...) chegando ao ponto de matar uma pessoa. Atualmente, ela tem 17 anos e busca ajuda para se livrar desse pesadelo em sua vida. Essa foi a história que mais me marcou, me ensinando que as drogas fazem a pessoa perder toda a razão, a alegria, saúde, juventude e vontade de viver."

O texto acima foi escrito por uma aluna de dez anos do colégio Poeta Drummond, que implantou há quatro anos um projeto de prevenção às drogas. Seja com palestras ou leituras, muitas escolas já estão levando esse tema controverso às classes. O Drummond foi além: criou dois centros de apoio a dependentes químicos e alcoólatras, ambos fora da unidade escolar e projetados com a ajuda dos estudantes.

Aberto há três anos, o centro masculino fica em São Pedro e hoje atende 40 pessoas; o feminino, em Mairiporã, começou a funcionar há três meses e tem 12 pacientes. Os alunos voluntários, que querem visitar as clínicas, podem ir, sempre em turmas e acompanhados por uma psicóloga e monitores. É obrigatório, nesses casos, receber autorização dos pais.

Lá, eles assistem a palestras e ouvem relatos de dependentes em recuperação. Depois, discutem as experiências que vivenciaram e escrevem relatórios ou composições. As visitas são mensais. "É impressionante como eles absorvem informações desse jeito. Essas conversas ensinam mais do que todas as palestras com profissionais juntas", diz David Ferreira Neto, 40, presidente do colégio.

"Esse método de prevenção é útil quando o aluno demonstra interesse em ver de perto essa outra realidade", explica Annelise Scappaticci, 38, psicóloga de crianças e adolescentes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "Mas é preciso cercá-los de um forte apoio pedagógico, no sentido de fornecer as orientações necessárias", completa a especialista.

Alunos de 5ª série ao ensino médio podem integrar o projeto. "Centramos os esforços principalmente nos primeiros, porque é nessa faixa etária, dos 9 aos 14 anos, que eles criam os primeiros interesses pela droga", continua Ferreira. O centro masculino fica num sítio que ele não usa mais e o feminino, em sua antiga casa.

A psicóloga Rosângela Bernardes Augusto, 41, que faz o acompanhamento dos alunos, diz que o projeto é bom pois estimula tanto a prevenção quanto o exercício de cidadania. "Essa vivência do concreto, da vida real, faz com que os alunos ajudem a quem precisa e recebam boas noções do estrago que a droga faz", afirma.

Ferreira faz uma comparação para mostrar que o projeto é bom para os dois lados envolvidos. "As estatísticas mostram que, de cada dez dependentes que entram numa clínica de recuperação, apenas um termina o processo. Aqui, nove terminam", diz o diretor. "Alunos e dependentes querem ser tratados do mesmo jeito: com honestidade, amor e muita clareza."

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