Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/11/2001 - 09h47

Apesar da crise, universidades federais abrem mais vagas

ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio

Apesar da crise, evidenciada pela greve de 104 dias de 1998 e pela atual, que já dura 87 dias, as universidades federais estão conseguindo aumentar significativamente o número de alunos.

Dados do último censo de ensino superior do MEC, que serão divulgados nesta semana, mostram que, de 1998 a 2000, houve crescimento de 18% nas matrículas de estudantes em instituições federais de ensino superior.

Em 1998, o número de alunos era de 408.540. No ano seguinte, aumentou para 442.562. Em 2000, foi para 482.750, crescimento de 9,1% em relação ao ano anterior.

O crescimento no número de alunos aconteceu sem ter havido aumento proporcional no total de professores. Em 1999, havia 9,5 estudantes para cada docente em exercício nas federais. Em 2000, essa relação aumentou para 11.

Apesar do aumento, a relação continua inferior à encontrada em universidades públicas de ponta como a USP, onde há um professor para 13,2 alunos.

Além de aumentar significativamente o número de estudantes, as federais aparecem com destaque em estatísticas de qualidade do ensino superior do Brasil.

No provão de 2000, por exemplo, a porcentagem de conceitos A ou B -os melhores- nas federais foi de 58%, índice superior ao encontrado nas instituições estaduais (36,7%), municipais (19,6%) e privadas (20,1%).

"Os dados são positivos e os resultados mostram que essa expansão acontece sem perda de qualidade. No entanto ainda é possível ampliar as vagas. A UnB (Universidade de Brasília) tem uma relação de 15,8 alunos por professor. A UFMG, outra universidade de ponta, tem relação de 13,1. A média das federais, que é de 11, ainda pode melhorar", diz Maria Helena Castro, secretária de Ensino Superior do MEC.

O presidente da Andifes (entidade que representa os reitores de universidades federais), Carlos Antunes dos Santos, tem discurso diferente: "O orçamento das universidades federais caiu nos últimos anos, se levarmos em conta a inflação. Isso mostra que a universidade federal consegue se superar, apesar das dificuldades. No momento, há um déficit de 6.000 professores. Para ampliar mais, será preciso contratar".

Os dados do conjunto das federais, no entanto, não refletem a diversidade da rede de ensino superior presente em todos os Estados.
Num extremo do país, a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) comemora os 14 conceitos "A" entre 18 cursos avaliados e já planeja chegar ao índice de 100% de professores com titulação de mestre ou doutor.

A UFPA (Universidade Federal do Pará), no outro extremo, teve apenas um conceito "A" entre os 31 cursos avaliados e acaba dependendo somente dela para formar seus mestres e doutores, já que é a única a oferecer mestrado e doutorado no Estado.

Outro exemplo da diversidade é a comparação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com a UFPI (Universidade Federal do Piauí). Enquanto a UFMG inicia um projeto de construção de novos prédios, com verbas próprias e financiamentos, a UFPI há muito tempo se conformou com as sedes provisórias da reitoria e de alguns cursos, construídas em 71, que viraram definitivas.

Apesar das diferenças, é quase unânime a afirmação, por parte dos reitores e associações de professores, de que é necessária a contratação de mais docentes.

Segundo Maria Helena, o MEC vem fazendo um esforço para diminuir as desigualdades regionais e melhorar a infra-estrutura dos cursos, principalmente no Norte e Nordeste. "Já neste ano começam a chegar equipamentos comprados pelo programa de modernização das universidades."

Outro ponto que une os discursos dos dirigentes universitários é a constatação de que o ensino superior público só se mantém hoje graças ao investimento feito em meados da década de 60, época do regime militar no Brasil.

"A expansão com qualidade do ensino nas universidades federais foi possível porque houve, há 30 anos, um investimento em infra-estrutura e qualificação. Estamos colhendo hoje frutos dos tempos daquele regime (militar), que, do ponto de vista político, eram difíceis e vergonhosos", afirma a reitora da federal do Rio Grande do Sul, Wrana Maria Panizzi.

Jarbas Passarinho, ministro da Educação de 69 a 74, diz que o investimento do regime nas universidades deu prioridade aos cursos mais procurados. "A prioridade foi criar vagas para cursos mais desejados, como engenharia, química, medicina e ciências exatas, em consequência do desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, ampliamos as vagas para pós-graduação, visando a formação do magistério qualificado."

Leia mais

  • RS expande seus cursos de pós

  • No PI, reitoria fica em sede improvisada

  • UFMG é modelo na captação de recursos

  • Qualificação de docente é problema no PA

  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página