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06/02/2002 - 19h23

Reunião entre governo e grevistas mantém impasse no PR

MARI TORTATO, da Agência Folha
CRISTINA AMORIM, da Folha Online

Representantes das três universidades estaduais do Paraná em greve há 143 dias reuniram-se hoje com o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ramiro Wahrhaftig, para mais uma rodada de negociações, mas o resultado foi inócuo.

O governo reafirmou sua posição e só vai apresentar uma proposta no início das atividades da Assembléia Legislativa, no dia 18, pela qual prevê o repasse de um percentual do ICMS para as universidades.

O comando de greve, no entanto, acha a questão um "retrocesso, pois não fazia parte da pauta de negociações", como afirmou o presidente do Sinteoeste (sindicato dos trabalhadores da Unioeste), Luiz Fernando Reis.

Professores e funcionários da UEL (Londrina), UEM (Maringá) e Unioeste (Oeste do Paraná) reivindicam reposição salarial de 30%. O governo se declara impedido de atender. Um aumento, segundo o secretário, estoura o comprometimento da arrecadação com gastos com pessoal. "E o governo incorreria nas penas da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal)."

Um professor iniciante ganha R$ 800. Os 1.063 doutores - do quadro de 4.981 professores do sistema universitário -, estão na faixa de R$ 3,8 mil ao mês. O ensino gratuito a 57,2 mil alunos das seis instituições terá orçamento de R$ 352 milhões, este ano. Em 2001, ficou em torno de R$ 300 milhões.

Conseqüências
A paralisação afeta cerca de 35 mil alunos desde setembro. Além de "matar" o semestre, a greve inviabilizou os vestibulares de UEL e UEM. Impediu ainda a formatura de cerca de 4.000 alunos e comprometeu o atendimento médico nos hospitais universitários e de clínicas de Londrina e Maringá. Só o Hospital de Clínicas da UEL responde por 2.000 consultas diárias à população carente.

O promotor público Bruno Galatti, de Londrina, conseguiu numa ação civil que médicos voltassem a garantir atendimento da população nos hospitais.

O Ministério Público Federal também exigiu do reitor Pedro Gordan, funcionamento de 70% da UEL. Os 15 mil alunos do campus continuam parados.

Ontem, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) teria ligado de Maringá para o governador Jaime Lerner (PFL) propondo a retomada do diálogo. Em campanha por votos de delegados petistas nas prévias do partido à sucessão presidencial, Suplicy participava de assembléia na UEM. Lerner só antecipou perdão a professores punidos numa greve de 2000.

Wahrhaftig diz que a greve "é inútil e está esvaziada." Ele afirma que 70% dos funcionários e professores já voltaram ao trabalho ou estão de férias. A recuperação do semestre perdido, porém, é uma incógnita. "Esse é um problema que reitores e grevistas vão ter de resolver depois."

"Como não tem nada de concreto a oferecer, o governo se atém à política do contra-ataque", afirma a presidente do sindicato da categoria de Maringá, Ana Estela Codato Silva. A defasagem vem de cinco anos, segundo Ana.

O governo sinaliza com um plano de reestruturação salarial para 2002 e repasse de parcela da arrecadação do Estado para as instituições.

Revolta
Para a formanda de medicina da UEM, Lia Yoneka Toda, 24. "essa greve é revoltante". "O que estamos vendo é que nenhum lado quer ceder."

Lia integra uma turma de 22 alunos que colou grau na sexta-feira. A formatura foi garantida por uma decisão judicial. O certificado registra as condições da formatura. "Depois de seis anos de estudos, passamos pela ameaça de perder vagas para residência", protesta.

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