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18/04/2002 - 11h55

Globalização amplia mercado de trabalho para tradutor e intérprete

FÁBIO PORTO SILVA
da Folha de S.Paulo

Se o avanço das telecomunicações e o aumento do intercâmbio cultural fizeram com que hoje as pessoas tivessem mais conhecimento em idiomas estrangeiros do que no passado, o serviço de tradutor tem mais demanda justamente pelo aumento da circulação de informações pelo mundo, resultado da globalização.

"Não só o inglês, mas também outros idiomas, se difundiram muito", afirma Francisco Gilberto Labate, presidente da Atpiesp (Associação Profissional dos Tradutores Públicos e Intérpretes Comerciais do Estado de São Paulo).

A atividade hoje é dividida entre as traduções orais, atribuição do intérprete, e as de texto. Na tradução oral, há a chamada tradução simultânea, ou a interpretação de conferências, em que a tradução do palestrante é feita em tempo real. Outra possibilidade é a tradução consecutiva, intercalada com a fala. "Essa é uma habilidade que requer condições psicológicas específicas. A pessoa trabalha em tempo real e tem que ter técnicas de anotação e recursos de memória bem desenvolvidos", afirma João Azenha Júnior, diretor do Citrat (Centro de Tradução e Terminologia) da USP (Universidade de São Paulo) e tradutor de mais de 30 livros, entre eles o best-seller "O Mundo de Sofia".

Entre as atribuições mais bem pagas do tradutor estão as traduções simultâneas, de textos técnicos, de softwares e a tradução juramentada. Em média, a remuneração é de R$ 5.000 mensais.

Regulamentação

Hoje não é necessário ter graduação em tradução e interpretação para poder exercer a profissão. O Sintra (Sindicato Nacional dos Tradutores) quer tentar regulamentar a profissão, com a proposta da obrigatoriedade da graduação em línguas. Um dos objetivos, segundo o presidente, Guilherme Abrahão, é impor o pagamento de direitos autorais também aos tradutores.

"Prefiro contratar um médico e formá-lo como tradutor a contratar um tradutor e formá-lo como tradutor de medicina", diz Fuad Azzam, tradutor público, técnico e proprietário da Intercom Traduções Técnicas, empresa especializada em traduções para engenharia e medicina. Na sua empresa, há médicos e engenheiros, mas ninguém formado em tradução.

Segundo José Rubens Jardilino, diretor do departamento de educação da Uninove (Centro Universitário Nove de Julho), o curso de tradutor e intérprete tem-se adequado às demandas do mercado nos últimos anos. "Essa idéia dos cursos serem destinados a área literária está mudando."

A professora Cláudia Xatara, coordenadora do curso de graduação de tradutor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), do campus de São José do Rio Preto (SP), acredita que dominar um idioma não é suficiente para exercer a profissão. "A tradução é uma criação, cujas frases e construções têm significados."

Para Azenha, o curso de graduação só é eficaz se o aluno ingressar com bons conhecimentos da língua estrangeira, pois acredita ser impossível desenvolver a habilidade de tradução simultaneamente à da aquisição da língua. "A pessoa pode ter vasto conhecimento técnico da área e do idioma e fazer um texto ininteligível em português."

A tradutora Maria Luiza Borges, indicada para o prêmio Jabuti deste ano pela tradução de "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Caroll, é formada em psicologia e nunca fez curso de tradução. Ela já traduziu cerca de 50 livros. "É comum a pessoa não saber falar ou escrever bem no idioma estrangeiro e fazer boas traduções. O fundamental é o português e é onde a maioria dos livros traduzidos pecam."

Leia mais:

  • Tradução juramentada pode dar boa remuneração na área

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