Equilíbrio
18/12/2001 - 21h01

Simpatia e superstição dominam imaginário popular no Réveillon

Publicidade

da Folha Online

Que atire a primeira pedra aquele que não tem superstição ou que nunca fez uma simpatia para garantir um bom Ano Novo. No Réveillon, é raro ver alguém que prefira o preto ao branco ou que coma aves em vez de porco ou de peixe.

E, para dar adeus às tristezas do ano que se encerra, vale tudo. Se as superstições e simpatias não ajudarem, atrapalhar também não vão.

A advogada Maria Eugenia Sahagoff, autora de "Feliz Ano-Novo! Faça Tudo Para Consegui-lo", da Editora Cultrix, destaca as roupas, a alimentação e os rituais como principais responsáveis por um ano cheio de felicidade, amor e dinheiro.

Veja algumas dicas:

Roupas:
Vestir uma peça de roupa nova é um hábito tanto de ocidentais quanto de orientais. Pelo menos a roupa íntima, por estar mais próxima do corpo, deve ser nova. Acredita-se que quem esse hábito traga sorte e alegria.

Na Malásia, as roupas devem ser novas dos pés à cabeça. Se a pessoa tiver condições de comprar itens novos apenas uma vez por ano, isto deve acontecer no Ano Novo.

A escolha das cores depende dos objetivos para o próximo ano. As três mais comuns são o vermelho, o branco e o amarelo. O rosa e o verde também são usados, mas em menor proporção.

Por simbolizar o sangue, a energia e o fogo, o vermelho é usado para atrair força, vitalidade e agilidade. Esta cor é também, por excelência, símbolo do amor e da paixão.

O amarelo, assim como o vermelho, representa o amor quando associado à luz. Simboliza também a auto-confiança e o amor próprio. Como o ouro é amarelo, sob a ótica religiosa essa cor está entre o divino e o profano.

O branco é indiscutivelmente a cor divina, da paz. Para os budistas, representa o auto-domínio, e na mitologia grega, o Deus Pã -início da vida. Sempre ligada à idéia de pureza e integridade, o branco é usado no Ano Novo para "iluminar" os caminhos, tornar as coisas mais fáceis e atrair paz.

Comidas:
Seja qual for a comemoração, os alimentos estão sempre presentes e variam de acordo com a ocasião. Alguns são consumidos para atrair riqueza ou amor. Outros são evitados por serem associados à idéia de azar.

Entre as carnes, as mais indicadas são o carneiro, o ganso, o leitão e os peixes. Por sua capacidade de gerar muitos filhotes, o porco simboliza a prosperidade. Na Europa, como o Ano Novo coincide com o inverno, esse alimento é consumido por ser altamente energético.

O peixe, além de saudável e pouco calórico, é considerado um portador de boa sorte. Como vive na água, sua imagem é ligada à idéia de purificação. Devido ao grande número de ovas que produz, seu consumo também lembra a idéia de fecundidade e abundância. Representa ainda a união da família, já que não é um animal solitário.

Os chineses, por exemplo, nunca comem o peixe inteiro no Ano Novo. A sobra representa a abundância do ano seguinte. Na Letônia e na Rússia, as escamas maiores e mais bonitas são dadas aos amigos e familiares para trazer sorte.

O carneiro simboliza a primavera e traz consigo a idéia de reinicio da vida. Muitas pessoas consumem sua carne para terem vitalidade e alcançarem sonhos e objetivos.

O consumo do ganso, associado à fecundidade, tem origem na Rússia. Simboliza também a fidelidade conjugal. Os povos da África sacrificam o ganso e fazem uma oferta religiosa para garantir um bom ano.

Para os supersticiosos, o consumo de peru, galinha, siri e caranguejo é terminantemente proibido. De acordo com a crença popular, a vida de quem come a carne desses animais no Ano Novo tende a "andar para trás".

As frutas têm grande importância na ceia de Réveillon. As que têm muitos caroços são as preferidas -a romã, a uva e a maçã- por significarem abundância.

O arroz está presente nas mesas de quase todos os países. Sua cor representa a divindade. O consumo desse alimento ainda simboliza riqueza, abundância e fertilidade.

Quem quer atrair riqueza não pode deixar de consumir lentilha. Evoca a morte e o renascimento do grão, que quando enterrado renasce multiplicado. No Chile e na Venezuela, pratos à base de lentilha são consumidos no primeiro minuto do ano.

Por sua cor e disposição circular de suas folhas, a acelga e o alho poró são boas opções para as saladas. Simbolizam a continuidade da vida e a evolução positiva.

Rituais:
Associada à origem da criação, a água está presente nos rituais de quase todos os países. É também o elemento que remove as impureza -não é à toa que quase todas as pessoas que passam o Réveillon na praia entram no mar à meia-noite.

No dia 31, os letos vão para a sauna num ritual de limpeza para o Ano Novo. Molham galhos de bétula na água e passam na pele para que o óleo perfumado das folhas exale seu odor. Em Portugal, mesmo com baixas temperaturas, grupos entram no mar para tomar o primeiro banho do ano e atrair boa sorte.

Aqui no Brasil, para resolver as questões amorosas, toma-se banho com champanhe e pétalas de rosas vermelhas. Na Bahia, flores brancas, perfumes e colares são jogados ao mar para Iemanjá. Outro hábito é pular as sete ondas, fazendo um pedido a cada salto. Um costume baiano bastante difundido é o banho de sal grosso. No dia 31, mistura-se o sal em água quente e joga-se do pescoço para baixo, para limpar e proteger o corpo contra o mal.

Além da água, o fogo é outro elemento importante no Ano Novo. Sua maior expressão são os fogos de artifício, cujo barulho produzido "espantam" os maus espíritos. As velas são usadas para iluminar os caminhos. Em alguns países, velas ou luzes são acesas na casa inteira para impedir a entrada de maus espíritos.

Leia mais notícias sobre Réveillon

 

FolhaShop

Digite produto
ou marca