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Sintomas da gripe
podem ser alarme falso


ADRIANA RESENDE
da Folha Online

Atchim! Espirros, tosse, coriza, febre. Se você está com esses sintomas, pode estar gripado. Isso mesmo: pode. Mas nem sempre esses sinais de alerta representam uma gripe de verdade.

A gripe, por definição, é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza. Outros tipos de vírus, e até mesmo bactérias, podem provocar outros problemas, como resfriados, rinite ou pneumonia.

Há três tipos de vírus influenza, classificados como A, B e C, e cada um deles produz variantes. Essas variantes surgem a partir da modificação de algumas substâncias existentes nas proteínas do vírus. Os organismos do tipo A sofrem mutações a cada dois ou três anos, enquanto os do tipo B se modificam num período que varia entre cinco e seis anos. O influenza C é o único tipo que não oferece grandes danos à saúde humana.

Quanto mais a idade avança, maior é o risco de uma gripe trazer complicações. Segundo o médico Eduardo Forléo, 36, diretor-médico do Projeto VigiGripe, isso ocorre porque o mecanismo de defesa de pessoas acima de 60 anos é mais comprometido que o de um adulto sadio. "Até em idosos que tomaram a vacina, a resposta é menor", diz Forléo. Ele acrescenta que essas pessoas são mais suscetíveis a problemas como bronquite, enfisema, asma e insuficiências cardíacas.

O VigiGripe é o principal projeto do VigiVírus, grupo privado de vigilância epidemiológica da gripe, realizado em parceria com o Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e o Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo. O VigiGripe estuda casos em conjunto com o governo do Estado de São Paulo e com órgãos municipais de cidades do Sul, Sudeste e Nordeste.

Campanhas Nacionais de Vacinação

No ano passado, o Ministério da Saúde realizou a primeira edição da Campanha Nacional de Vacinação do Idoso. Foram imunizadas cerca de 6,5 milhões de pessoas. Neste ano, entre 24 de abril e 5 de maio, foram vacinadas mais de 9,2 milhões de pessoas. A meta da Funasa (Fundação Nacional da Saúde), órgão executivo do ministério, era de 9 milhões.

Segundo Jarbas Barbosa, 43, diretor do Cenepi (Centro Nacional de Epidemiologia), é possível perceber uma redução nas internações hospitalares de idosos por complicações da gripe. "Em relação a 98, os estudos do Cenepi mostram um índice de internações 30% menor no ano passado. E essa redução é mais significativa em regiões onde o inverno é mais acentuado, como o Sul e o Sudeste."

Ele ressalta, porém, que um ano é um período pequeno para comprovar a melhora no quadro da saúde do idoso. As pesquisas sobre a campanha deste ano serão concluídas em novembro. A metodologia usada pelo Cenepi, segundo ele, é a mesma do Ministério da Saúde da Inglaterra.

A satisfação com a vacina, porém, não é unânime. Tem gente que reclama que "a vacina causa gripe". É o caso do engenheiro agrônomo José Barbosa Netto, 63, que foi imunizado pela primeira vez na campanha de 2000.

"Tive febre de 38 graus e muita dor no corpo. Durou uns dois ou três dias, parece que foi reação. Mas não considero o efeito da vacina totalmente negativo, porque nos anos anteriores eu tinha mais sintomas, até dor de garganta", lembra.

Outros dizem que, embora não tenham tido reações, sentiram-se mal depois que já havia passado o período de 15 dias que a vacina leva para fazer efeito no organismo. A professora aposentada Olinda Guglielmetti Coronado, 71, diz que em 99, depois de tomar a vacina, teve apenas "gripinhas fraquinhas". Neste ano, não tive reação seguida, mas no fim de maio, um mês depois, tive um problema que nunca tinha acontecido antes: broncoespasmo, acompanhado de tosse e febre de 38 graus."

Ela conta que os espasmos só passaram duas semanas depois e que o médico associou ao remédio que tomava para combater a hipertensão. "Mas eu já tomava o betabloqueador no ano passado. E o pneumologista até hoje não diagnosticou se era só gripe mesmo."

Já a auxiliar de enfermagem Maria Aparecida Baldo Carvalho dos Santos, 49, conta que teve uma impressão positiva da vacina contra a gripe. "Cidinha" cuida de 28 internos do Lar Esperança, entidade filantrópica de Jardinópolis, no interior de São Paulo, que atende pessoas a partir de 60 anos. Segundo ela, em 99, quase todos tiveram gripe. Neste ano, em que foram vacinados pela primeira vez, os sintomas atingiram apenas cinco ou seis pessoas, e de forma mais leve, sem febre ou perda de apetite.

Reações

Eduardo Forléo, do VigiGripe, diz que não é possível ficar gripado devido à dose da vacina. "A pessoa já deve estar com outra doença respiratória." Ele salienta, no entanto, que a vacina, por si só, não diminui a circulação do vírus da gripe.

"É por isso que, nos EUA, já se recomenda a aplicação da vacina a partir dos 50 anos. E no Brasil, a idade mínima caiu de 65 para 60 anos", explica. Ele ressalta, ainda, que os custos de tratamento de complicações da gripe são reduzidos a partir da prevenção.

Nas primeiras 24 horas, a vacina pode provocar aumento de temperatura, mas a porcentagem de pessoas que têm febre acima de 38 graus é de 1%. Vermelhidão e dor no local são sintomas percebidos por 15% dos vacinados.

Recomendações e contra-indicações

A vacina contra a gripe é recomendada pelo Ministério da Saúde principalmente para quem tem 60 anos ou mais, mas, na opinião do diretor-médico do VigiGripe, pode ser tomada até mesmo por crianças a partir de seis meses de idade, conforme recomendação médica.

Mulheres grávidas, entretanto, devem tomar algumas precauções. Nos primeiros três meses, o uso é contra-indicado. No período restante da gravidez, a aplicação é aconselhável caso seja o período de maior circulação do vírus. No Brasil, essa fase corresponde aos meses de junho, julho e agosto, os mais frios do ano.

A gripe, segundo Forléo, pode causar parto prematuro. Há também a possibilidade de afetar o sistema nervoso e o coração, mas informa que esses casos são raros.

Você sabia?

Vírus da gripe enfileirados ocupam 1 cm. O vírus mede cerca de 100 bilionésimos de metro.

70% a 95% dos indivíduos vacinados apresentam níveis protetores de anticorpos contra o vírus da gripe.




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