Frio
aquece desejo
de solidariedade
KARINA MIOTTO
free-lance para a Folha Online
Há quem diga que não, mas é verdade: o frio
mexe com a consciência humana. Por que um forte sentimento
de solidariedade faz com que muitas pessoas abram mão de
algumas horas com o cobertor e o chocolate quente em suas casas
e arregacem as mangas para ajudar aos menos favorecidos? Os benefícios
físicos e espirituais que se tem com essa ação
tornam a vida mais saudável. Você já parou para
pensar nisso?
De
acordo com Armando Rocha Júnior, 43, diretor da Faculdade
de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São
Paulo, o desejo de ajudar pode vir, por um lado, do sentimento de
culpa. "Ao refletirem sobre essa situação de
flagelo, as pessoas comparam o conforto que possuem à situação
de vida dos menos favorecidos." Outra razão, segundo
ele, é a vontade natural de fazer algo para aliviar o sofrimento
alheio.
O Brasil
não sofre com terremotos e vulcões como outros países.
Mas, quando acontece alguma tragédia, a tendência é
vir à tona o sentimento do todo. Quem explica isso é
a psicoterapeuta corporal Maria Misrahi, 54. Para ela, quando não
há catástrofes, as pessoas ficam mais voltadas a si
mesmas, e predomina o sentimento do egoísmo.
Mas
de acordo com a psicoterapeuta, quando aparecem as grandes dificuldades,
"a consciência retorna e o sofrimento abre as nossas
raízes mais profundas".
Dever cumprido
O desejo de se melhorar como pessoa ou o incentivo da religião
também podem provocar o ato de cooperação.
"Quando uma pessoa ajuda a outra, ela imediatamente se distancia
de seus problemas, porque observa que a dificuldade do outro é
maior que a sua", afirma a secretária do Programa de
Estudos Pós-Graduados em Psicologia da Educação
da PUC-SP, Irene Vaz Ambrosio, 50. Ela explica que assim a pessoa
se torna menos nervosa e irritada com suas dificuldades pessoais,
que serão resolvidas mais facilmente.
Há
ainda o sentimento de utilidade. Sentir-se útil perante a
sociedade pode revigorar os ânimos e acalmar. "Quando
ajudo essas pessoas, deito em minha cama com a sensação
da paz e do dever cumprido", afirma Irene, que distribui toda
semana roupas e comida aos moradores de rua, ao lado ao marido.
"Quando
você ajuda o próximo com o coração puro,
você está praticando um exercício e uma expressão
de amor em última instância", afirma o psicoterapeuta
Marco Spivack, 37.
O professor
Armando Rocha Júnior, da universidade Mackenzie, afirma que
diminuir a dor de alguém faz bem ao homem, pois o sofrimento
não é próprio da natureza humana. "Os
benefícios adquiridos ao ajudar traduzem-se em um conforto
interno intenso e imensurável. É um enorme para nós
mesmos."
Saiba
onde você pode ajudar:
Centro
de Voluntariado de São Paulo
Tel. : 0/xx/11/284-7171 e 0/xx/11/288-9056.
Lar
São Francisco de Assis
Endereço: r. Ucaiarí, 58 - Alto da Lapa
CEP
05468-030
São
Paulo
(SP)
AACD
Associação de Assistência à
Criança Defeituosa
Tel. : 0/xx/11/576-0777
São
Paulo
(SP)
Sociedade
para a Reabilitação e Reintegração do
Incapacitado
(Sorri-Bauru).
São Paulo (SP)
Tel. : 0/xx/14/230-3677.
E-mail:
sorribauru@sorri.com.br
Aldeias
Infantis SOS Brasil
Tel. : 0/xx/21/ 537-1431
Rio
de Janeiro (RJ)
Centro
de Promoção Humana de Telêmaco Borba
Tel. : 0/xx/42/272-3221
Telêmaco
Borba (PR)
Dispensário
Santana
Tel. : 0/xx/75/223-1479
Feira
de Santana (BA)
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