Dieta isolada não resolve: segredo é saber balancear os alimentos
JORGE
BLAT
Da Folha Online
A maioria
das dietas cumpre o que promete: reduzir o seu peso. Você
fica feliz, satisfaz a sua vaidade, mas o preço a ser pago
pela saúde de seu corpo pode ser alto a médio ou longo
prazos.
Quantas
pessoas após o fim do regime voltaram a ganhar aqueles quilos
perdidos com sacrifício? E, em alguns casos, passaram a pesar
mais do que antes da dieta?
De
acordo com especialistas, o pior das dietas é que elas não
ensinam a comer. A principal deficiência que causam é
a ausência de alguns nutrientes.
A dieta
da moda mais recente é a do cardiologista americano Robert
Atkins, que libera o consumo de gorduras e proteínas e corta
os carboidratos e açúcares. Mas críticos alertam
os seguidores: o nível do colesterol pode subir, e doenças
cardíacas, aparecerem.
A pressão
social por se manter "em forma" atinge principalmente
as mulheres, que, em muitos casos, preocupam-se demais com as calorias
que vão ingerir e fazem "vistas grossas" à
importância do restante dos nutrientes dos alimentos, os carboidratos,
as proteínas, os glicídios, as vitaminas e os sais
minerais.
Nenhuma
dessas dietas faz com que os indivíduos percam o peso de
forma saudável. Uma perda rápida de calorias não
só elimina a gordura, mas também a massa magra, que
compõe o tecido muscular. Para que isso não ocorra,
a redução precisa acontecer de forma gradual.
Alguns
desses regimes alimentares podem até causar a morte, como
a dieta chamada de "Last Chance" (Última Chance),
desenvolvida nos EUA, rica em proteínas mas pobre em calorias.
Adotada por muito tempo, pode provocar arritmia (alteração
dos batimentos cardíacos) ou parada cardíaca.
O aumento
do colesterol, dos níveis de ácido úrico e
a queda de pressão são alguns dos outros males provocados
pela ausência de nutrientes na composição dessas
dietas "mágicas". A pedagoga Inês Biazzi
foi uma das vítimas das dietas. Há dois anos, quando
seguia a Dieta da USP para emagrecer, sua taxa de colesterol subiu.
Dieta
equilibrada
Quem
deseja emagrecer com corpo saudável deve comer de tudo, em
quantidades balanceadas e praticar atividades físicas. Para
saber se a sua alimentação está correta, controle
as quantidades: os carboidratos devem representar 60% das calorias
ingeridas, as proteínas, 15%, e as gorduras, 25%. No item
gorduras, prefira as não saturadas, como o azeite vegetal,
nozes e castanhas.
Uma
dieta equilibrada deve conter: de seis a onze porções
de cereais e derivados; de três a cinco de vegetais; de dois
a quatro de frutas; de dois a três de carnes e derivados,
incluindo leguminosas; de dois a três de leite e derivados;
açúcares e gorduras com moderação; com
calorias adequadas para a perda de peso de cerca de 1 kg a 1,5 kg
por semana, é aquela que tem sido indicada como mais saudável
e de melhores resultados.
Antes
de mais nada, porém, um médico ou nutricionista, ou
até os dois, devem ser consultados. Uma prévia avaliação
individualizada é importante. Cada organismo tem necessidades
e carências alimentares distintas, o que requer um tratamento
diferenciado.
Fontes: Alfredo Halpern, chefe do grupo de
obesidade serviço de endocrinologia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo);
Silvia Cozzolino, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação
e Nutrição e docente da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (SP); Mônica
Inez Jorge, nutricionista do Departamento de Nutrição
da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São
Paulo (USP); Izilda Cannalonga Rossi, vice-presidente do Sindicato
dos Nutricionistas do Estado de São Paulo; Anna Beatriz Guimarães
Oliva, nutricionista da Clínica Alfredo Halpern.
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