Usuários de anabolizantes
ignoram limites
REINALDO CARUSO
da Folha Online
Paul Jones (AFP)
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Promessa do "corpo perfeito" |
Na Internet dá para se ter uma idéia do quanto o uso de esteróides anabolizantes é difundido entre fisiculturistas que querem um crescimento rápido e entre atletas que buscam a melhora da performance.
Fóruns de discussão permitem a troca de informações sobre canais de venda, e sites "especializados" dispõem até de bulas em versão integral (inclusive com as contra-indicações, que não são poucas).
Na maioria das vezes, as informações são distorcidas ou pouco confiáveis.
É comum o consumo dessas substâncias entre fisiculturistas que buscam "o corpo perfeito". Não são poucos os casos famosos de atletas de várias modalidades que, com elas, procuram melhorar o desempenho em competições.
Em 1997, o médico holandês Michel Karsten afirmou à revista americana "Sports Illustrated" ter receitado anabolizantes para centenas de atletas de alto nível, mesmo depois da adoção dos exames antidoping, 25 anos antes.
Com a morte do lutador cearense de jiu-jitsu Jean Mesquita, no dia 29 de julho último, veio à tona outra prática perigosa entre os adeptos do "culto ao corpo": o uso de vitaminas e anabolizantes para animais, ainda mais perigosos.
Mesquita morreu aos três minutos de luta, durante o 5º Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu, no Tijuca Tênis Clube, (zona norte do Rio de Janeiro). Ele teve uma parada cárdio-respiratória em decorrência do uso do complexo vitamínico Potenay, estimulante circulatório de uso veterinário.
Outras substâncias, inclusive anabolizantes para animais com venda no Brasil proibida pelo Ministério da Saúde, são conseguidas de forma irregular e ingeridas nas mesmas doses prescritas para os animais.
Em alguns países, esses produtos são vendidos apenas sob prescrição de um veterinário e para distribuidores fiscalizados, mas no Brasil o comércio é livre.
Qualquer anabolizante sintético é extremamente prejudicial à saúde. Os riscos não são desconhecidos pelos usuários, mas são simplesmente deixados de lado. Bom exemplo é o da fisiculturista Lúcia Helena de Jesus Gomes, morta em 1999, aos 33 anos. Ela foi vítima de hepatite medicamentosa, lesão no fígado irreversível e causada pelo uso contínuo de anabolizantes.
Fontes: José Alberto Pereira da Silva, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) de São Paulo, textos de referência e Internet
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