Parceria
entre pílula anticoncepcional
e cigarro é ameaça à
circulação sanguínea
ADRIANA
RESENDE
da Folha Online
Reuters
|
|
O
fumo, além de problemas ligados à capacidade respiratória
e à impotência masculina, pode formar um coquetel
explosivo se estiver relacionado ao uso de pílula anticoncepcional |
Atenção,
fumante desatenta! Se você fuma e usa anticoncepcional, está se arriscando
a problemas sérios do sistema vascular, que abrange o coração e as
veias e artérias de todo o corpo.
Por si só, cada um desses hábitos é um fator de risco à saúde da mulher.
Ao lado de doenças como hipertensão e diabetes, o fumo e as alterações
nos níveis de colesterol formam o chamado "quarteto mortal". Assim,
se dois desses fatores estão ligados, o risco de doenças vasculares
periféricas – varize, erisipela, tromboses, flebite e até mesmo o
AVC (acidente vascular cerebral), conhecido como derrame ou trombose
cerebral - aumenta na mesma proporção.
Só para citar alguns exemplos, o cigarro é responsável por 40% das
mortes de mulheres com menos de 65 anos. O risco de derrame é cerca
de 2% a 3% maior entre mulheres que usam anticoncepcionais do que
em não-usuárias, enquanto a incidência de varizes sofre um aumento
de 28% quando se trata de mulheres que usam pílulas anticoncepcionais.
O infarto, porém, não parece estar diretamente ligado a esses fatores.
Não há registros, nacionais ou internacionais, de pesquisas sobre
infarto provocado pelo uso conjunto de pílula e cigarro.
Como atua a pílula
A mulher é menos propensa a doenças vasculares que o homem. São os
hormônios femininos, o estrogênio e a progesterona, os responsáveis
por essa imunização. Quando o estrogênio está presente em níveis alterados,
forma-se um coágulo ou trombo nas vias arteriais, o que pode provocar
um aumento nos níveis de colesterol ruim (LDL), com redução do HDL,
o colesterol bom.
Mas não é qualquer anticoncepcional que pode representar um perigo.
Os anticoncepcionais orais (pílulas) são os mais nocivos, porque contêm
os dois tipos de hormônios. Os injetáveis só contêm progesterona.
O problema é mais frequente em mulheres acima dos 35 anos, por isso,
os anticoncepcionais são contra-indicados para essas pacientes. O
risco de doenças vasculares em mulheres fumantes pode aumentar entre
quatro e dez vezes em relação às não-fumantes.
Agravantes
O tempo é um fator importante. Quanto mais tempo uma fumante usa pílula,
maior é a chance de ocorrer problemas. Mas as mulheres jovens, entre
20 e 40 anos, são sérias candidatas a esses distúrbios, se forem ou
tiverem sido fumantes. As bulas dos medicamentos fazem esse alerta,
porém, o uso de anticoncepcionais sem receita médica pode fazer o
risco passar despercebido.
É importante ressaltar que, além do fumo, a predisposição genética
a algum fator do "quarteto mortal" – hipertensão, diabetes, alterações
de colesterol - ou ao câncer de mama também são contra-indicações
ao uso do anticoncepcional.
Fontes: Arnaldo
Schizzi Cambiaghi, ginecologista e diretor do IPGO
(Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia); Paulo
Eduardo Olmos, ginecologista e chefe do Serviço de Reprodução
Humana do Hospital Brigadeiro, de São Paulo; Marcus
Vinícius Bolívar Malachias, diretor da SBC (Sociedade
Brasileira de Cardiologia) e médico do Instituto de Hipertensão
de Minas Gerais; Valéria Cunha de Oliveira, enfermeira do Programa
de Prevenção e Controle do Tabagismo do Inca (Instituto
Nacional de Câncer); Cyro Guimarães Jr., endocrinologista
(tel.: 0/xx/11/3887-0320)
Leia também:
Queda
inesperada
Pílula
causava enxaqueca forte
Varizes
podem ser consequência do uso da pílula mesmo em não-fumantes
Leia também:
Cigarro
prejudica performance
Saiba mais
Clique aqui
para ler um artigo da Revista Brasileira de Medicina sobre pílula
anticoncepcional
Aqui
dá para ver sites com estatísticas mundiais sobre fumo (em
inglês)
Há ainda o Relatório
do Banco Mundial sobre cigarros
|
|