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11/04/2002 - 09h10

Tratamento estimula capacidade de autocura

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BELL KRANZ
editora do Folha Equilíbrio

Um método terapêutico batizado de autocura, aplicado com sucesso em pacientes com doenças nada insignificantes, como esclerose múltipla e glaucoma, e desenvolvido por um ucraniano que, na infância, foi declarado cego pelos médicos! Dá para desconfiar, não? E a história fantástica vai mais longe. Ele, que chegou a ser alfabetizado em braile, hoje tem carteira de motorista expedida pelo governo da Califórnia (EUA).
Não se trata de milagre, mas é como se fosse. O método de tratamento desenvolvido por Meir Schneider -o self-healing- não cura doenças incuráveis, mas oferece ao paciente uma melhora na qualidade de vida, que doenças como as degenerativas vão minando. Ele, por exemplo, não teve seus problemas visuais congênitos curados. Mas conseguiu recuperar 70% da capacidade de enxergar.

O objetivo da técnica é ensinar o paciente a minimizar as perdas e potencializar os recursos do seu corpo que estão sadios e/ou adormecidos, tanto na área circulatória como na respiratória e muscular. Os instrumentos para isso são massagem, movimento (ativo e passivo), visualização e trabalho de respiração, utilizados de forma integrada e com persistência e paciência por parte do maior interessado: o paciente.
"O tratamento exige que a pessoa se aproprie da sua doença e do seu processo de cura", diz Jussara Mesquita Pinto, doutora em educação da Universidade Federal de São Carlos e terapeuta ocupacional, que defendeu tese sobre a eficácia do método.

A pessoa deve fazer exercícios em casa, mas não como quem segue uma bula. Ela é orientada a prestar atenção ao corpo, a aprender quando seu problema piora, quando ele melhora, o que é eficaz para o seu corpo. "A doença não existe por acaso; além de ser morfológica, ela tem uma expressão que é própria do indivíduo e que vai se manifestando de formas diferentes ao longo do dia", diz Jussara.

"A massagem relaxa o músculo e indica ao paciente onde está tenso. Mas isso não basta, ele faz exercícios que buscam o uso de músculos menos usados. Assim, a pessoa ganha mais consciência do uso do corpo todo", diz Maria Fernanda Leite Ribeiro, especialista no tratamento de problemas de visão e presidente da Associação Brasileira de Self-Healing. Quanto à necessidade de o paciente praticar diariamente os exercícios em casa, ela explica: "A repetição é essencial, porque não se muda padrão sem repetição".

Uma das maiores divulgadoras do self-healing no Brasil descobriu o método no papel de paciente. Portadora de distrofia muscular, a ex-terapeuta ocupacional da Universidade Federal de São Carlos Beatriz Nascimento, 43, foi buscar ajuda com Meir Schneider.

Hoje, morando nos Estados Unidos, ela forma terapeutas e atende pacientes no centro de reabilitação fundado pelo mestre em São Francisco. "A distrofia não será curada, tenho muita perda muscular, mas, com menos músculos do que antes, hoje eu me movimento melhor. O efeito da perda é menor", diz Beatriz, que estará no Brasil na próxima semana, junto com Schneider, para dar uma palestra e ministrar workshops.

O self-healing aparece muito associado a problemas degenerativos, porque a gravidade desse tipo de doença leva os pacientes a buscar ajuda em tratamentos alternativos. Mas a técnica, dizem os especialistas, é eficaz para outros problemas, como miopia, LER, coluna e respiração.
"Muitos músicos também me procuram para aprender a usar melhor seus instrumentos sem tanta força, alguns atletas querem aprender a usar o corpo de uma maneira que não provoque tensão", afirmou Schneider, 48, à Folha.

Ainda não existe comprovação científica do método, mas ela virá, diz Schneider. "A ciência é tão ausente quanto o nosso pensamento. Às vezes, eu acuso a medicina de estudar apenas 100% de 10% da realidade humana. Mas estamos procurando comprovação científica, porque, na nossa cultura, as pessoas só aceitam o que é comprovado cientificamente. As pesquisas mostrarão que a autocura faz uma grande diferença na vida de várias pessoas", diz ele.

E o que diz a medicina convencional sobre os resultados positivos do método? Em geral, sem pesquisa, não se diz muito. Mauro Rabinovitch, oftalmologista do hospital Albert Einstein (SP), é um dos entusiastas do método. Em alguns casos, o médico encaminha pacientes para terapeutas formadas por Meir e diz presenciar melhoras na qualidade de vida.

"Não tenho estudos científicos, mas temos visto avanços na área neurológica através da estimulação física e psicológica, caso do self-healing", diz Rabinovitch, que critica duramente a deterioração da relação médico-paciente e a consequente falta de humanização da medicina. Para ele, "todo mundo tem capacidade dentro de si de autocura. Só precisa de um guia".

Palestra
com Meir Schneider, dia 18/4, no Centro de Convenções Rebouças (av. Rebouças, 600, SP), às 20h, entrada gratuita.

Workshops
com Meir Schneider, nos dias 19 (Ioga Para os Olhos), 20 (Construindo uma Coluna Saudável) e 21 de abril (Prevenindo as Lesões por Esforço Repetitivo), R$ 200 cada, inscrições pelos tels. 0/xx/11/3812-4845 e 3814-4654. Descontos para quem participar de mais de um workshop.

Associação Brasileira de Self-Healing:
www.self-healing.com.br; tel. 0/xx/11/3661-8521.

School for Self-Healing de São Francisco (EUA):
www.self-healing.org

Núcleo de Pesquisa e Assistência em Self Healing de São Carlos (da Universidade Federal de São Carlos):
www.ufscar.br/healing

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