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17/09/2002 - 20h21

Hiperatividade pode ser confundida com teimosia

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free-lance para a Folha Online

Por ser uma doença de difícil diagnóstico, a atenção dos pais e familiares em relação ao comportamento da criança é imprescindível. O grande perigo é confundir hiperatividade com teimosia. A criança rebelde entende a ordem que recebe e a assimila, mas não a obedece.

Mesmo assim é importante impor limites especiais às crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, garante o especialista em psiquiatria do Hospital das Clínicas, Ênio Roberto de Andrade, principalmente porque elas usam mais argumentos que o normal.

"Desde bebê ele era agitado, nervoso, dormia pouco, chorava muito e não tinha paciência para assistir TV ou brincar, mas pensávamos que era uma fase, até observarmos que as reações eram frequentes", diz a dentista Christiane Fernandes, 38, cujo filho de oito anos tem TDAH.

Christiane conta que descobrir a doença não é um processo lento. "Até sabermos o que acontecia, a estima de meu filho diminuía por causa das broncas que levava a toda hora, em razão da distração. Ele tentava seguir regras básicas como ir ao banheiro para tomar banho, escovar os dentes e pentear os cabelos, mas sempre esquecia algumas dessas ações, distraindo-se com outra coisa."

Depois de procurar quatro especialistas, de psicólogos a psicomotristas, que diagnosticavam a falta de atenção como problemas emocionais ligados à família, Christiane acabou descobrindo que seu filho sofria de hiperatividade.

Com a supervisora de custos Tânia, 41, nome fictício, que adotou um menino filho de pais dependentes químicos, não foi diferente. "Durante o convívio, enquanto não se descobre o que está acontecendo, pai, mãe e filho se estressam. Para perceber e descobrir é preciso comparar."

Apesar do tratamento, que no caso do garoto estimula a atenção e o mantém mais calmo, Tânia ressalta os preconceitos que ele sofre. "As pessoas o discriminam quando sabem que ele faz tratamento com psiquiatra. Pensam que é louco. Às vezes, por não conhecerem, ficam inclusive com medo. Evito até hoje levá-lo a aniversários e lugares públicos por causa da bagunça que ele faz. Na verdade, evito a exposição porque os outros olham e pensam que nós, os pais, não damos educação", afirma.

O papel da escola

A psicopedagoga e psicanalista de crianças Maristane Dias afirma que a inteligência de pessoas hiperativas não é comprometida pela doença. "Pode haver muitos graus de inteligência entre os doentes, mas o principal empecilho para eles é a impulsividade e a falta de atenção, ferramentas importantes para o progresso dos estudos."

Se o convívio social é importante para o desenvolvimento da criança, para quem tem TDAH não é diferente. Ao professor cabe observar sinais como agitação e dificuldade de assimilação. No intervalo das aulas a criança costuma se meter em brigas ou brincar sempre sozinha, tenta chamar a atenção ou se comporta como se fosse alienada.

As meninas que sofrem da doença são mais distraídas, falam demais ou simplesmente se isolam. Os meninos não conseguem manter amizades por muito tempo, são agitados e interrompem a aula constantemente.

Antes de apelar para conclusões precipitadas é preciso que se leve em consideração que crianças hiperativas não podem ser julgadas como rebeldes. Por sofrem de uma doença que provoca dificuldades de concentração, não se dão conta das ordens que recebem. "A criança mal educada escuta e entende, mas não obedece", diz psicopedagoga.

Segundo Maristane, não cabe ao professor ou à escola fazer o diagnóstico, mas é possível observar o aluno e conversar com os pais para que um especialista seja procurado.

Na adolescência, por possuírem maior consciência quanto ao seu rendimento escolar e convívio social, alguns jovem podem sofrer de desvios de conduta. "Eles percebem os prejuízos pedagógicos quando comparados aos amigos e se frustram, por isso precisam de mais apoio e acompanhamento. Nesses momentos é importante ter serenidade para não se entregar à idéia de que não servem para nada", conclui Maristane.

Quando adultos, têm raciocínio rápido, mas grande dificuldade de concentração durante aulas duradouras.

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