Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
22/05/2003 - 08h52

Doença de Raynaud "congela" mãos e pés

Publicidade

ANA PAULA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha

Basta a temperatura cair e pronto: as mãos ou os pés (ou ambos) ficam gelados e quase sem cor ou então arroxeados. Às vezes, a sensibilidade diminui. Noutras, há formigamento. Essas reações incômodas indicam mais que um simples não gostar das temperaturas mais baixas. Elas podem ser sintoma de uma hipersensibilidade do organismo ao frio, origem da doença de Raynaud.

É muito comum que as pessoas com Raynaud só percebam que algo não vai bem quando chega o inverno. Mas isso não é uma regra geral, já que a raiz do problema é a queda ou a mudança brusca de temperatura. Por isso os sintomas podem surgir também no verão, se a pessoa ficar em um local com ar-condicionado muito forte ou se sofrer um choque térmico ao sair do banho, por exemplo.

Quando o corpo perde temperatura para o ambiente, o organismo trabalha para recuperar esse calor. Nos portadores de Raynaud, esse processo demora mais tempo. A constrição de pequenos vasos desencadeia alterações na cor da pele nas extremidades do corpo.

Unhas roxas

Há pouco tempo, a estu-dante de letras Sílvia Santini, 24, descobriu que a estranha cor arroxeada na ponta de seus dedos era um sintoma de Raynaud. "Fiquei sabendo por acaso que se tratava de uma doença, ao conversar com uma amiga que também sofre do problema", diz. "Minhas unhas ficavam tão roxas que as pessoas perguntavam se eu as havia pintado, mas eu achava que era apenas frio exagerado."

Já a terapeuta Maria Fernanda Leite Ribeiro, 45, sempre desconfiou que o que sentia desde os 20 anos era uma doença. "Eu dançava descalça e percebia que meus pés lembravam os de defunto, de tão brancos que ficavam no inverno, e perdiam a sensibilidade", descreve.

Maria Fernanda não demorou para procurar um médico e identificar a doença. A maioria dos pacientes, porém, não faz isso e, portanto, não sabe que, apesar de a doença não ter cura, os sintomas podem ser controlados. Para o médico Sebastião Cezar Radominski, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, a falta de informação é o principal agravante do quadro clínico.

A doença de Raynaud raramente evolui para quadros graves, mas seus portadores correm um risco maior de desenvolver outros problemas de saúde, como lúpus, esclerodermia, artrite reumatóide e hipotireoidismo, e por isso precisam de acompanhamento médico constante.

Quando existe essa associação com outras doenças, o "rótulo" muda: os médicos chamam o conjunto de sintomas de fenômeno de Raynaud, não de doença.

Melhora pós-menopausa

Até agora, a ciência ainda não identificou a causa da doença e do fenômeno de Raynaud. Mas os especialistas sabem que a incidência é maior entre mulheres magras, longilíneas, fumantes e em idade reprodutiva --os sintomas tendem a desaparecer com a chegada da menopausa. A ocorrência do fenômeno ou da doença em homens é rara.

Crianças, principalmente meninas na puberdade, também podem desenvolver a doença, "apesar de não ser comum", diz o médico sueco Anders Fasth, professor de imunologia pediátrica e membro da Sociedade Européia de Reumatologia Pediátrica. Ele não acredita que a doença seja mais comum em países de baixa temperatura. "Porém as consequências são mais graves", afirma.

Segundo Fasth, é possível que os sintomas tenham relação com aspectos emocionais. A tensão muscular induz à vasoconstrição, afirma ele, o que poderia explicar a lentidão no processo de recuperação do calor.

Maria Fernanda concorda com essa teoria. Ela já percebeu que, quando está muito tensa, os sintomas aparecem. "Quando estou estressada, sinto o sangue sumindo de meus pés."

Leia mais:
  • Teste sua predisposição para doença de Raynaud
  • Calor é chave para controlar doença de Raynaud
  • Sintomas da doença de Raynaud vão da cor à dor


  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página