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09/06/2003 - 11h08

ONGs lançam "dia do orgulho lésbico" em São Paulo

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AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo

Cerca de 60% das lésbicas não revelam ao seu ginecologista sua orientação sexual. São tratadas por seus médicos como mulheres que fazem sexo com homens, porque essa é a regra estabelecida. Os médicos perguntam sobre contraceptivos, sugerem preservativos ou pílulas, e as mulheres fazem de conta que concordam.

Esconder a "orientação" sexual tem seus motivos. Cerca de 60% das mulheres que revelaram ser lésbicas dizem que sofreram algum tipo de discriminação. Uma entrevistada afirmou que a médica pediu a presença de sua enfermeira, com medo de ser assediada. Vários médicos sugeriram que a paciente procurasse ajuda de um psiquiatra, outros se 'interessaram' em saber como era a relação com suas parceiras.

Esse quadro de preconceito e desinformação médica aparece em pesquisa feita com 150 mulheres de 17 a 57 anos pela Rede de Informação Um Outro Olhar, ONG que tem uma publicação própria, com o mesmo nome. As entrevistadas eram leitoras da revista. Do grupo de mulheres ouvidas, 32% são mães e 23% fizeram pelo menos um aborto. A primeira pesquisa foi concluída três anos atrás. Uma mais ampla está em andamento.

O cenário revelado nessa pesquisa é uma das razões para o lançamento, nesta quarta-feira, dia 11, do Dia Nacional do Orgulho Lésbico. A data será comemorada no dia 19 de agosto, dia em que, 20 anos atrás, o Grupo de Ação Lésbica Feminista (Galf) invadiu o Ferros Bar. O local era o ponto de encontro das lésbicas de São Paulo, mas os proprietários decidiram proibir a venda ali do boletim da associação, o 'ChanacomChana'. A invasão do bar, que contou com o apoio de políticos e advogados, marcou uma espécie de 'revolução' lésbica, que está sendo retomada agora.

"Assumir a identidade de lésbica é difícil na família, no trabalho, na igreja. É difícil também quando se trata de saúde", diz a economista Luiza Granado, 42, coordenadora da Rede de Informação Um Outro Olhar. Uma das líderes do movimento disse que não revela sua orientação sexual aos médicos com medo de que eles não cuidarão de sua saúde.

Não deveria ser assim. Pelos cálculos que elas mesmas fazem, 10% das mulheres são lésbicas ou bissexuais. Na região metropolitana de São Paulo, há 15 milhões de habitantes. Considerando-se que as mulheres são metade da população, seriam 750 mil mulheres fazendo parte desse grupo.

Em São Paulo, os grupos organizados não chegam a cinco. Na Parada Gay deste ano, que acontece no próximo dia 22, quando desfilarão 30 carros alegóricos, apenas três são de lésbicas. No ano passado, motociclistas do grupo Mulheres que Amam Mulheres abriram a parada. 'O primeiro grupo de mulheres desfilou há três anos, numa picape. Agora já somos três trios elétricos, mas ainda é quase nada', diz Luiza Granado.

A iluminadora de teatro Neusa Maria de Jesus, 45, da Coordenadoria Especial de Lésbicas (CEL), da Associação da Parada GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), diz que a criação de um dia do 'orgulho lésbico' é uma identificação para as mulheres. 'Nós queríamos um dia específico para nós', afirma.

Luiza Granado diz que a nova data será incluída no calendário de eventos da cidade.

Um Outro Olhar, tel. 0/xx/11/3735-1035, Associação da Parada Gay de São Paulo, tel. 0/xx/11/3362-2361.


 

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