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31/08/2003 - 05h16

Cirurgia a laser não leva a "visão perfeita"

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VANESSA ALVES BAPTISTA
da Folha de S.Paulo

Talvez ainda seja raro no Brasil ir a um shopping fazer uma cirurgia a laser para corrigir problemas visuais, como já ocorre nos EUA. Mesmo sem essa popularidade, a operação tem se tornado uma escolha comum no país e é considerada pelos médicos um procedimento eficaz. Mas é uma expectativa exagerada em relação ao resultado que costuma decepcionar os pacientes -e pode até ser um obstáculo à realização da cirurgia.

Além disso, algumas pessoas não são boas candidatas à operação e devem evitá-la. Problemas na córnea, catarata ou alto grau de ametropia (problema visual) desqualificam os interessados nas cirurgias Lasik e PRK, as mais feitas no Brasil e nos EUA, país que operou por volta de 1,8 milhão de pessoas em 2002. Aqui estima-se que tenham sido cerca de 200 mil.

"Em 80% dos casos de pacientes infelizes [com os resultados da operação], não há nada de errado com a cirurgia, mas havia de errado com as expectativas", afirma Wallace Chamon, 39, professor livre-docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Numa cirurgia com preocupação sobretudo estética, nem sempre o resultado é "perfeito". "Pode haver complicações inerentes a qualquer cirurgia, como não "zerar o grau" e dificuldade com a visão noturna", diz Myung Kyu Kim, 46, professor-assistente da Faculdade de Medicina do ABC.

Para Paulo Schor, 38, presidente da Sociedade Brasileira de Laser e Cirurgia Refrativa, existem dois extremos de expectativa que são preocupantes: "O medo paralisante, quando o paciente pensa "Não vou fazer a cirurgia porque vou ficar cego", ou, ainda pior, quando pensa "Vou fazer porque é igual a trocar de roupa'".

Quando fez a cirurgia (Lasik) para corrigir seus dez graus de miopia em 2001, a publicitária Marina Yoshida, 36, não se encaixava em nenhuma dessas descrições, mas desconhecia os riscos. "Vim a saber depois que a operação não é indicada para miopia alta [leia texto nesta página]."

Ela teve problemas de cicatrização, ficou com a visão embaçada por cinco meses e teve de fazer uma nova cirurgia. "Fiquei deprimida e cheguei a pensar que não poderia mais trabalhar." Hoje a publicitária ainda usa óculos para os cerca de dois graus de miopia que restaram após a cirurgia.

Hipocorreção (quando sobra grau) e hipercorreção (correção acima do ideal) são duas das complicações mais comuns. O paciente ainda tem, nesses casos, de usar óculos ou lentes e pode fazer nova cirurgia -chamada de retoque.

"O ideal é esperar ao menos seis meses para fazer o retoque; e o grau deve ficar estável nesse período", diz o médico orientador do setor de cirurgia refrativa da Unifesp, Carlos Filipe Chicani, 35.

Com cinco graus de miopia e um de astigmatismo, o jornalista Luiz Alberto Pandini, 34, diferentemente de Marina Yoshida, não teve nenhum tipo de complicação pós-operatória. Antes de finalmente decidir-se pela cirurgia, entretanto, ele tirou todas as dúvidas dele com o médico. "A minha visão atual é boa, mesmo sem óculos e lentes de contato."
 

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