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26/10/2003
-
07h32
da Folha de S.Paulo
Um brasileiro assumirá pela primeira vez a presidência da Federação Internacional de Cirurgias de Obesidade (IFSO), que congrega todas as sociedades internacionais da área.
A cirurgia de obesidade, ou cirurgia bariátrica, é utilizada para emagrecimento. Realiza reduções ou "desvios" no tubo digestivo de obesos mórbidos --pessoas que têm IMC (Índice de Massa Corporal, peso dividido pela altura ao quadrado) a partir de 35.
Estima-se que no Brasil 1 milhão de pessoas necessitem da cirurgia.
Arthur Garrido Júnior, 62, um dos pioneiros na técnica no Brasil, tomará posse em setembro de 2004. Segundo ele, a sociedade brasileira, da qual ele já foi presidente, é uma das mais importantes "em número de profissionais e atividade". Daí sua escolha para o cargo. Cerca de 600 cirurgiões no país realizam o procedimento, metade do total de especialistas dos EUA, onde o problema da obesidade mórbida é maior.
Abaixo, trechos da entrevista que concedeu à Folha:
Folha - Quando a cirurgia começou a ser feita?
Arthur Garrido Júnior - No mundo isso começa em 1954, nos EUA, mas as técnicas eram muito ruins. A idéia surgiu por causa da aplicação da cirurgia de redução para outras razões. Viram que diminuía o peso. Aqui no Brasil, começamos há 25 anos. Mas foi nos últimos cinco, dez anos que isso se desenvolveu muito.
Folha - Quais foram as evoluções dos últimos tempos?
Garrido Júnior - Há vários tipos de técnica para diminuir a capacidade do tubo digestivo. Uma das mais recentes faz um desvio no intestino, diminuindo a absorção dos alimentos. Não há um método único, que sirva para tudo.
Folha - E quantos têm acesso ao tratamento?
Garrido Júnior - Hoje estima-se que já tenham sido realizadas de 12 mil a 15 mil cirurgias. Para 1 milhão de pessoas, é uma gota d'água. O SUS [Sistema Único de Saúde] incorporou a cirurgia no ano 2000, em todos os Estados há centros. Mas há uma grande espera. As seguradoras [seguros, planos de saúde] não cobrem 20% dos que precisam. E não é só no Brasil que o número de operados é menor do que a demanda. Nos EUA, o problema é quase da mesma proporção.
Folha - Sem a cirurgia, que qualidade de vida têm os obesos mórbidos?
Garrido Júnior - A mortalidade de obesos mórbidos é de 6% a 12% maior do que a população em geral. São pessoas muito doentes. De 15% a 20% têm diabetes. De 30% a 40%, hipertensão arterial. E mais de 50% sofrem de dificuldades respiratórias. A qualidade de vida é muito prejudicada. Além disso, há obviamente os problemas de adaptação social.
Folha - Quais serão seus principais desafios na presidência da entidade?
Garrido Júnior - O primeiro é justamente estender o tratamento. As pessoas não têm acesso por várias razões, seja por limitações do sistema hospitalar, seja porque os profissionais não estão bem treinados. A idéia é facilitar o treinamento, progredir em busca de métodos mais eficientes e com menos efeitos negativos.
Folha - Quais são as complicações mais comuns?
Garrido Júnior - De uma eficiência menor, um maior índice de complicações cirúrgicas, à possibilidade de sequelas nutricionais e problemas de adaptação.
Brasileiro quer ampliar cirurgias de obesidade em todo o mundo
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Um brasileiro assumirá pela primeira vez a presidência da Federação Internacional de Cirurgias de Obesidade (IFSO), que congrega todas as sociedades internacionais da área.
A cirurgia de obesidade, ou cirurgia bariátrica, é utilizada para emagrecimento. Realiza reduções ou "desvios" no tubo digestivo de obesos mórbidos --pessoas que têm IMC (Índice de Massa Corporal, peso dividido pela altura ao quadrado) a partir de 35.
Estima-se que no Brasil 1 milhão de pessoas necessitem da cirurgia.
Arthur Garrido Júnior, 62, um dos pioneiros na técnica no Brasil, tomará posse em setembro de 2004. Segundo ele, a sociedade brasileira, da qual ele já foi presidente, é uma das mais importantes "em número de profissionais e atividade". Daí sua escolha para o cargo. Cerca de 600 cirurgiões no país realizam o procedimento, metade do total de especialistas dos EUA, onde o problema da obesidade mórbida é maior.
Abaixo, trechos da entrevista que concedeu à Folha:
Folha - Quando a cirurgia começou a ser feita?
Arthur Garrido Júnior - No mundo isso começa em 1954, nos EUA, mas as técnicas eram muito ruins. A idéia surgiu por causa da aplicação da cirurgia de redução para outras razões. Viram que diminuía o peso. Aqui no Brasil, começamos há 25 anos. Mas foi nos últimos cinco, dez anos que isso se desenvolveu muito.
Folha - Quais foram as evoluções dos últimos tempos?
Garrido Júnior - Há vários tipos de técnica para diminuir a capacidade do tubo digestivo. Uma das mais recentes faz um desvio no intestino, diminuindo a absorção dos alimentos. Não há um método único, que sirva para tudo.
Folha - E quantos têm acesso ao tratamento?
Garrido Júnior - Hoje estima-se que já tenham sido realizadas de 12 mil a 15 mil cirurgias. Para 1 milhão de pessoas, é uma gota d'água. O SUS [Sistema Único de Saúde] incorporou a cirurgia no ano 2000, em todos os Estados há centros. Mas há uma grande espera. As seguradoras [seguros, planos de saúde] não cobrem 20% dos que precisam. E não é só no Brasil que o número de operados é menor do que a demanda. Nos EUA, o problema é quase da mesma proporção.
Folha - Sem a cirurgia, que qualidade de vida têm os obesos mórbidos?
Garrido Júnior - A mortalidade de obesos mórbidos é de 6% a 12% maior do que a população em geral. São pessoas muito doentes. De 15% a 20% têm diabetes. De 30% a 40%, hipertensão arterial. E mais de 50% sofrem de dificuldades respiratórias. A qualidade de vida é muito prejudicada. Além disso, há obviamente os problemas de adaptação social.
Folha - Quais serão seus principais desafios na presidência da entidade?
Garrido Júnior - O primeiro é justamente estender o tratamento. As pessoas não têm acesso por várias razões, seja por limitações do sistema hospitalar, seja porque os profissionais não estão bem treinados. A idéia é facilitar o treinamento, progredir em busca de métodos mais eficientes e com menos efeitos negativos.
Folha - Quais são as complicações mais comuns?
Garrido Júnior - De uma eficiência menor, um maior índice de complicações cirúrgicas, à possibilidade de sequelas nutricionais e problemas de adaptação.
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