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02/11/2003 - 05h23

Psiquiatra afirma que pacientes podem tirar proveito da disfunção

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free-lance para a Folha de S.Paulo

Como tirar proveito de um comportamento impulsivo, hiperativo e desatento, tão criticado pelos outros e por si mesmo?
Escrito de maneira bem-humorada e didática, o livro "Mentes Inquietas - Entendendo Melhor o Mundo das Pessoas Distraídas, Impulsivas e Hiperativas", de Ana Beatriz Barbosa Silva, 36, diretora médica do Napades (Núcleo de Medicina do Comportamento), encara esse "tipo de funcionamento mental" como uma possibilidade de explorar talentos especiais. Abaixo, trechos da entrevista concedida à Folha.

Folha - Em seu livro você aborda de maneira às vezes até bem-humorada e diferente o fato de ter TDA. Isso é possível?

Ana Beatriz Barbosa Silva
- Eu entendo o TDA (Transtorno de Déficit de Atenção) como um funcionamento cerebral. Se você conhecesse alguém com TDA, saberia que, às vezes, com a distração e a enrolação deles, se metem em situações engraçadas, ou como o povo diz, paga muito mico. Então tem aquela coisa de aceitar seus pequenos defeitos como coisas engraçadas, para ficar um pouco mais leve.

Folha - Você afirma que o fato de ter TDA também pode significar criatividade, energia, inovação e ousadia. Há o lado bom de ter TDA?

Silva
- Claro. Inclusive outros tipos de funcionamento cerebral, como o de uma pessoa melancólica, por exemplo, pode fazer dela um excelente poeta ou artista. Todos os tipos de funcionamento cerebral diferente têm o seu lado bom e o seu lado ruim.

Folha - Você também propõe uma mudança no conceito de doença mental. Qual seria essa mudança?

Silva
- Doença mental, se a gente for olhar nos manuais de diagnóstico em psiquiatria, vamos encontrar: "Quando determinadas características façam com que você sofra, com que tenha prejuízos nas relações social, profissional e emocional".

Mas nem sempre uma pessoa que tem uma tendência melancólica ou traços de TDA vai passar por isso, se souber lidar bem com essas características.

Folha - Mas o TDA pode ser considerado uma doença?

Silva
- Eu não considero o TDA uma doença, é um funcionamento cerebral diferente, porque, se a gente for considerar uma doença, cada tipo de personalidade vai ter a sua característica ruim que vai caracterizá-la como uma doença. Qualquer um está suscetível a adoecer, a ter um ataque de pânico, a ficar deprimida.

Existem até estudos que afirmam que, dependendo do tipo de personalidade preexistente da pessoa, ela vai tender a adoecer de determinada maneira.

Folha - Ter TDA pode ser "legal" ou há pessoas "legais" com TDA?

Silva
- Existem pessoas "legais" tendo TDA, sendo obsessivas, sendo melancólicas, sendo histriônicas [que quer ser sempre o centro das atenções].
Se as características dela provocam um sofrimento tal que ela não esteja de bem com sua vida e com seus afazeres, é claro que aí não é "legal".

Folha - Qual pode ser o lado bom de se ter TDA?

Silva
- O lado bom de se ter TDA é a energia, o impulso criativo, a ousadia. Sabemos que essas características podem render ótimos frutos, assim como grandes mancadas e alguns fracassos.

MENTES INQUIETAS - ENTENDENDO MELHOR O MUNDO DAS PESSOAS DISTRAÍDAS, IMPULSIVAS E HIPERATIVAS. De: Ana Beatriz Barbosa Silva. Editora: Gente. Quanto: R$ 29.
 

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