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02/11/2003 - 07h30

"Avoado" tem distúrbio se há dano social

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CAROL FREDERICO
free-lance para a Folha de S.Paulo

"Na escola, qualquer coisa me tirava a atenção. O caderno e a borracha viravam brinquedo, e eu não conseguia me concentrar. Se eu tivesse alguma coisa para fazer, sentia tanta ansiedade que eu não fazia nada.

Aí acabava ficando com a auto-estima baixa por causa das críticas. Os médicos diziam que eu era normal, e eu me sentia pior ainda, porque então a culpa era minha", relata João Carvalho Filho, 32, que sempre teve problemas na escola. Ele repetiu a 3ª e a 5ª série do ensino fundamental e o 1º e o 2º ano do ensino médio.

Carvalho Filho tem TDA (Transtorno de Déficit de Atenção). O distúrbio é caracterizado por uma tríade de sintomas: desatenção, impulsividade e hiperatividade. "Como o transtorno está presente desde a infância, acaba sendo confundido com o jeito da pessoa", diz Paulo Mattos, 43, vice-presidente da ABDAH (Associação Brasileira de Déficit de Atenção e Hiperatividade).

É que a área pré-frontal do cérebro dessas pessoas --responsável, entre outras funções, pela atenção seletiva-- funciona em nível abaixo do normal. Então, essas pessoas se sentam para estudar, mas não conseguem se desligar da música que está tocando, do carro buzinando lá fora, sem conseguir se concentrar em nada.

Com relação às garotas, o acerto no diagnóstico pode ser ainda mais complicado. Aquela garotinha meiga, que não fala durante a aula --mas também não participa--, pode apresentar o mesmo problema, o TDA. Os garotos são predominantemente hiperativos, e a garotas, desatentas. Com isso, os sintomas do distúrbio muitas vezes não são percebidos.

O que define o distúrbio são os prejuízos que esses sintomas inconvenientes trazem à vida pessoal, emocional e profissional da pessoa. "Se você não tem prejuízo, você não tem doença, tem uma diferença", esclarece Ênio de Andrade, 37, diretor do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital das Clínicas de São Paulo.

"No começo, fiquei assustada por causa dos remédios, mas hoje eu sinto por não ter percebido antes", diz Vera Santo-Sé Pires, 60, mãe de Carvalho Filho.

Uma vez manifestados os sintomas do TDA, a doença não tem cura, mas pode ser controlada.

O tratamento consiste em medicação e psicoterapia comportamental. O acompanhamento psicológico é fundamental, pois dá ferramentas para que o paciente se reestruture e trabalha a auto-estima. Já os medicamentos ajudam o paciente a se concentrar e controlar sintomas.
 

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