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02/11/2003 - 08h01

Projeto de saúde mental em Campinas vira referência

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FERNANDA BASSETTE
free-lance para a Folha de S.Paulo, em Campinas

A professora e psiquiatra da Universidade de Harvard (EUA) Cassis Henry chega hoje a Campinas (95 km de São Paulo) para desenvolver um estudo sobre experiências em saúde mental.

A cidade foi apontada pelo Ministério da Saúde como referência em trabalhos de saúde mental no país, assim como Sobral (CE).

A pesquisadora foi contratada pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). O resultado do estudo será publicado pela Opas e pela universidade americana. A pesquisadora já passou pelo México para colher dados para compor o estudo e ainda visitará outros países das Américas antes de concluir o trabalho.

O coordenador do Programa de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, informou que Campinas foi escolhida por desenvolver boas experiências, conforme a política de saúde mental defendida pelo ministério, com uma rede comunitária de atenção psicossocial eficiente.

Ainda segundo Delgado, a pesquisa avaliará a qualidade dos serviços
prestados pelas unidades e fará entrevistas com usuários do programa na
cidade.

A coordenadora de saúde mental da Prefeitura de Campinas, Florianita Coelho Braga, disse que uma comissão de usuários vai acompanhar o trabalho.

Segundo ela, o reconhecimento é resultado da reforma psiquiátrica que está sendo implementada em Campinas desde 2001.

"A cidade fechou hospícios e inseriu as pessoas no meio social por meio de garantias de moradia e trabalho", disse Braga.

Hoje Campinas possui oito Caps (Centro de Atenção Psicossocial), que são serviços territoriais de atenção diária para atender as pessoas que necessitam de cuidados especiais.

Cinco deles são destinados a adultos, um é infantil, outro para dependentes adultos de drogas e álcool e, por último, um que recebe crianças e adolescentes que fazem uso de drogas.

Quatro Caps funcionam 24 horas e oferecem 32 leitos --oito em cada unidade. "Essas unidades substituem os hospícios e têm a proposta de tratar em liberdade os seres humanos que sofrem de doenças mentais graves", explicou a coordenadora.

Braga destacou que o objetivo do programa de saúde mental de Campinas é que esses pacientes não sejam excluídos da sociedade.

"A emergência na doença mental é processual. Ela é visivelmente perceptível para quem acompanha rotineiramente as pessoas. A gente pode cuidar dos pacientes sem necessitar de internação no hospital", disse Braga.

A coordenadora disse que fazer com que o doente diminua sua crise e permitir que ele tenha uma assistência rotineira na comunidade faz com que ele entenda seus momentos.

"A doença mental não tem cura, mas temos de aprender a conviver com essas pessoas."

Além dos Caps, o programa de saúde mental possui 30 casas distribuídas em diversos bairros da cidade, onde vivem 142 pessoas que estavam "morando" em antigos hospícios.

Segundo Braga, essas pessoas são mantidas com os recursos que eram destinados aos hospitais onde elas estavam, por meio de uma política internacional de saúde mental.
 

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