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18/04/2004 - 06h54

Novo tratamento diminui os sintomas de artrite reumatóide

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Um novo tratamento está sendo capaz de diminuir os sintomas e até reverter quadros de perda dos movimentos de uma parcela de pacientes que têm artrite reumatóide, inflamação que afeta 1,5 milhão de brasileiros e que altera as estruturas articulares, podendo levar à rigidez e a deformidades.

Segundo o reumatologista José Goldenberg, 61, vice-presidente do Hospital Albert Einstein, até agora, os medicamentos existentes controlavam parcialmente a progressão da doença. Já os novos são feitos a partir de uma proteína produzida no organismo.

O novo tratamento foi o tema principal de um simpósio internacional, em março, na Espanha. Goldenberg, autor do livro "Coluna Ponto e Vírgula" (editora Atheneu), participou do encontro e utiliza a nova terapia no Brasil. A seguir, leia trechos da entrevista.

Folha - Por que esse novo tratamento da artrite é revolucionário?

José Goldenberg
- O tratamento biológico faz parte de uma nova geração de medicamentos que atuam diretamente nos mecanismos da inflamação. São indicados na redução de sinais e sintomas em portadores de artrite reumatóide, em pacientes adultos com atividade inflamatória articular de moderada a severa e que não responderam adequadamente aos tratamentos com um ou mais antiinflamatórios de ação prolongada (5% de todos os casos). Eles têm como característica inibir a progressão da lesão estrutural da articulação e, em muitos casos, reparar o dano na cartilagem ou no osso. Essa doença é a quarta causa de invalidez, e esses fármacos melhoram a qualidade funcional e de vida dos pacientes que não apresentavam nenhuma perspectiva.

Folha - Há contra-indicação? Os remédios já estão na rede pública?

Goldenberg
- Existem contra-indicações para portadores de infecções bacterianas, fúngicas e tuberculose, tumores malignos, pacientes com baixa imunidade e doenças neurológicas desmienilizantes, como a esclerose múltipla. Eles também podem ter efeitos colaterais, por isso o reumatologista deve avaliar esses casos. Existem protocolos internacionais que devem ser rigorosamente seguidos. Em algumas situações, esses remédios podem ser obtidos na rede pública. São de alto custo, usados em associação com outros antiinflamatórios.

Folha - Como diagnosticar precocemente a artrite reumatóide?

Goldenberg
- O início da doença é gradual. Manifesta-se por fadiga, rigidez matinal com duração superior a uma hora, dores musculares difusas, perda de apetite e fraqueza. Eventualmente, a dor articular é acompanhada de edema, calor e rigidez, após períodos de inatividade. O envolvimento articular é geralmente simétrico, afetando igualmente ambos os lados. Uma complicação que pode levar ao risco de paraplegia ocorre quando a coluna cervical torna-se instável, comprometendo a medula espinhal. As articulações mais freqüentemente acometidas são punho, tornozelo, coluna cervical, quadril, joelho e ombro.

Folha - A dor nas costas atinge 80% das pessoas em algum momento da vida, mas muita gente convive com essa dor. Quando ela precisa ser tratada?

Goldenberg
- Quando houver sinais e sintomas que não melhorem com medidas simples em um prazo máximo de sete dias.

Existem situações em que o médico deve ser procurado, como irradiação a uma das pernas, quando a dor cresce ao se inclinar o tronco para a frente, história recente de quedas, dor contínua nas últimas três semanas, quando a dor piora em repouso ou ainda quando acompanhada de alterações intestinais ou urinárias. É fundamental que, em uma consulta médica, seja avaliada a história familiar do paciente e sejam feitos exames clínico geral, do aparelho locomotor e neurológico. Muitas vezes, ao postergar o diagnóstico, retardamos o tratamento de uma infecção ou de um tumor. Para evitar a dor, é essencial a mudança do estilo de vida do paciente, que deve ser aconselhado a reduzir o sobrepeso, a fazer alongamento, a obedecer as regras de postura e a abandonar o hábito de fumar. Quando a ansiedade e a depressão são fatores agravantes ou desencadeantes da dor, procurar apoio psicológico.


 

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