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15/07/2004 - 08h50

Grãos especiais refinam o "cafezinho"

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GIULIANA BASTOS
do Guia da Folha

Vai longe o dia em que o brasileiro só tomava café de má qualidade, pois os bons grãos eram exportados --para Alemanha, Estados Unidos, Itália e Japão, principalmente. Atualmente, parte do café de grãos arábica (de qualidade superior) plantados, colhidos e secados de maneira adequada fica no Brasil para ser processado, vendido e servido para o mercado interno.

Nas prateleiras dos supermercados, são dezenas de cafés especiais e gourmets, feitos por pequenas fazendas e cooperativas. Segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), de 2000 a 2004 foram criadas cerca de 120 novas marcas de café gourmet. Em restaurantes, bares e cafeterias de São Paulo, não raro nos deparamos com um café cremoso e aromático e, quando perguntamos a marca, a resposta é um nome brasileiro, mas desconhecido, mesmo para os mais apaixonados pelo tema.

Embora seja o maior exportador de café verde (não-industrializado) do mundo --27 milhões de sacas por ano--, o Brasil vende ao exterior uma quantidade cinco vezes menor quando se trata do café processado. E o quadro fica ainda mais grave quando se percebe que a matéria-prima sai daqui e atravessa o oceano para ser torrado por indústrias com custos em euro e, depois, volta para ser consumida por um valor muito mais alto.

"Se somos os maiores produtores de café do mundo, responsáveis por quase 35% da produção mundial, não há razão para que o consumo de marcas estrangeiras seja alto", explica Edgard Bressani, diretor da BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), coordenador do programa Cafés do Brasil do Ministério da Agricultura e membro da Associação de Cafés Especiais da América.

Na verdade, há alguns anos, havia diversas razões. Nos anos 80, o café brasileiro era associado a um produto adulterado, pois o oferecido ao mercado interno era realmente de baixa qualidade. "Feito com os grãos verdes misturados a grãos inferiores e deteriorados, secos num terreiro muitas vezes não pavimentado, em contato direto com a terra..., ou seja, péssimo", explica Bressani.

Alguns produtos ainda estão nesse patamar, mas, na década de 90, com a abertura do mercado e a criação de selos e associações, o consumo de cafés gourmets e certificados (de qualidade superior) aumentou significativamente e hoje representa 20% do mercado do produto no país.

A melhoria dos produtos não se resume aos cafés gourmets. A Abic, por exemplo, criou há dois anos um programa de incentivo ao processamento de café, voltado para o mercado externo, mas que traz resultados também para a qualidade do café consumido por aqui. Com o programa, a associação projeta um aumento de 20% no consumo interno de café.

Além de impulsionar a concorrência entre as mais de 220 mil fazendas de café do país, esse movimento vem associado ao investimento na formação profissional de baristas (veja quadro abaixo), em consultorias especializadas e em melhores máquinas de torra, moagem e preparo. O resultado é perceptível nas xícaras especiais, a cada dia mais procuradas --nos últimos cinco anos, segundo a Abic, foram abertas quase 700 cafeterias no Brasil, sendo que 400 delas em São Paulo.

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