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02/09/2004 - 07h18

Médicos indicam retirada de amígdalas e adenóide com mais precisão

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MARCOS DÁVILA
da Folha de S.Paulo

A retirada das amígdalas e da adenóide (conhecida como carne esponjosa) sempre foi motivo de polêmica na medicina. Parte fundamental do sistema de defesa do corpo humano nos primeiros anos de vida, esses tecidos linfóides (conhecidos respectivamente como tonsila palatina e tonsila faríngea) tornam-se freqüentemente foco de infecções; e o aumento de tamanho deles pode causar febre, dificuldades na alimentação, distúrbios do sono, deformações da arcada dentária e da face e até mesmo surdez.

Essa característica contraditória das amígdalas e da adenóide sempre causou dúvidas na hora de retirá-las.

"Também existe moda na medicina", diz o pediatra Bernardo Ejzenberg, coordenador de pesquisas da divisão de pediatria do Hospital Universitário da USP. Segundo ele, essas tonsilas sempre foram vistas "ou como mocinhas ou como bandidas".

"Houve um surto de retirada das amígdalas e da adenóide que aconteceu até meados dos anos 60. Acreditava-se que a cirurgia era favorável de modo geral, já que elas eram consideradas um potencial foco de infecção. Crianças que não comiam bem ou que não cresciam, mesmo que não tivessem infecções, recebiam indicação para a cirurgia. Até mesmo irmãos de crianças que tinham problemas eram operados. Os médicos faziam a retirada por atacado", afirma.

Depois da década de 60 e, "principalmente, nos anos 80", de acordo com Ejzenberg, o conceito médico mudou: "A retirada foi considerada um sacrilégio", já que as "benditas" fazem parte do sistema de defesa do organismo, funcionando como uma espécie de alarme que dispara a produção de células de defesa e anticorpos. "Mesmo pessoas que tinham múltiplas infecções não eram operadas", diz.

Para o médico, o excesso da retirada --assim como a falta-- estava errado. "A partir dos anos 90, temos indicações precisas para a cirurgia", afirma. "Hoje em dia, há indicações somente para a retirada da adenóide [e não das amígdalas], em casos de otite (inflamação do ouvido) recorrente e/ou obstrução das vias nasais", diz.

Segundo a pediatra Lucila Bizari Fernandes do Prado, coordenadora do Laboratório de Sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a difusão do uso dos antibióticos, depois da Segunda Guerra Mundial, contribuiu para a diminuição da adenoamigdalectomia (cirurgia de remoção das tonsilas palatinas e faríngea).

A hipertrofia das tonsilas também é a grande causadora da chamada síndrome da apnéia obstrutiva do sono. De acordo com a pediatra da Unifesp, o diagnóstico da apnéia do sono se tornou, nos anos 90, um motivo freqüente para a retirada desses tecidos.

A parada respiratória (ou apnéia) durante a noite causa microdespertares que têm como conseqüências, nos adultos, sonolência diurna, perda de memória e diminuição da libido.

"A criança é mais sensível. A apnéia pode causar danos no cérebro e, por tabela, dificuldades no aprendizado", afirma a pediatra Lucila.

Não há dúvidas de que a retirada das amígdalas e/ou da adenóide seja uma operação sem grandes complicações. Mas, segundo Shirley Pignatari, chefe da disciplina de Otorrinolaringologia Pediátrica da Unifesp, no caso das amígdalas, o pós-operatório exige cuidados.

"Independentemente da técnica cirúrgica, a recuperação costuma ser mais dolorosa, necessitando quase sempre de analgésicos. Embora os pacientes freqüentemente possam receber alta hospitalar no mesmo dia, não é incomum que permaneçam internados por, pelo menos, um dia", diz Pignatari.

E, afinal, como fica o nosso sistema imunológico sem elas?

Segundo a médica, as amígdalas e a adenóide representam apenas um entre muitos sítios de defesa imunológica que se encontram espalhados ao longo da via respiratória e digestiva e em outras regiões do corpo humano. Portanto não são essenciais para a defesa do organismo. "Quando a cirurgia é bem indicada, o paciente fica menos vulnerável às infecções das vias respiratórias", diz.

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