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28/10/2004 - 08h13

"Papa" do colesterol diz que doença é produzida por hábito e genética

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ANA PAULA DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo

Responsável por coordenar a pesquisa que resultou na aprovação de uma nova classe de medicamento para tratar o colesterol alto, o médico inglês Christopher Allen, 40, esteve no Brasil durante o 59º Congresso Brasileiro de Cardiologia, que aconteceu no Rio de Janeiro, no final do mês passado, para divulgar à comunidade médica os resultados sobre a combinação de duas substâncias (ezetimiba e estatina) no combate ao desequilíbrio. Ambas já conhecidas, elas agora são usadas em um mesmo comprimido: os dados da pesquisa constataram que a combinação pode reduzir em até 70% o nível de LDL, o chamado colesterol "ruim". E, como contou em entrevista ao Equilíbrio, os benefícios de sua descoberta não favoreceram somente os outros: ele mesmo utiliza a sua inovação.

Folha - Por que o colesterol é o grande vilão dos últimos tempos?
Christopher Allen -
Na década de 60 descobriu-se que muitos americanos, à medida que envelheciam, morriam por causa do aumento do colesterol, que danifica progressivamente os vasos sangüíneos e eleva o risco de uma pessoa sofrer um ataque do coração. Em populações com colesterol baixo quase não há doenças do coração.

Folha - As pessoas hoje morrem mais por causa do colesterol?
Allen -
De certa maneira, essa é uma doença nova. Em tempos remotos, a população do Brasil, por exemplo, morria por outros motivos, como doenças parasitárias. Mas não é que ninguém morria devido ao colesterol alto: simplesmente a causa não era reconhecida. Identificadas as causas, hoje sabe-se que o aumento tem a ver com a mudança de hábitos cotidianos, principalmente alimentares.

Folha - Todos que têm colesterol alto devem tomar medicação?
Allen -
É necessário sempre orientar o paciente a consumir menos gordura e praticar exercícios físicos. Essa combinação é fundamental. Contudo, se isso não adiantar, a medicação deve ser prescrita. Mas, mesmo assim, a pessoa deve continuar a praticar exercícios, pois eles ajudam a queimar a gordura, e a manter a dieta livre de gordura.

Folha - O colesterol deve estar associado a outras doenças para ser perigoso à saúde ou, por si só, já representa uma ameaça?
Allen -
Por si só, o colesterol pode ser um fator para o desenvolvimento de doenças do coração, porém, se um nível alto dessa substância estiver associado a outros fatores como tabagismo e alimentação gordurosa, o risco aumenta muito.

Folha - Quais são os mitos do colesterol? Por exemplo, comer marisco realmente eleva o índice?
Allen -
Existem muitos mitos --e verdades que parecem mitos. Por exemplo, o que é verdadeiro é que cerca de dois terços do colesterol são produzidos no fígado e um terço é ingerido com a alimentação. Então, se em sua herança genética há predisposição a produção maior de colesterol no fígado, não adianta apenas consumir alimentos com baixo teor de gordura. É verdade que mariscos são ricos em colesterol, mas, se existir essa hereditariedade, a pessoa produzirá bastante colesterol mesmo sem comer mariscos nunca.

Folha - O senhor tem colesterol alto?
Allen -
Sim. Meu colesterol está acima do normal e estou tomando medicação. O que acontece é que estou envelhecendo. À medida que ficamos mais velhos, também por esse motivo precisamos checar regularmente a taxa.

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