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18/11/2004 - 09h51

Bicicleta é apontada como opção para humanizar o trânsito

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da Folha de S.Paulo

O país vive uma carnificina no trânsito", afirma Renato Boareto, diretor do Departamento de Mobilidade Urbana da Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana, que contabiliza cerca de 30 mil mortes e 320 mil feridos em acidentes de trânsito por ano no Brasil. Desses, 120 mil adquirem uma deficiência permanente. "São números de guerra."

Ele é um dos responsáveis pela execução do "Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta - Bicicleta Brasil", lançado há dois meses pelo Ministério das Cidades, que tem como objetivo inserir e ampliar o transporte por meio da bicicleta como forma de deslocamento urbano, promover sua integração aos sistemas de transportes coletivos, estimular os governos municipais lançarem sistemas cicloviários e um conjunto de ações que garantam a segurança de ciclistas nos deslocamentos urbanos.

"Observamos que hoje, em cidades grandes e pequenas, as pessoas estão utilizando muito a bicicleta como meio de transporte mesmo sem ter estruturas eficientes. Precisamos orientar e capacitar os municípios para que haja uma política de incorporação da bicicleta nos planos de mobilidade. A abordagem é humanizar o trânsito", diz Boareto. Segundo ele, o Brasil tem apenas cerca de 600 quilômetros de ciclovias construídas.

De acordo com levantamentos da Associação Nacional de Transportes Públicos (www.antp.org.br), a bicicleta é responsável por 7,4% dos deslocamentos urbanos. São 250 mil viagens por dia para uma frota de 50 milhões de bicicletas --o dobro do número de automóveis--, cujo crescimento dobrou nos últimos dez anos.

Para o arquiteto e urbanista Sérgio Bianco, 57, coordenador do Comissão de Circulação e Urbanismo da ANTP, é preciso agregar valores às viagens do ciclista. "Hoje em dia ainda há muito preconceito. O ciclista é visto como um louco. Precisamos de novos paradigmas comportamentais", afirma Bianco.
Há dois anos sem carro e adepto da bicicleta como meio de transporte, o arquiteto acredita que é preciso muito mais que ciclovias para se chegar a uma sistema cicloviário ideal.

Ciclovias

As ciclovias (pistas com separações físicas) precisam ser integradas com ciclofaixas (pistas com separações visuais) e áreas de circulação partilhadas com outros veículos, sinalizadas com placas, semáforos e no asfalto.

Um ponto fundamental é a integração com outros meios de transporte coletivos (trens, metrôs e ônibus) por meio de bicicletários (estacionamentos para bicicletas) instalados nos terminais. A instalação de paraciclos (lugar para prender bicicletas) em escolas, universidades e prédios públicos também ajudam a propagar a cultura da bicicleta.

Bianco também defende a criação de uma cartilha de pilotagem defensiva. "Pilotagem defensiva é ter absoluta consciência que a bicicleta é o meio de transporte mais vulnerável no trânsito.

Um exemplo de bicicletário bem-sucedido é o da estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) de Mauá (SP), que abriga cerca de mil bicicletas por dia.

São Paulo tem 23 km de ciclovias construídas dos 300 km planejados. Muitas delas são subutilizadas, como a que liga o largo da batata à avenida Pedroso de Morais, na região oeste da cidade.

"Não adianta fazer uma ciclovia ligando o nada ao lugar nenhum. É preciso criar trajetos objetivos para o ciclista. Seria muito fácil fazer um caminho sinalizado para ciclistas do Metrô Vila Mariana até o parque Ibirapuera, por exemplo", afirma Bianco.

Segundo o presidente da ONG Associação Bike Brasil, Bill Presada, é muito importante incorporar a bicicleta ao fluxo normal do trânsito. "Não quero e não preciso ser segregado do trânsito. Temos uma lei que diz que a bicicleta é um veículo. Tenho que ter meu espaço na via. Só precisamos ser respeitados", afirma Presada.

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