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17/04/2008 - 08h36

Aderência dos lábios vaginais pode acometer meninas de até dez anos

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JULLIANE SILVEIRA
da Folha de S.Paulo

Há vários nomes para o problema -sinequia, coalescência ou fusão dos pequenos lábios vaginais-, mas todos resumem a mesma disfunção, que pode acometer meninas até por volta dos dez anos de idade: a aderência dos pequenos lábios vaginais.

Juriah Mosin/Shutterstock
Bebês e garotas até dez anos podem ter aderência dos lábios vaginais, conhecida como sinequia
Bebês e garotas até dez anos podem ter aderência dos lábios vaginais -- sinequia

As causas do problema, que é mais freqüente em bebês de até um ano e meio, ainda não são totalmente conhecidas, mas são relacionadas à baixa produção de estrogênio -natural nessa fase da vida. "Esse hormônio atua em todas as camadas da pele e melhora a vascularização da região", explica a ginecologista Marair Gracio Sartori, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Com o hipoestrogenismo, a região fica mais vulnerável à má cicatrização, o que pode fazer com que os lábios grudem. "Quando ausente [o hormônio], favorece-se a irritação ou um processo infeccioso na área", diz a ginecologista Mônica Lopez Vazquez, presidente do departamento de ginecologia da SBP-SP (Sociedade Brasileira de Pediatria-regional São Paulo).

Infecções crônicas por causa de higiene inadequada, traumas na região (como pequenas batidas) ou dermatites -causadas pela fralda ou pela calcinha- podem gerar pequenas feridas e favorecer a aderência. "Os pequenos lábios das meninas são internos, diferentemente dos das mulheres adultas, mais exteriorizados, e isso também facilita a sinequia", diz Luiz Cervoni, pediatra e diretor clínico do Hospital São Luiz-Unidade Anália Franco.

Assim, os pais devem ficar atentos a qualquer irritação na região. "Deve-se buscar o médico para identificar o causador da irritação e tirá-lo de cena", aconselha Vazquez. Ainda que uma infecção não leve, necessariamente, à fusão dos lábios vaginais, geralmente esse problema surge de um quadro irritativo.

Tamanho

Os pais normalmente têm dificuldade para identificar o problema, porque o tamanho da sinequia é variável: algumas são pequenas, outras são fechadas até a uretra.

Especialmente nos casos menores, quem percebe é o especialista, como aconteceu com a artesã Iraneide Carvalho Ribeiro, 37. Sua filha, hoje com nove anos, nasceu com os lábios vaginais grudados, mas isso só foi diagnosticado depois de sete meses. "Não havia notado, via que o canal da uretra estava aberto e, para mim, estava tudo bem", conta. Depois que a filha passou pela primeira cirurgia, voltou a ter o problema e teve de ser operada novamente aos três anos, desta vez por iniciativa da mãe, que conseguiu enxergar a disfunção.

A cirurgia, segundo especialistas, raramente é necessária. "Operar não é indicado na maioria dos casos, porque, se a região for cortada, há risco de a criança ter uma nova sinequia ainda mais grossa e fibrosa", diz Mônica Vazquez, da SBP.

Uma massagem com creme à base de estrogênio ajuda a desprender os lábios vaginais. A pomada deve ser usada com supervisão médica, pois o hormônio pode ser absorvido e, em doses ou períodos maiores do que os recomendados, pode pigmentar a região e gerar uma pseudopuberdade precoce.

Não tratar a sinequia pode levar ao acúmulo de secreção no local, o que aumenta o risco de infecções, e à retenção urinária, caso atinja a uretra.

Em adultas

Embora pouco comum, mulheres adultas, especialmente as inativas sexualmente e na pós-menopausa, também podem sofrer de coalescência dos pequenos lábios. O principal motivo também é a baixa produção de estrogênio, que precisa estar associada a outras causas, como traumas (roupa apertada, por exemplo), feridas na região ou infecções urinárias e vaginais.

O líquen escleroso, uma doença de pele, quando acomete a região genital, também pode desencadear a fusão em qualquer idade. "Por isso, mesmo quem não tem relações sexuais precisa fazer exames ginecológicos de rotina", alerta Sartori, da Unifesp.

Para o tratamento, são usados cremes de base hormonal e, em casos mais sérios, manobra digital (descolamento com a ajuda das mãos) e até cirurgia. A obstrução da região pode causar dor, infecções, mau cheiro, corrimento e assadura.

 

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