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01/09/2005
-
13h02
FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo
Segundo os acupunturistas, uma região do corpo que exige cautela na hora da aplicação das agulhas é a orelha. Por se tratar de uma área com muita cartilagem e poucos vasos sangüíneos, é maior o risco de que ocorra uma inflamação que pode até levar à necrose. Alguns profissionais chegam a desaconselhar o uso de agulhas permanentes no local --aquelas que ficam presas por esparadrapos por alguns dias.
"Nesse caso, a infecção ocorre pelo trauma, já que a agulha vai mexendo e machucando a região", explica Norton Moritz Carneiro, diretor do Centro de Estudos Avançados de Acupuntura Médica. Ele diz que a colocação de sementes de mostarda, muito usadas, diminui a chance de que isso ocorra. Para Carneiro, a acupuntura é um procedimento cirúrgico. "Você usa um instrumento invasivo, perfura a pele e entra no território corporal."
Apesar de rara, a transmissão de doenças como hepatite e Aids também pode ocorrer pelas agulhas. Por esse motivo, os especialistas recomendam usar agulhas descartáveis. Mesmo as individuais, reservadas para o uso de cada paciente, não são consideradas totalmente seguras, já que bactérias podem crescer entre uma sessão e outra e contaminar a própria pessoa na vez seguinte. "A prática disseminada no Brasil de guardar agulhas em tubos de ensaio com algodão protege o paciente contra HIV e hepatite. Mas não o livra de ter uma infecção, já que as agulhas ficam com secreções que viram meio de cultura para bactérias e fungos", alerta Jerusa Alecrim.
Hong Jin Pai, médico acupunturista do HC (Hospital das Clínicas) da USP e diretor do Colégio Médico de Acupuntura, cita um teste feito por sua equipe no qual agulhas usadas em 32 pacientes foram colocadas em um caldo especial para o crescimento de bactérias. "Entre elas, 47% se mostraram contaminadas." Segundo ele, o aparelho de autoclave (um tipo de esterilizador) é o único capaz de esterilizar uma agulha não-descartável. "O álcool, nesses casos, não serve para coisa nenhuma", afirma.
Descartáveis ou não, alguns acupunturistas acabam esquecendo as agulhas no corpo do paciente. "Não é incomum. Como o profissional pode usar 20, 25 agulhas, alguma pode ser esquecida, por exemplo, no couro cabeludo. Nesse caso, o cuidado é que, dependendo do local, ela pode acabar perfurando um órgão", diz o médico Ysao Yamamura, chefe do setor de medicina chinesa e acupuntura da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A recomendação é que os acupunturistas contem as agulhas ao colocá-las e ao retirá-las.
Rui Tanigawa, conselheiro da diretoria do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e vice-presidente da Amba (Associação Médica Brasileira de Acupuntura), lembra também que há pessoas com hipersensibilidade às agulhas: "Podem acontecer um mal-estar, reações desfavoráveis e desmaios. Nem todos reagem da mesma forma".
Foi o que aconteceu com o professor de epidemiologia Heleno Rodrigues Corrêa Filho, 55, que procurou uma acupunturista para aliviar as dores ocasionadas por um problema no menisco do joelho esquerdo. "Em vez de deixar de sentir dor, passei muito mal e tive uma crise de hipoglicemia, com pressão arterial baixa, taquicardia e desmaio. Dependendo do nível da dor, agora prefiro a própria dor", diz.
Colaborou Marcos Dávila
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Região do corpo que exige cautela é a orelha
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da Folha de S.Paulo
Segundo os acupunturistas, uma região do corpo que exige cautela na hora da aplicação das agulhas é a orelha. Por se tratar de uma área com muita cartilagem e poucos vasos sangüíneos, é maior o risco de que ocorra uma inflamação que pode até levar à necrose. Alguns profissionais chegam a desaconselhar o uso de agulhas permanentes no local --aquelas que ficam presas por esparadrapos por alguns dias.
"Nesse caso, a infecção ocorre pelo trauma, já que a agulha vai mexendo e machucando a região", explica Norton Moritz Carneiro, diretor do Centro de Estudos Avançados de Acupuntura Médica. Ele diz que a colocação de sementes de mostarda, muito usadas, diminui a chance de que isso ocorra. Para Carneiro, a acupuntura é um procedimento cirúrgico. "Você usa um instrumento invasivo, perfura a pele e entra no território corporal."
Apesar de rara, a transmissão de doenças como hepatite e Aids também pode ocorrer pelas agulhas. Por esse motivo, os especialistas recomendam usar agulhas descartáveis. Mesmo as individuais, reservadas para o uso de cada paciente, não são consideradas totalmente seguras, já que bactérias podem crescer entre uma sessão e outra e contaminar a própria pessoa na vez seguinte. "A prática disseminada no Brasil de guardar agulhas em tubos de ensaio com algodão protege o paciente contra HIV e hepatite. Mas não o livra de ter uma infecção, já que as agulhas ficam com secreções que viram meio de cultura para bactérias e fungos", alerta Jerusa Alecrim.
Hong Jin Pai, médico acupunturista do HC (Hospital das Clínicas) da USP e diretor do Colégio Médico de Acupuntura, cita um teste feito por sua equipe no qual agulhas usadas em 32 pacientes foram colocadas em um caldo especial para o crescimento de bactérias. "Entre elas, 47% se mostraram contaminadas." Segundo ele, o aparelho de autoclave (um tipo de esterilizador) é o único capaz de esterilizar uma agulha não-descartável. "O álcool, nesses casos, não serve para coisa nenhuma", afirma.
Descartáveis ou não, alguns acupunturistas acabam esquecendo as agulhas no corpo do paciente. "Não é incomum. Como o profissional pode usar 20, 25 agulhas, alguma pode ser esquecida, por exemplo, no couro cabeludo. Nesse caso, o cuidado é que, dependendo do local, ela pode acabar perfurando um órgão", diz o médico Ysao Yamamura, chefe do setor de medicina chinesa e acupuntura da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A recomendação é que os acupunturistas contem as agulhas ao colocá-las e ao retirá-las.
Rui Tanigawa, conselheiro da diretoria do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e vice-presidente da Amba (Associação Médica Brasileira de Acupuntura), lembra também que há pessoas com hipersensibilidade às agulhas: "Podem acontecer um mal-estar, reações desfavoráveis e desmaios. Nem todos reagem da mesma forma".
Foi o que aconteceu com o professor de epidemiologia Heleno Rodrigues Corrêa Filho, 55, que procurou uma acupunturista para aliviar as dores ocasionadas por um problema no menisco do joelho esquerdo. "Em vez de deixar de sentir dor, passei muito mal e tive uma crise de hipoglicemia, com pressão arterial baixa, taquicardia e desmaio. Dependendo do nível da dor, agora prefiro a própria dor", diz.
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