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29/09/2005 - 11h55

Do hobby às terapias, novos adeptos descobrem a jardinagem

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MARCOS DÁVILA
da Folha de S.Paulo

Enquanto a primavera desponta, novos adeptos da jardinagem surgem qual maria-sem-vergonha na cerca. Em pequenos ou grandes espaços, em apartamentos ou ao ar livre, os jardins ganham atenção especial e funções mais diversificadas: meditação, gastronomia, relaxamento, sociabilidade.

Além de ser um hobby cada vez mais procurado, o cuidado com as plantas e flores pode colher múltiplos resultados: do tratamento de distúrbios mentais --como mostram projetos desenvolvidos nas universidades federais do Rio de Janeiro e do Espírito Santo-- ao relaxamento obtido em spas --que apostam em jardins exuberantes para atrair mais hóspedes.

De acordo com Teodoro Henrique da Silva, diretor da maior feira de negócios da área, a Fiaflora Expogarden, que chega à sua oitava edição no início de outubro, o crescimento do setor gira em torno de 15% e 20% ao ano. "A diversificação de produtos e serviços aumentou bastante. Neste ano, vamos realizar pela primeira vez um encontro entre empresários da América Latina e da Europa", afirma Silva.

Para o arquiteto Eduardo Barra, presidente da Abap (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas), o mercado está em "total expansão". "Trabalho há 31 anos na área e nunca assisti a um fenômeno como esse", afirma Barra, que atribui esse crescimento gradativo a três fatores: a progressão da consciência ecológica da população, a legislação ambiental brasileira, "cada vez mais criteriosa e mais exigente em relação à preservação" e o interesse econômico da classe empresarial. "Isso passou a ser um assunto. As pessoas trocam mudas de plantas", afirma. Ele acredita que, atualmente, os jardins em espaços pequenos são o grande desafio para a maior parte dos paisagistas.

SPA

Além dos banhos, das massagens, das dietas e dos exercícios tradicionais, as flores também estão ganhando lugar de destaque em alguns spas de São Paulo.

Localizado a 87 km da capital paulista, o spa Fazenda Iguaratá oferece aulas de técnicas de reflorestamento em uma área de dois alqueires e meio de mata atlântica preservada e mais um alqueire e meio de espaço reflorestado.

"É uma forma de as pessoas desestressarem, de interromperem o cotidiano e voltarem a atenção para si mesmas", afirma o biólogo Lito Fernandes, 39, gestor ambiental do spa, que orienta os visitantes na produção de mudas feitas em duas estufas. Depois, as plantas são levadas para a área de reflorestamento, para os jardins ou para uma horta orgânica. Uma terceira estufa abriga as ervas medicinais.

Segundo ele, a maior parte dos hóspedes mora em apartamentos e nunca teve contato com a terra. "Explicamos como adequar o solo, como escolher a terra, a profundidade em que se põe a semente ou a muda. Tem gente que descobre esse lado jardineiro e vem ao spa só para participar dessas atividades", diz o biólogo. Na volta, os hóspedes ganham um kit de sementes e vasos para levar para casa. "É uma forma de estimulá-los para que eles cultivem isso também na cidade", diz Fernandes.

Inaugurado no começo deste ano, o megaempreendimento Unique Garden (entre Atibaia e Mairiporã, a 50 km de São Paulo), também utiliza seus 300 mil m2 ajardinados como atrativo.

"O lugar é basicamente composto por jardins. O impacto visual é muito grande", afirma o engenheiro agrônomo Fernando Lima Lopes da Cruz, que organiza visitas monitoradas às estufas do spa, onde são ensinadas as técnicas da produção das flores que abastecem os viveiros locais.

Há ainda um orquidário, três estufas para o cultivo de hortaliças e duas hortas externas com produção orgânica, um ervanário com 200 espécies de plantas medicinais e um jardim com ervas condimentares.

A procura por condimentos e ingredientes frescos levou o chef Carlos Siffert, 39, a fazer seu próprio jardim de ervas no terraço de seu apartamento, na região central de São Paulo, onde cultiva tomilho, orégano, alecrim, melissa e manjerona em grandes vasos de barro.

"Não sou jardineiro, então tenho plantas fáceis de cuidar. Mas, às vezes, insisto em algumas ervas menos persistentes, que são muito difíceis de achar no comércio", diz o chef.

Uma delas é o cerefólio, uma erva aromática com a aparência de uma "salsinha em miniatura". "Ela é usada para finalizar certas receitas. Tem um sabor bem delicado e serve para decorar pratos com peixe e saladas. Como não é picada nem cozida, vai praticamente do vaso para o prato", afirma o chef, que nunca teve queda pela jardinagem, mas, por conta das ervas, ficou mais próximo da terra. "Todo dia dou uma olhadinha de uns 15 minutos. E o ato de colher as ervas já serve como uma poda."

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