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20/10/2005 - 09h40

Escarlatina é uma das doenças infantis que aumentam nesta época do ano

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FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S. Paulo

"A escarlatina é uma infecção de garganta fantasiada de vermelho." É com essa brincadeira que o infectologista infantil Alfredo Gilio, coordenador da Clínica de Imunização do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, costuma definir a doença para seus pacientes. De fato, essa enfermidade típica da infância é causada pela mesma bactéria que provoca a amidalite --um estreptococo. A diferença é que, no caso da escarlatina, é gerada uma toxina que causa os chamados exantemas (manchas vermelhas na pele).

A doença afeta principalmente crianças e adolescentes e, assim como a catapora e a rubéola, se manifesta com mais freqüência na primavera.

"Não se sabe por que, mas alguns vírus e bactérias ficam mais ativos nesta época. Tem a ver com variações dos próprios agentes", diz Gilio.

Temida até o início do século passado, quando ainda não existia a penicilina, hoje a escarlatina pode ser controlada sem muitos problemas com antibióticos. "A bactéria que causa a escarlatina é altamente sensível à penicilina. Por isso, não é para se assustar", diz a pediatra Luiza Helena Falleiros, da Sociedade Brasileira de Pediatria. O importante é ficar de olho para que a doença não seja confundida com outras manifestações, como alergias ou doenças que também causam manchas vermelhas.

Uma característica das manchas causadas pela escarlatina é a textura --em geral, a pele fica áspera, parecendo uma lixa. A cor delas, de um vermelho vivo, escarlate, é responsável pelo nome da doença. "Os principais sintomas são febre, garganta inflamada e, em seguida, manchas vermelhas, principalmente no tórax e no abdome. Dias depois, a pele descama. A língua fica vermelha e áspera e a região em volta da boca fica pálida", descreve o pediatra Luiz Cervone, do hospital São Luiz.

Há duas semanas, Guilherme Trópico, 5, teve os sintomas acima, que confundiram sua mãe, Fernanda Trópico, 33, que suspeitou de rubéola. "Quando soube o que era, minha irmã chegou a dizer que era grave e que ele teria que ficar trancado em casa. Mas ele tomou antibiótico e já está bem", conta Fernanda.

Bruno, 4, e Rafael Balsimelli, 3, costumam ter infecções de garganta. Por causa de uma delas, na última semana, a mãe deles, Tamara Balsimelli, 27, chegou a pensar que eles tivessem contraído escarlatina pela segunda vez, até que o médico esclareceu que quem tem a doença não a manifesta novamente. "No ano passado, o mais velho transmitiu para o irmão. Neste ano, pensei que pudesse ser de novo, ainda mais que uma colega deles teve escarlatina há uma semana", diz Tamara.

LONGE DA ESCOLA

Assim como a catapora, velha conhecida dos pais, a escarlatina é contagiosa. Por isso, quem tem a doença não deve ter contato com outras crianças. "Antigamente, as escolas não avisavam. Hoje, é muito positivo que elas mandem circulares para os pais para que a doença possa ser detectada precocemente", diz o pediatra Bernardo Ejzenberg, do Hospital Universitário da USP (Universidade de São Paulo).

A pediatra Ana Maria Escobar, chefe do setor de pediatria do hospital Santa Catarina, em São Paulo, lembra que crianças com febre que ainda não tiveram um diagnóstico não devem ir à escola. "Muitos pais mandam os filhos para a aula achando que é uma gripe. Logo depois, aparecem as manchas e se descobre que é um estreptococo", adverte.

Em alguns casos, crianças que têm convivência muito próxima com o doente podem ser orientadas a tomar antibiótico de forma preventiva. Foi o que aconteceu com Sofia Galvão Byington, de 15 meses. Há 15 dias, seu irmão, Vinícius, 3, e sua mãe, Veridiana Galvão, 33, contraíram escarlatina. Apesar de ser mais freqüente em crianças, que têm imunidade mais baixa, a doença pode atingir adultos.

"Primeiro, foi o Vinícius. Depois, meu teste para estreptococos deu positivo. A Sofia tinha febre, não fez o exame, mas tomou antibiótico para evitar", diz Veridiana. O exame ao qual ela se refere é o teste rápido para estreptococos, que tem esse nome por gerar o resultado em apenas meia hora.

Não há vacinação contra a escarlatina. "O único cuidado é tratar direitinho para não ter complicações. Se não for combatida, a escarlatina pode dar nefrite, que causa inflamação nos rins, e febre reumática, essas sim doenças muito mais graves", diz Ana Maria Escobar.

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