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17/11/2005
-
11h39
FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo
Para a psicóloga Joice Peters, da moradia para idosos e centro-dia Remanso, em Curitiba, as atividades com arte podem ajudar, mas também confundir. "Muitos pacientes gostam, mas, quando eles não enxergam bem, a visita pode confunfir e piorar a auto-estima."
A escolha por trabalhar com imagens abstratas é um dos pontos que têm de ser avaliados, para a neuropsicóloga Jacqueline Abrisqueta-Gomez, coordenadora clínica do Serviço de Atendimento e Reabilitação ao Idoso da Unifesp. "Pode contribuir para uma certa desestruturação, para a qual eles já têm tendência. É preciso analisar bem os perfis", afirma.
Ela lembra que a arteterapia é só uma possibilidade entre as várias práticas de reabilitação. "O objetivo é fazer com que o paciente continue realizando tarefas cotidianas. Procuramos, por exemplo, evitar a perda da temporalidade, marcando datas como feriados e eleições políticas", exemplifica.
No Pará, a Abraz regional trabalha a manutenção da noção de tempo por meio de concursos de arte temáticos em datas comemorativas como o Natal e as festas juninas.
Segundo Abrisqueta-Gomez, as técnicas de reabilitação --que ela prefere chamar de "intervenções neuropsicológicas" no caso de pacientes com doenças degenerativas progressivas-- são negligenciadas por muitos familiares, que acabam deixando o paciente em casa.
Para o psiquiatra Cássio Bottino, coordenador do Projeto Terceira Idade do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo), mesmo entre os médicos elas são pouco disseminadas. Estudos de seu grupo mostram que pacientes que associam a medicação ao trabalho de reabilitação têm vantagens em relação àqueles que só usam remédios. No fim do mês, será publicado na revista científica "Arquivos de Neuropsiquiatria" o resumo de um projeto elaborado pela USP e pela Unifesp que analisará o impacto de algumas técnicas da reabilitação em pacientes com Alzheimer.
De acordo com o psiquiatra Jerson Laks, coordenador do Centro para Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Desordens Mentais na Velhice, da UFRJ, sabe-se que o uso de medicamentos nas fases leve e moderada pode retardar a evolução da doença em cerca de um ano. Não há estudos, no entanto, que mostrem esses índices no caso da reabilitação.
Em relação a essas técnicas, a falta de pesquisas científicas com um grande número de pacientes é um problema relatado por vários profissionais. Muito do que se sabe sobre elas vem da observação empírica e de estudos de caso. Uma das dificuldades é usar as metodologias tradicionais. "Com remédios, podemos fazer um estudo duplo-cego, no qual nem médicos nem pacientes sabem se eles estão tomando o princípio ativo ou um placebo. Mas como fazer isso com arteterapia? Não dá. É preciso procurar uma metodologia adequada e confiável para essas pesquisas", diz Lacks.
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da Folha de S.Paulo
Para a psicóloga Joice Peters, da moradia para idosos e centro-dia Remanso, em Curitiba, as atividades com arte podem ajudar, mas também confundir. "Muitos pacientes gostam, mas, quando eles não enxergam bem, a visita pode confunfir e piorar a auto-estima."
A escolha por trabalhar com imagens abstratas é um dos pontos que têm de ser avaliados, para a neuropsicóloga Jacqueline Abrisqueta-Gomez, coordenadora clínica do Serviço de Atendimento e Reabilitação ao Idoso da Unifesp. "Pode contribuir para uma certa desestruturação, para a qual eles já têm tendência. É preciso analisar bem os perfis", afirma.
Ela lembra que a arteterapia é só uma possibilidade entre as várias práticas de reabilitação. "O objetivo é fazer com que o paciente continue realizando tarefas cotidianas. Procuramos, por exemplo, evitar a perda da temporalidade, marcando datas como feriados e eleições políticas", exemplifica.
No Pará, a Abraz regional trabalha a manutenção da noção de tempo por meio de concursos de arte temáticos em datas comemorativas como o Natal e as festas juninas.
Segundo Abrisqueta-Gomez, as técnicas de reabilitação --que ela prefere chamar de "intervenções neuropsicológicas" no caso de pacientes com doenças degenerativas progressivas-- são negligenciadas por muitos familiares, que acabam deixando o paciente em casa.
Para o psiquiatra Cássio Bottino, coordenador do Projeto Terceira Idade do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo), mesmo entre os médicos elas são pouco disseminadas. Estudos de seu grupo mostram que pacientes que associam a medicação ao trabalho de reabilitação têm vantagens em relação àqueles que só usam remédios. No fim do mês, será publicado na revista científica "Arquivos de Neuropsiquiatria" o resumo de um projeto elaborado pela USP e pela Unifesp que analisará o impacto de algumas técnicas da reabilitação em pacientes com Alzheimer.
De acordo com o psiquiatra Jerson Laks, coordenador do Centro para Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Desordens Mentais na Velhice, da UFRJ, sabe-se que o uso de medicamentos nas fases leve e moderada pode retardar a evolução da doença em cerca de um ano. Não há estudos, no entanto, que mostrem esses índices no caso da reabilitação.
Em relação a essas técnicas, a falta de pesquisas científicas com um grande número de pacientes é um problema relatado por vários profissionais. Muito do que se sabe sobre elas vem da observação empírica e de estudos de caso. Uma das dificuldades é usar as metodologias tradicionais. "Com remédios, podemos fazer um estudo duplo-cego, no qual nem médicos nem pacientes sabem se eles estão tomando o princípio ativo ou um placebo. Mas como fazer isso com arteterapia? Não dá. É preciso procurar uma metodologia adequada e confiável para essas pesquisas", diz Lacks.
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