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19/01/2006 - 13h24

Tocador digital pode ser arriscado para audição

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TATIANA DINIZ
da Folha de S.Paulo

Atual campeão entre os sonhos de consumo, os iPods e outros tocadores de MP3 estão acentuando o risco de perda auditiva por exposição sonora inadequada, alertam os especialistas.

São dois os motivos que fazem dos moderninhos aparelhos mais arriscados para os usuários: o primeiro é a grande capacidade de memória e a durabilidade das baterias, que permitem o uso continuado durante horas seguidas. Para ter uma idéia, um dos atrativos do lançamento mais recente da marca Apple é a bateria que dura até 20 horas seguidas. O segundo fator preocupante é o design dos fones, criados para serem postos dentro do ouvido, diferentemente dos modelos mais antigos --e menos danosos-- que cobriam a orelha.

"Os fones de inserção são mais perigosos porque potencializam o som. Quando a fonte sonora é externa, há uma perda de energia vibratória no caminho entre ela e o ouvido. Com o fone dentro do ouvido, a energia vai toda", comenta a fonoaudióloga Adriana Giora, do Centro Auditivo Telex no Rio de Janeiro.

Yotaka Fukuda, professor de otorrinolaringologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que problemas auditivos decorrentes do uso de fones "não são novidade". De fato, uma pesquisa realizada com 908 estudantes de São Paulo em 1996 já apontava que 64% deles usavam fones de ouvido e 18% recorriam exclusivamente a esse tipo de fonte sonora para ouvir música. Desses 18%, 9,4% já apresentavam algum comprometimento auditivo.

O especialista explica que os abusos levam à degeneração das células sensoriais localizadas na cóclea (estrutura mais interna do ouvido), que transformam a energia vibratória em estímulo elétrico e o transmitem ao cérebro. "Essas células têm um limite de resistência à energia sonora", ressalta. "Se, ao desligar o equipamento, o usuário tem uma sensação de perda auditiva transitória, já deve ficar atento."

Controlar o tempo de exposição ao fone de ouvido e não sucumbir à tentação de explorar toda a potência do volume são outros cuidados recomendados para proteger a audição.

Um ano após ter comprado um iPod e utilizá-lo diariamente de quatro a seis horas seguidas, o designer gráfico Ivan Goersch, 33, conta que começou a perceber alguns sinais de perdas auditivas. "Não ouço mais como antigamente. Hoje perco partes das conversas e, nos ambientes barulhentos, piora muito", diz.

Goersch diz que já está pensando em procurar um especialista para fazer uma avaliação da perda. "Nunca uso o iPod no volume total, mas já houve horas em que precisei desligar porque o ouvido estava doendo."

Adriana Giora explica que, para fazer uma avaliação de perda auditiva, deve-se procurar um otorrinolaringologista. Esse especialista encaminhará o paciente para um fonoaudiólogo, que realizará uma série de testes-diagnósticos para checar se o caso é recuperável.

Pessoas que já sofreram trauma acústico --lesão provocada por um episódio específico como o estampido de uma arma ou a exposição a uma grande carga sonora-- devem redobrar os cuidados.

O desenhista Ricardo Machado, 33, sofreu trauma acústico assistindo a um show da banda Ramones. "Não uso fone de ouvido há seis anos, senão fico louco. Ouço zunidos 24 horas por dia, e a poluição sonora me deixa exausto, atordoado e nervoso", diz.

"Quem sofre trauma acústico desenvolve uma irritabilidade extra ao som", afirma Adriana Giora. "Mas não é só a exposição sonora que determina a perda auditiva. O componente genético também é determinante."

A higiene dos fones de ouvido também merece atenção. Modelos de esponja são mais propensos a reter sujeira. Hoje, no mercado, já é possível encontrar até fones com removedor de cera de ouvido.

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