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20/04/2006
-
10h50
IARA BIDERMAN
Colaboração para a Folha de S.Paulo
PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
Editora de Suplementos da Folha de S.Paulo
TATIANA DINIZ
da Folha de S.Paulo
Em um mundo em que, a todo momento, o apelo publicitário de um novo produto promete mil maravilhas para a sua pele, os especialistas apontam para o risco constante de engodos. Segundo eles, não faltam nas prateleiras fórmulas "milagrosas" que não contam com nenhum tipo de respaldo científico nem têm efeito comprovado. Eles alertam para o fato de que esse mercado é alimentado por consumidores que encaram a prevenção do envelhecimento de modo não-realista e acabam perdem a noção do quanto podem ser enganados.
"O culto esotérico e pseudocientífico à beleza é um fenômeno antigo. Ao longo do tempo, comerciantes prometeram a fonte da juventude e da beleza eterna. Pessoas motivadas a permanecer para sempre jovens são facilmente ludibriadas. E muitas delas adoram ser enganadas. Enquanto houver pessoas não-realistas, haverá cosméticos fraudulentos", analisa Douglas Altechk.
"Tem estúpido para comprar tudo neste mundo. Só que não dá para ir ao médico como quem vai a uma cartomante. Há quem pague caro para que um dermatologista picareta diga o que quer ouvir, para receber a receita do tratamento que viu na revista. Esse tipo de paciente reforça o estelionato dermatológico. Por isso há maus profissionais que investem R$ 30 mil em um serviço de assessoria de imprensa e, desse modo, vendem hoje o que bem querem", revela Jayme de Oliveira Filho.
"Não existe nenhuma espécie de reparo rápido capaz de conter os sinais de envelhecimento da pele. Mesmo assim, os "milagres" continuam a ser anunciados. Nos últimos três anos, vimos um boom de cremes prometendo efeito similar ao da toxina botulínica. Mas a verdade é que poucos desses produtos têm retaguarda científica", analisa John McGrath.
Mão no bolso
Depois de aprender a fugir dos elixires milagrosos, o próximo passo é assimilar que, em se tratando de cremes para o rosto e para o corpo, o efeito obtido por um produto que custa R$ 600 pode ser muito similar ao proporcionado por outro que custa R$ 30.
"Em geral, os [produtos] que apresentam resultado não precisam ser caríssimos. Os ácidos retinóicos e seus derivados [os retinóis], por exemplo, não são caríssimos e são efetivos", afirma Artur Duarte, pós-graduado em dermatologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
A variação dissonante de preços existe em parte porque muitos consumidores associam preço a qualidade. "Os componentes de um bom creme não são caros, o que os encarece são detalhes como a fragrância ou a embalagem. Cremes excelentes à base de ácido retinóico custam em torno de R$ 20. Quase nada justifica que um creme custe muito mais que R$ 60", esclarece Mônica Azulay, professora de dermatologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
"Para cuidar bem da pele, tem mesmo é que usar o cérebro. Uma dica simples é preferir os produtos que já existem há algum tempo. Quem vive sempre atrás de novidade passa por cobaia e sempre cai no conto-do-vigário", diz Jayme de Oliveira Filho.
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Colaboração para a Folha de S.Paulo
PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
Editora de Suplementos da Folha de S.Paulo
TATIANA DINIZ
da Folha de S.Paulo
Em um mundo em que, a todo momento, o apelo publicitário de um novo produto promete mil maravilhas para a sua pele, os especialistas apontam para o risco constante de engodos. Segundo eles, não faltam nas prateleiras fórmulas "milagrosas" que não contam com nenhum tipo de respaldo científico nem têm efeito comprovado. Eles alertam para o fato de que esse mercado é alimentado por consumidores que encaram a prevenção do envelhecimento de modo não-realista e acabam perdem a noção do quanto podem ser enganados.
"O culto esotérico e pseudocientífico à beleza é um fenômeno antigo. Ao longo do tempo, comerciantes prometeram a fonte da juventude e da beleza eterna. Pessoas motivadas a permanecer para sempre jovens são facilmente ludibriadas. E muitas delas adoram ser enganadas. Enquanto houver pessoas não-realistas, haverá cosméticos fraudulentos", analisa Douglas Altechk.
"Tem estúpido para comprar tudo neste mundo. Só que não dá para ir ao médico como quem vai a uma cartomante. Há quem pague caro para que um dermatologista picareta diga o que quer ouvir, para receber a receita do tratamento que viu na revista. Esse tipo de paciente reforça o estelionato dermatológico. Por isso há maus profissionais que investem R$ 30 mil em um serviço de assessoria de imprensa e, desse modo, vendem hoje o que bem querem", revela Jayme de Oliveira Filho.
"Não existe nenhuma espécie de reparo rápido capaz de conter os sinais de envelhecimento da pele. Mesmo assim, os "milagres" continuam a ser anunciados. Nos últimos três anos, vimos um boom de cremes prometendo efeito similar ao da toxina botulínica. Mas a verdade é que poucos desses produtos têm retaguarda científica", analisa John McGrath.
Mão no bolso
Depois de aprender a fugir dos elixires milagrosos, o próximo passo é assimilar que, em se tratando de cremes para o rosto e para o corpo, o efeito obtido por um produto que custa R$ 600 pode ser muito similar ao proporcionado por outro que custa R$ 30.
"Em geral, os [produtos] que apresentam resultado não precisam ser caríssimos. Os ácidos retinóicos e seus derivados [os retinóis], por exemplo, não são caríssimos e são efetivos", afirma Artur Duarte, pós-graduado em dermatologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
A variação dissonante de preços existe em parte porque muitos consumidores associam preço a qualidade. "Os componentes de um bom creme não são caros, o que os encarece são detalhes como a fragrância ou a embalagem. Cremes excelentes à base de ácido retinóico custam em torno de R$ 20. Quase nada justifica que um creme custe muito mais que R$ 60", esclarece Mônica Azulay, professora de dermatologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
"Para cuidar bem da pele, tem mesmo é que usar o cérebro. Uma dica simples é preferir os produtos que já existem há algum tempo. Quem vive sempre atrás de novidade passa por cobaia e sempre cai no conto-do-vigário", diz Jayme de Oliveira Filho.
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