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27/04/2006 - 12h55

Indústria promove divulgação de benefícios do café

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IARA BIDERMAN
Colaboração para a Folha de S.Paulo
TATIANA DINIZ
da Folha de S.Paulo

A divulgação das propriedades do café também está ligada às metas da indústria do setor. Animada com os bons resultados nas vendas internas, a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) quer fazer do Brasil o maior país consumidor do produto --atualmente, os EUA ocupam o primeiro lugar.

A meta da associação é chegar a 2010 com um mercado interno de 21 milhões de sacas. Ano passado, foram comercializados 15,54 milhões de sacas, um volume de vendas de cerca de R$ 4,8 bilhões. A principal aposta é investir na qualidade e reforçar o apelo gourmet da bebida. Paralelamente, procura-se divulgar que o café pode ser uma bebida saudável.

Charme e paixão

Para os amantes do café, porém, saber se ele faz mal ou bem não é tão importante. "Sempre tem um chato que fala que café faz mal", reclama o oftalmologista Gilberto Besen, 41, que descobriu os prazeres do café durante a adolescência. Na época em que começou a estudar medicina, ele cansou de ouvir, inclusive dos próprios colegas, sobre os possíveis malefícios do hábito à saúde.

"Naquele tempo, não se falava desses estudos mostrando os efeitos benéficos. Mas também nunca vi um estudo definitivo provando que faz mal." Bensen, que tomava o café por gosto, hoje também pode saborear a bebida sabendo que faz bem.

Sua paixão o levou até a fazer um curso de barismo. "Barista é uma mistura de enólogo com chef. Sabe a procedência do grão, conhece o preparo, faz "blends", degusta", explica Isabela Raposeiras, que ensina a arte na sua Academia de Barismo.

Bensen se considera um barista amador, mas sua exigência é profissional: já mandou devolver muitas xícaras de café servidas em restaurantes finos porque não correspondiam ao seu padrão de qualidade.

Emagrecimento

Além de atrair gourmets, o café também pode interessar aos adeptos da boa forma física. A pesquisa da nutricionista Rosana Perim observou um efeito colateral do consumo regular da bebida: os 60 participantes do estudo apresentaram uma pequena redução do peso, da circunferência abdominal e do índice de massa corporal.

Então, além de tudo, café emagrece? "Consumir café não é conduta recomendada para a redução de peso", adverte Perim, mesmo tendo constatado um certo efeito emagrecedor no consumo da bebida. Segundo ela, isso ocorre porque a ação estimulante da cafeína aumenta o consumo de energia e, conseqüentemente, o gasto calórico.

Energia é o mantra da publicitária e meio-maratonista Georgia Guerra Peixe, 40, para justificar seu apreço pela bebida. "Sou movida a café. Sinto que melhora meu desempenho na corrida. E, no trabalho, é o que me levanta quando o ritmo está muito pesado." A publicitária, que se considera bem "natureba" na alimentação, chega a tomar até dez xícaras por dia --três pela manhã, antes e depois do treino, até seis no trabalho, e uma antes de dormir. "Acho ótimo descobrirem os efeitos benéficos. Se dissessem que definitivamente faz mal para a saúde, eu não saberia o que fazer [para parar de tomar]."

Haja estômago

A quantidade de café consumida por Georgia Peixe não é para qualquer um. "Na verdade, [as conseqüências do consumo] dependem muito da sensibilidade de cada um à cafeína. Há pessoas que tomam um bule de café sem sentir nada. Outras são mais sensíveis à substância, que é um componente irritante das mucosas do estômago", observa Jaime Natan Eisg, chefe do grupo de estômago da disciplina de gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Entre os gastroenterologistas, o sinal verde para o consumo do café ainda não foi dado. De acordo com Eisg, a bebida não pode ser apontada como causadora de males como gastrite e úlcera, mas é desencadeadora de sintomas como dores no estômago, azia e queimação e, portanto, o consumo deve ser evitado diante desses diagnósticos.

Assim como não é a causa de males, o café tampouco é a panacéia universal. Até um ardoroso defensor da bebida como o professor Darcy Lima, da UFRJ, afirma: "café não é remédio". Portanto, use com moderação e bom proveito.

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