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13/07/2006
-
12h24
AMARÍLIS LAGE
da Folha de S.Paulo
Diz o ditado que macaco velho não aprende truque novo. Mas, num país em que crescem a expectativa de vida e a população de idosos, multiplicam-se os casos que contrariam essa máxima: são homens e mulheres que, após os 60 anos, decidiram aprender coisas novas e que têm se saído muito bem nesse processo.
O casal Osmar e Deusa Ribeiro integra esse grupo. Aos 74 anos, ela decidiu aprender a tocar piano. "Sempre gostei de música. Quando era pequena, olhava para as teclas do piano e ficava me perguntando: "Como sai música desses pauzinhos?". Mas nunca fui estimulada a aprender a tocar", lembra.
O estímulo veio do marido, Osmar, 73, que aprendeu a tocar piano há cerca de cinco anos. "É uma sensação maravilhosa", diz ele, após exibir seus dotes artísticos. Deusa ainda se mostra tímida antes de tocar e se irrita quando os dedos não encontram a nota, mas, assim que a música termina, deixa escapar uma pontinha de orgulho com a nova habilidade. "Minha professora de piano disse que, se todos os alunos dela fossem como eu, seria ótimo."
Não existe idade limite para aprender novas habilidades, e pesquisas mostram que, em pessoas ativas, a queda normal das capacidades cognitivas é muito sutil e não afeta significativamente a aprendizagem. Mas esse é um conceito que só recentemente começou a ganhar espaço --o Estatuto do Idoso, em vigor desde o início de 2004, exige que o governo também se responsabilize pela educação dos idosos.
"Existe a crença de que, na terceira idade, há um decréscimo das habilidades, especialmente da memória e da flexibilidade de pensamento. Em pessoas ativas, isso não é verdade", afirma Irani Argimon, especialista em envelhecimento e professora da Faculdade de Psicologia da PUC do Rio Grande do Sul. "Há uma perda natural das células, mas o declínio é leve."
No ano passado, ela concluiu uma pesquisa sobre a capacidade cognitiva de pessoas com mais de 80 anos. O trabalho analisou a variação de habilidades como memória e atenção num período de três anos e descobriu que as pessoas mais ativas e com maior escolaridade eram mais protegidas contra a perda dessas capacidades.
"É o mesmo que ocorre com os músculos. Eles se desenvolvem quando você se exercita e atrofiam quando você fica muito tempo parado. Estímulos como ler jornais, estudar e ficar atento ao que se passa no mundo são capazes de gerar alterações positivas", diz.
Uma dessas alterações está relacionada à diversificação das células cerebrais. "O estudo ajuda a desenvolver a rede de neurônios", afirma o médico Luiz Roberto Ramos, diretor do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Isso significa que a diminuição de neurônios, que costuma ocorrer após os 50 anos, não afetará tanto aquelas pessoas que estão em contato com atividades estimulantes intelectualmente --nelas, as células cerebrais estarão mais adaptadas para, mesmo em menor número, continuar a "dar conta do trabalho", diz Ramos.
Especial
Prática de esportes também ajuda capacidade cognitiva
Atividades motoras e intelectuais ajudam idosos a manter habilidades
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da Folha de S.Paulo
Diz o ditado que macaco velho não aprende truque novo. Mas, num país em que crescem a expectativa de vida e a população de idosos, multiplicam-se os casos que contrariam essa máxima: são homens e mulheres que, após os 60 anos, decidiram aprender coisas novas e que têm se saído muito bem nesse processo.
O casal Osmar e Deusa Ribeiro integra esse grupo. Aos 74 anos, ela decidiu aprender a tocar piano. "Sempre gostei de música. Quando era pequena, olhava para as teclas do piano e ficava me perguntando: "Como sai música desses pauzinhos?". Mas nunca fui estimulada a aprender a tocar", lembra.
O estímulo veio do marido, Osmar, 73, que aprendeu a tocar piano há cerca de cinco anos. "É uma sensação maravilhosa", diz ele, após exibir seus dotes artísticos. Deusa ainda se mostra tímida antes de tocar e se irrita quando os dedos não encontram a nota, mas, assim que a música termina, deixa escapar uma pontinha de orgulho com a nova habilidade. "Minha professora de piano disse que, se todos os alunos dela fossem como eu, seria ótimo."
Não existe idade limite para aprender novas habilidades, e pesquisas mostram que, em pessoas ativas, a queda normal das capacidades cognitivas é muito sutil e não afeta significativamente a aprendizagem. Mas esse é um conceito que só recentemente começou a ganhar espaço --o Estatuto do Idoso, em vigor desde o início de 2004, exige que o governo também se responsabilize pela educação dos idosos.
"Existe a crença de que, na terceira idade, há um decréscimo das habilidades, especialmente da memória e da flexibilidade de pensamento. Em pessoas ativas, isso não é verdade", afirma Irani Argimon, especialista em envelhecimento e professora da Faculdade de Psicologia da PUC do Rio Grande do Sul. "Há uma perda natural das células, mas o declínio é leve."
No ano passado, ela concluiu uma pesquisa sobre a capacidade cognitiva de pessoas com mais de 80 anos. O trabalho analisou a variação de habilidades como memória e atenção num período de três anos e descobriu que as pessoas mais ativas e com maior escolaridade eram mais protegidas contra a perda dessas capacidades.
"É o mesmo que ocorre com os músculos. Eles se desenvolvem quando você se exercita e atrofiam quando você fica muito tempo parado. Estímulos como ler jornais, estudar e ficar atento ao que se passa no mundo são capazes de gerar alterações positivas", diz.
Uma dessas alterações está relacionada à diversificação das células cerebrais. "O estudo ajuda a desenvolver a rede de neurônios", afirma o médico Luiz Roberto Ramos, diretor do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Isso significa que a diminuição de neurônios, que costuma ocorrer após os 50 anos, não afetará tanto aquelas pessoas que estão em contato com atividades estimulantes intelectualmente --nelas, as células cerebrais estarão mais adaptadas para, mesmo em menor número, continuar a "dar conta do trabalho", diz Ramos.
Especial
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