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22/02/2007
-
09h56
AMARÍLIS LAGE
da Folha de S.Paulo
Entre os especialistas, é consenso que crianças que têm uma alimentação balanceada não precisam de alimentos enriquecidos.
"Se a criança tem uma alimentação saudável, comer uma bolacha com ou sem vitaminas não vai mudar nada", afirma Mariana Del Bosco, do departamento de nutrição da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
Segundo Gláucia Pastore, professora da Unicamp e presidente da SBCTA (Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos), "se houver uma carência na dieta, pode melhorar um pouquinho". Ainda assim, afirma, as crianças não devem comer guloseimas mais de duas vezes por semana.
Além disso, o produto não deve substituir outros como fonte de nutrientes. "Esses produtos não podem ser a fonte de vitaminas. A criança precisa de uma alimentação balanceada, com verduras, grãos, carnes. Embora não sejam proibidos, eles não podem ser o lanche diário. Tendo ou não vitaminas, eles têm gordura, açúcar, sódio...", alerta Del Bosco.
Os pais também precisam prestar atenção para que os filhos, ao consumir alimentos enriquecidos, não recebam doses muito grandes de determinado nutriente. Vitaminas hidrossolúveis, como as do complexo B, são expelidas naturalmente pelo organismo. Mas as lipossolúveis, como a vitamina A, podem se acumular no corpo e gerar problemas.
"Antes, nós nos preocupávamos apenas com a falta de nutrientes. Hoje, a preocupação é relacionada tanto à falta como ao excesso", afirma a pesquisadora Sandra Arruda, do departamento de nutrição da UNB (Universidade de Brasília).
Também é preciso prestar atenção à capacidade de o corpo absorver os nutrientes do alimento. A biodisponibilidade é um fator importante --a interação entre os ingredientes facilita ou dificulta a assimilação.
Cálcio e ferro, por exemplo, disputam os mesmos locais de absorção. Assim, quando se consome um cereal rico em ferro com um copo de leite, a absorção tanto do cálcio como do ferro é menor. "Se um cereal oferece 30% de necessidades diárias de ferro, mas eu misturo com leite, menos de 10% do ferro será absorvido", diz Sarni.
Já as vitaminas B e C ajudam na absorção do cálcio. "Como a vitamina D sai com a gordura do leite, é muito válido enriquecer um leite desnatado com ela", afirma Del Bosco.
Mesmo o excesso de fibras pode prejudicar. Segundo Pastore, as fibras podem tornar mais leve a absorção de sais minerais como o zinco e o cálcio.
Para alguns nutrientes, o organismo se auto-regula e diminui a absorção quando o corpo já tem a quantidade necessária. A absorção do ferro, por exemplo, é bloqueada quando a substância é consumida em grande quantidade. Ainda assim, segundo Arruda, esse excesso pode causar estresse oxidativo --danos provocados por oxidação a lipídios e proteínas das células. "Há especulações que ligam esse estresse oxidativo ao desenvolvimento de câncer e diabetes", diz a pesquisadora.
Embora os riscos existam para todas as idades, os efeitos lesivos são mais acentuados na infância, diz Sarni. Além disso, é nessa fase que ela cria seus hábitos alimentares que, se forem inadequados, resultarão numa alimentação incorreta ao longo da vida. "É melhor não comer os fortificados se eles trazem riscos, como cárie e obesidade. O ideal é que a criança adquira tudo da alimentação usual", diz Sarni.
Opções light e diet não superam o problema, segundo a pediatra. "O importante é aprender a comer porções normais e balanceadas. Refrigerantes light, por exemplo, têm muito sódio e desmineralizam os dentes, que ficam mais fracos", diz.
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da Folha de S.Paulo
Entre os especialistas, é consenso que crianças que têm uma alimentação balanceada não precisam de alimentos enriquecidos.
"Se a criança tem uma alimentação saudável, comer uma bolacha com ou sem vitaminas não vai mudar nada", afirma Mariana Del Bosco, do departamento de nutrição da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
Segundo Gláucia Pastore, professora da Unicamp e presidente da SBCTA (Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos), "se houver uma carência na dieta, pode melhorar um pouquinho". Ainda assim, afirma, as crianças não devem comer guloseimas mais de duas vezes por semana.
Além disso, o produto não deve substituir outros como fonte de nutrientes. "Esses produtos não podem ser a fonte de vitaminas. A criança precisa de uma alimentação balanceada, com verduras, grãos, carnes. Embora não sejam proibidos, eles não podem ser o lanche diário. Tendo ou não vitaminas, eles têm gordura, açúcar, sódio...", alerta Del Bosco.
Os pais também precisam prestar atenção para que os filhos, ao consumir alimentos enriquecidos, não recebam doses muito grandes de determinado nutriente. Vitaminas hidrossolúveis, como as do complexo B, são expelidas naturalmente pelo organismo. Mas as lipossolúveis, como a vitamina A, podem se acumular no corpo e gerar problemas.
"Antes, nós nos preocupávamos apenas com a falta de nutrientes. Hoje, a preocupação é relacionada tanto à falta como ao excesso", afirma a pesquisadora Sandra Arruda, do departamento de nutrição da UNB (Universidade de Brasília).
Também é preciso prestar atenção à capacidade de o corpo absorver os nutrientes do alimento. A biodisponibilidade é um fator importante --a interação entre os ingredientes facilita ou dificulta a assimilação.
Cálcio e ferro, por exemplo, disputam os mesmos locais de absorção. Assim, quando se consome um cereal rico em ferro com um copo de leite, a absorção tanto do cálcio como do ferro é menor. "Se um cereal oferece 30% de necessidades diárias de ferro, mas eu misturo com leite, menos de 10% do ferro será absorvido", diz Sarni.
Já as vitaminas B e C ajudam na absorção do cálcio. "Como a vitamina D sai com a gordura do leite, é muito válido enriquecer um leite desnatado com ela", afirma Del Bosco.
Mesmo o excesso de fibras pode prejudicar. Segundo Pastore, as fibras podem tornar mais leve a absorção de sais minerais como o zinco e o cálcio.
Para alguns nutrientes, o organismo se auto-regula e diminui a absorção quando o corpo já tem a quantidade necessária. A absorção do ferro, por exemplo, é bloqueada quando a substância é consumida em grande quantidade. Ainda assim, segundo Arruda, esse excesso pode causar estresse oxidativo --danos provocados por oxidação a lipídios e proteínas das células. "Há especulações que ligam esse estresse oxidativo ao desenvolvimento de câncer e diabetes", diz a pesquisadora.
Embora os riscos existam para todas as idades, os efeitos lesivos são mais acentuados na infância, diz Sarni. Além disso, é nessa fase que ela cria seus hábitos alimentares que, se forem inadequados, resultarão numa alimentação incorreta ao longo da vida. "É melhor não comer os fortificados se eles trazem riscos, como cárie e obesidade. O ideal é que a criança adquira tudo da alimentação usual", diz Sarni.
Opções light e diet não superam o problema, segundo a pediatra. "O importante é aprender a comer porções normais e balanceadas. Refrigerantes light, por exemplo, têm muito sódio e desmineralizam os dentes, que ficam mais fracos", diz.
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