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30/03/2007 - 09h10

Relacionamento entre filha e pai influencia chegada de 1ª menstruação

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AMARÍLIS LAGE
da Folha de S.Paulo

Elas já se preocupam com moda, entendem de maquiagem e de dietas e se consideram adolescentes cada vez mais cedo. Os pais também se surpreendem com o fato de sua filhinha, muito antes do que gostariam, começar a exibir os sinais da puberdade: o surgimento de seios, de alguns pêlos e --a cartada final-- a menarca, nome técnico da primeira menstruação.

Danilo Verpa/Folha Imagem
Relacionamento entre filha e pai influencia chegada de primeira mestruação
Relacionamento entre filha e pai influencia chegada de primeira mestruação
A impressão é que elas estão crescendo rápido demais e os motivos associados à chegada da puberdade têm se tornado cada vez mais abrangentes. Associados à genética, ao clima e à alimentação, eles também passaram a incluir os relacionamentos familiares. Em especial, a relação com o pai.

Estudos divulgados ao longo dos últimos anos têm analisado de que forma a ausência do pai pode fazer com que a filha amadureça sexualmente mais cedo --uma idéia inquietante numa época em que as separações são cada vez mais comuns e que ainda não encontra consenso entre especialistas.

Um dos pioneiros nessa avaliação é o sociólogo Jay Belsky, diretor do instituto para o estudo de crianças, famílias e questões sociais, do Birbeck College, da University of London. Em sua teoria da aceleração psicossocial, Belsky defende que as meninas que não convivem com o pai ou que enfrentam muito estresse familiar amadurecem mais cedo.

"Há evidências de que a ausência paterna, independentemente do estresse, afeta [a aceleração da menarca], assim como relacionamentos familiares estressantes, mesmo que eles sejam vividos na companhia dos pais biológicos", disse Belsky à Folha.
A ginecologista Albertina Duarte, professora do Hospital das Clínicas e coordenadora do programa de saúde do adolescente da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, concorda com Belsky. Em 1997, enquanto desenvolvia sua tese de mestrado, ela encontrou, nas meninas que acompanhava, essa associação entre a chegada da menarca e o relacionamento com os pais.

"Vi que, tanto nos casos de puberdade precoce como nos de puberdade tardia, havia uma ligação com problemas de relacionamento. A separação dos pais, quando ocorria de forma abrupta, era um fator importante. Quando a menina menstruava, eu perguntava se havia acontecido algo importante na vida dela três anos antes. Muitas diziam que os pais haviam se separado nessa época", conta Duarte.

O psiquiatra Joel Rennó Jr., coordenador do Pró-Mulher (Projeto de Atenção à Saúde Mental da Mulher, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP), também já observou relações parecidas num projeto social desenvolvido pelo hospital Albert Einstein em Paraisópolis, na periferia de São Paulo.

"A gente observa que as meninas de origem mais pobre, que são mais desassistidas, têm um pai ausente etc. têm a idade da menarca mais precoce. Mas são várias as condições que se somam em cada caso, e a gente fica sem saber qual é o fator predominante. Que o emocional tem uma relação nesse amadurecimento, isso está bem estabelecido. Mas não podemos ser reducionistas. É difícil falar de uma origem única, o ser humano é muito complexo", afirma.

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