Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
22/04/2007 - 15h49

Treinamento de araras e papagaios pode facilitar convívio doméstico

Publicidade

MAYRA STACHUK
da Revista da Folha

Keko, uma arara-maracanã de sete meses adora um colo, quer dizer, um ombro. Isso sempre foi um problema para seu dono. Como todas de sua espécie, Keko evacua praticamente a cada meia hora.

A história mudou desde que a arara começou a ser treinada e passou a fazer suas necessidades apenas na gaiola. "Agora fico atento e procuro levá-lo de quando em quando ao 'banheiro'. Ele obedece ao comando 'coco' e o problema está resolvido", conta o dono, o analista de sistemas Julio Cesar Reis Batista, 31.

Leonardo Papini/Folha Imagem
Keko, uma arara-maracanã de 7 meses, aprendeu a fazer coco no lugar certo
Keko, uma arara-maracanã de 7 meses, aprendeu a fazer coco no lugar certo
Segundo o biólogo e treinador de animais Yuri Domeniconi o adestramento de animais silvestres tem sido cada vez mais solicitado. A criação de bichos silvestres em casa, apesar de contra-indicada pelo Ibama e por ONGs protetoras dos animais, é uma realidade freqüente.

"São pessoas que querem conviver melhor com seus papagaios, por exemplo", explica. Além da sociabilização, segundo ele, as queixas mais comuns são destruição de móveis, gritos (principalmente de araras) e evacuação em lugares errados.

O primeiro passo é uma avaliação do ambiente em que vive o animal --assim como os cachorros, o comportamento das aves é um reflexo do meio onde são criadas. O tamanho e as condições da gaiola interferem na conduta. Animais entediados podem ficar mais agressivos e barulhentos, além de destruírem o que encontram pela frente. Por isso, a jaula deve ter espaço suficiente para ele se movimentar e mais de um poleiro.

Poucos sabem que aves também precisam de brinquedos para se distrair, que podem ser comprados em pet shops. O biólogo recomenda objetos que as façam reproduzir comportamentos que teriam na natureza, como bicar, roer e manipular com as patas. As frutas também são bem-vindas, principalmente em pedaços grandes, para que os animais possam agarrar.

Com isso feito, o "adestramento" acontece no mesmo sistema dos cães: técnica do reforço positivo. Em vez de um cafuné, a recompensa pelo bom comportamento pode ser verbal ou com um brinquedo.

No caso da evacuação, deve-se levar o animal ao lugar certo toda vez que ele comer --geralmente eles evacuam em seguida-- e dizer o comando--verbal ou gestual. Assim que atendido, vem o reforço positivo.

O treinamento pode ser feito em qualquer idade e não existe um prazo determinado para o animal começar a responder. Keko, por exemplo, aprendeu os comandos em 15 dias: ele vai uma vez por semana ao pet shop, onde tem "aula" com Domeniconi, e continua as atividades em casa, com o dono, que recebeu instruções do treinador sobre como proceder. "O ideal é que o treinamento seja feito em conjunto entre um profissional e o dono", diz.

Na mira da lei

A criação doméstica de animais silvestres é uma questão polêmica. ONGs e ambientalistas defendem que nenhum deles deve viver fora de seu habitat. Por outro lado, o Ibama não proíbe o ato completamente.

O que existe, segundo o órgão, é um controle de criadores e comerciantes autorizados a vender animais nascidos em cativeiro. Segundo a analista ambiental do Ibama São Paulo Jury Seino, ficam de fora as mais de 290 aves ameaçadas de extinção, que não podem ser capturadas, criadas ou comercializadas, entre elas: sabiá-castanho, papagaio-da-cara-roxa, papagaio-charão, papagaio-de-peito-roxo, arara-azul-pequena, arara-zul-grande e ararinha-azul.

A dica da bióloga para quem quer comprar um animal silvestre é fazê-lo em criadores ou comerciantes autorizados pelo Ibama (www.ibama.gov.br ou tel. 0/xx/11 3066-2658). "O segundo passo é verificar se o animal esta marcado com uma anilha ou chip com o número de identificação", diz. O vendedor deve mostrar com leitor óptico o número do chip ao cliente, já que não é visível a olho nu.

Outro fator que garante a legalidade da aquisição é a nota fiscal, que deve descrever, além no número de registro no Ibama tanto do animal como do comerciante, o nome popular e científico da espécie. Sem a nota a compra é ilegal.

O tráfico de animais silvestres é a terceira maior atividade ilícita do mundo (perde apenas para drogas e armas). Só no Brasil, segundo a ONG WWF-Brasil (World Wildlife Fund), são comercializados mais de 12 milhões de animais anualmente.

Ao encontrar um vendedor não autorizado, denuncie ao Ibama.

Esta reportagem foi publicada pela Revista da Folha em 11/02/2007

Leia mais
  • Gatos dão saltos radicais, planam e sobrevivem às quedas
  • Donos de animais recebem ajuda para lidar com morte de cães e gatos
  • Qualidade do ar afeta a saúde dos animais domésticos
  • Vegetarianos transferem estilo de alimentação aos animais
  • Mande a imagem do seu animal de estimação para a Folha Online
  • Livros ajudam a entender e trazem curiosidades sobre mundo dos gatos

    Especial
  • Leia cobertura completa sobre bichos
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página