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NUTRIÇÃO

17/08/2001 - 15h33

Pratos típicos mantêm a tradição do peão de boiadeiro de Barretos

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ANGELO SASTRE
editor-assistente da Folha Ribeirão

Uma comida simples, com paladar forte e muitas calorias. Esse é o principal diferencial das refeições que eram feitas pelos tropeiros que acompanhavam as comitivas de boiadeiros.

Mesmo com o fim das viagens, a tradição dos tropeiros resiste ao tempo e conquista novos admiradores, principalmente durante as festas do peão de boiadeiro.

O restaurante Sabor Mineiro, em Barretos, mantém a tradição dos tropeiros e oferece todos os dias pratos típicos da culinária de fazenda e das comitivas.

De acordo com o proprietário, Jairo Souza Machado Júnior, a elaboração do cardápio contou com um trabalho de pesquisa por várias cidades do interior de São Paulo e de Minas Gerais.

"Quando decidimos montar o restaurante, tivemos a preocupação de preparar os pratos do cardápio sendo o mais fiel possível", afirma Machado Júnior.

Ele diz que, para isso, as refeições são preparadas em panelas de pedra e cozinhadas no fogão a lenha. "Isso mantém o sabor dos ingredientes, já que a pedra não altera a acidez da comida."

Entre as opções do cardápio, estão o arroz carreteiro e o feijão gordo, que geralmente acompanha o churrasco, mandioca frita, farofa e saladas verdes.

No restaurante, também é possível encontrar pratos típicos da cozinha mineira, como o feijão tropeiro, galinha ensopada e a tradicional feijoada nas quartas-feiras e sábados.

"Procuramos manter um cardápio variado, mas sem perder a tradição da culinária típica da região, que está próxima de Minas Gerais", diz Machado Júnior.

De acordo com a cozinheira Laura Girardi Sobrinha, responsável pela elaboração das refeições do restaurante, a comida dos tropeiros é simples, mas contém muitas calorias. Ela diz também que a simplicidade dos pratos ocorria devido à falta de estrutura das comitivas e dos poucos ingredientes disponíveis.

"Como as viagens eram muito longas e eles [tropeiros e peões] não tinham horário nem local certo para parar, era preciso uma refeição que sustentasse por um bom período. Dessa forma, eles conseguiam ficar várias horas sem comer nada após essa refeição", afirma Laura.

Gordura

Os ingredientes perecíveis utilizados pelos cozinheiros das comitivas de peão de boiadeiro eram conservados em baldes de gordura ou com excesso de sal.
A estratégia visava preservar o bom estado dos produtos durante a viagem dos tropeiros.
"Como eles tinham de levar muitos mantimentos, a gordura e o sal conservavam os alimentos, como carne e linguiça, como se estivessem na geladeira", diz Laura Girardi Sobrinha, cozinheira do restaurante Sabor Mineiro.
De acordo com ela, o uso de carnes de porco também teve origem nas comitivas, que negociavam os animais com os sitiantes que moravam no caminho.
A cozinheira explica que o porco era muito utilizado porque era possível aproveitar quase todas as partes do animal.
"Além da carne, eles tinham a gordura, que era muito utilizada para cozinhar", afirma Laura.
Ela diz que a necessidade de preparar a comida com rapidez e agilidade também fez com que as comitivas criassem um sistema de tempero rústico.
Entre os ingredientes mais utilizados pelos tropeiros, estão o alho, a cebola, a pimenta e o sal.
"Foi dessa forma que surgiu a queima do alho, a carne de sol e a carne seca. Afinal, eles tinham a necessidade de fazer uma comida rápida com os poucos ingredientes disponíveis", afirma a cozinheira do restaurante Sabor Mineiro, de Barretos.

Restaurante Sabor Mineiro - Pratos típicos da cozinha mineira feitos em panela de pedra e forno a lenha. Atende no almoço por meio do sistema por quilo. Durante a Festa do Peão de Boiadeiro, cada 100 g a R$ 0,89. Praça Francisco Barreto, 218, centro, Barretos. Tel.: 0/xx/17/3322-8403

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