Equilíbrio

NUTRIÇÃO

04/12/2001 - 07h03

Ministério da Saúde estuda liberação do consumo de farinha de minhoca

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JANAINA FIDALGO
da Folha Online

Alimentos como bolacha "de minhoca", pão "de minhoca" e sopa desidratada "de minhoca" podem causar estranheza, mas estão sendo estudados pelo Ministério da Saúde e, dependendo da aprovação, podem chegar a qualquer momento ao mercado.

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Biscoitos produzidos com farinha de minhoca
A produção a partir da minhoca, no entanto, não pode justificar o seu consumo crua e viva, como aconteceu no programa "No Limite", da Globo, em sua terceira edição.

O ambientalista Manoel Tablas, que há quase 50 anos incluiu a minhoca em sua alimentação, disse que a carne de minhoca é a mais rica que existe na natureza. "Nenhuma outra tem todos os aminoácidos essenciais e não-essenciais. Só a minhoca tem essa peculiaridade. Tem também sais minerais e vitaminas", afirmou.

Tablas e profissionais do Cena (Centro de Estudos Nucleares da Universidade de São Paulo), de Piracicaba (SP), e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) conseguiram obter o uso da farinha de minhoca em rações animais, mas não para o consumo humano.

O produto passou por exames de composição no Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas, no Laboratório Mabi, do Rio Grande do Sul, e no próprio centro de estudos da USP (Universidade de São Paulo).

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Pãezinhos feitos com farinha de minhoca
"Os chineses comem minhocas há milênios. Exércitos do mundo inteiro se alimentam de minhoca quando estão no meio do mato. Infelizmente, no Brasil, o comitê da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não tem essa informação. Imagina que a minhoca é um alimento novo, embora seja pré-histórico", disse Tablas.

De acordo com ele, o comitê técnico-científico da Anvisa exigiu uma série de pesquisas para detectar, por exemplo, se a carne da minhoca tem substâncias alérgicas e tóxicas. Os testes foram feitos e nenhum problema foi percebido. No entanto, a agência exige agora uma nova bateria de exames.

Preconceito

Para fabricar a farinha, as minhocas são lavadas por dentro e por fora, liofilizadas -desidratadas a frio- e trituradas. Depois que o pó é transformado em cápsula e embalado, o produto passa ainda pela radiação de raios gama, para eliminar o risco de contaminação provocado pela manipulação.

O ambientalista acha que a farinha de minhoca ainda não foi liberada para o consumo humano por preconceito. "São pessoas elitistas que jamais imaginaram colocar minhoca no prato de casa. Sem quer ofender, o preconceito é filho direto da ignorância", afirmou.

Nutricionistas procurados pela Folha Online não quiseram falar sobre a eficácia da farinha de minhoca por não conhecerem o produto.

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