Equilíbrio

NUTRIÇÃO

15/03/2002 - 19h27

Orgânicos roubam lugar à mesa em São Paulo

Publicidade

THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Os alimentos orgânicos já estão presentes em grande parte dos restaurantes paulistanos. E, por tabela, o faturamento de produtores e supermercados especializados nesse nicho de mercado também tem aumentado.

Apesar de ainda não ter o mesmo movimento intenso das boas mesas das capitais do Primeiro Mundo, é cada vez mais fácil encontrar verduras e legumes sem adição de agrotóxicos, produtos químicos ou alterados geneticamente nos estabelecimentos de São Paulo.

A qualidade e o rendimento são os principais fatores que levam os restaurantes a optar pelos alimentos orgânicos.

"A diferença do paladar em uma salada, por exemplo, é incontestável", afirma Branca Ferreira da Rosa, 31, proprietária do franco-italiano Madelleine. "A rúcula orgânica tem aquele sabor amargo mais acentuado do que a 'normal'", diz Rosa.

Embora pese no bolso -em média, são de 40% a 50% mais caros do que os cultivados com agrotóxicos-, esse custo é abatido com a quantidade de alimentos que é levada às mesas pelos chefs. "Os produtos orgânicos têm durabilidade maior. Conseguimos aproveitar quase 100% de uma alface "natural", contra 30% de uma "intoxicada'", afirma Alex Atala, chef do D.O.M.

Em seu outro restaurante, o Namesa, onde o uso de orgânicos é maior, Atala chega a informar a escolha aos clientes. "Quem tem hábito de comer esse tipo de alimento todo dia sente a diferença."

O L'Orange, antigo Restaurante, inicia, a partir do dia 20 deste mês, seção em seu cardápio dedicada aos orgânicos. "Esperamos que [a quantidade orgânica" represente de 40% a 50% nos pratos servidos", diz a proprietária, Lúcia de Campos Faria, 43.

O Osório, inaugurado em setembro do ano passado, vai além das verduras e legumes e tem também massas e ovos sem aditivos em seu cardápio, quase exclusivamente orgânico.

Supermercados
A "febre orgânica", que atingiu cidades européias, ainda não pegou por aqui, mas é sentida no faturamento de supermercados como Carrefour, Sé e Pão de Açúcar, que comercializam os produtos. Nos últimos oito meses, no Pão de Açúcar, a venda da alface crespa cresceu 230%; da lisa, 370%; da couve, 80%; do repolho, 90%.

Com a proposta de tentar baixar os preços tratando direto com o consumidor, a Associação de Agricultura Orgânica organiza, no Parque da Água Branca (zona Oeste de São Paulo), uma feira de "naturais".

Paula Hauptmann, 34, proprietária da Fazenda Santo Onofre, que produz orgânicos há oito anos, explica por que esse tipo de alimento é mais caro.

"Como não usamos herbicidas, controlamos as pragas manualmente, aumentando a quantidade de mão-de-obra." Mais: "Alface cultivada com adubo de nitrogênio é colhida em 25 dias e a nossa, sem químicos, leva 35 dias".

Com custos mais altos, os produtores tentam aumentar a quantidade comercializada. "Quando começamos, nossa área útil era de 60 m2. Agora, é de 1.360 m2. Estamos crescendo cerca de 60% ao ano", afirma Hauptmann.

Leia mais:

  • Orgânicos ou não, importante é inspirar o paladar


  •  

    Publicidade

    FolhaShop

    Digite produto
    ou marca