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15/11/1889
Ruy Barbosa assume o Ministério da Fazenda

da Folha Online

O jurista baiano Ruy Barbosa foi nomeado para o cargo de ministro da Fazenda do governo provisório que se formou após a proclamação da República.

Segundo o marechal Deodoro da Fonseca, chefe do novo governo republicano, Barbosa é o nome mais indicado para conduzir a economia nacional neste delicado momento.

O novo governo deverá traçar alterações significativas nos rumos de nossa economia. O principal objetivo, segundo fontes próximas a Deodoro, será estimular o crescimento e o desenvolvimento da indústria em nosso país.

Ruy Barbosa diz que está mantendo frequentes contatos com o industrial paulista Roberto Simonsen, com o objetivo de definir a melhor estratégia para se modernizar a economia, acompanhando assim a modernização que começa a se verificar no campo político com o fim da monarquia.

"Deveremos traçar uma proposta ampla para estimular os setores produtivos. Já é tempo de o país ter um plano econômico de verdade. Só assim poderemos fazer com que a indústria venha a alcançar em importância o setor agrícola", disse Ruy Barbosa.

Segundo o novo ministro, a situação financeira do governo ainda é delicada. "A monarquia não contribuiu para a formação de poupança interna significativa. Provavelmente vamos utilizar uma estratégia ousada para resolver o problema: a emissão de papel-moeda".

Barbosa e Simonsen pretende conceder aos bancos privados autorização para a emissão de dinheiro. Desta forma, acreditam que será possível conceder vultosos empréstimos a todos os interessados em abrir empresas no país.

"Vamos incentivar o crescimento do parque industrial a um ritmo jamais imaginado", diz, empolgado, Ruy Barbosa, que promete também não se esquecer dos agricultores, principalmente dos cafeicultores, que tanto apreço demonstraram pela causa republicana.

O governo republicano também acredita que o novo planejamento financeiro será capaz de garantir recursos na economia capazes de gerar salários à grande massa de ex-escravos desocupados. Como se sabe por todo o país, muitos negros que foram libertados no ano passado, pela Lei Áurea, não conseguem encontrar emprego fixo e vivem a perambular pelas ruas das cidades.

"A nossa missão é criar um sistema financeiro e produtivos que beneficiem tanto o empresariado nacional quanto a classe trabalhadora", disse Barbosa, que garante que, na República, todos os cidadãos estarão incluídos na lista de preocupações do Estado.

O novo governo acredita ainda que, em pouco tempo, o Brasil estará ao lado das nações mais desenvolvidas do mundo. "A estratégia de emissão de moeda é revolucionária, e não tem como falhar", garante Barbosa.

Ele não acredita que o plano possa ter efeitos adversos, como o aumento desenfreado dos preços - conhecido pelos estudiosos das ciências econômicas como inflação. Barbosa também descarta a possibilidade de o dinheiro dos empréstimos ser usado para outros fins que não a produção, como a especulação financeira , por exemplo. "Precisamos confiar na nova classe do empresariado brasileiro", diz, confiante, o novo responsável pelas finanças da República.

Leia mais no especial sobre a Proclamação da República

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