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HISTÓRIA


França - 1938

Contexto histórico

O atacante brasileiro Leônidas (esq.), artilheiro da Copa da França, com oito gols, observa saída do goleiro Válter na cabeça de adversário

A Alemanha havia anexado a Áustria. O nazismo e o fascismo se alastravam pela Europa. Apesar da iminência da 2ª Guerra Mundial, que teria início de fato no ano seguinte, o presidente da Fifa, Jules Rimet, conseguiu organizar o Mundial e ainda levá-lo para seu país natal.

A Áustria, que havia conquistado a vaga nas eliminatórias, acabou não podendo participar e ainda teve alguns de seus jogadores obrigados a jogar pela Alemanha.

A Espanha, sensação da Copa anterior, ficou de fora devido à Guerra Civil que assolava o país e culminaria com a vitória do ditador fascista Francisco Franco.

A Copa

Vencedora da Copa-1934, em que foi anfitriã, e da Olimpíada de Berlim-1936, a Itália conquistou o bicampeonato mundial na França, vencendo todos seus jogos _feito que só voltaria a ser alcançado pelo Brasil, em 1970.

O grande jogo da competição aconteceu nas semifinais, quando os italianos derrotaram o forte time brasileiro por 2 a 1.

Cansados pelos dois jogos contra a Tchecoslováquia nas quartas-de-final e desfalcados de Leônidas, os brasileiros deram ainda um pênalti para os adversários, em jogada infantil de Domingos da Guia.

Na final, a Itália, que baseava seu jogo na defesa e nos contra-ataques, superou o ofensivo time da Hungria (13 gols em três jogos) por 4 a 2.
 
Classificação
 Itália
 Hungria
 Brasil
4o Suécia

Artilheiros
Leônidas
Atacante
Brasil
Zsengeller
Atacante
Hungria
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O Brasil

O bairrismo entre Rio e São Paulo das duas edições anteriores da Copa foi finalmente deixado de lado e o Brasil conseguiu pela primeira vez montar uma verdadeira seleção.

Com todos os jogadores à disposição, o técnico Adhemar Pimenta montou um ótimo time, comandado pelo gênio de Leônidas da Silva.

O time acabou eliminado somente nas semifinais, após um jogo duro contra a Itália, decidido num lance ingênuo de Domingos da Guia, outro craque do time, que cometeu pênalti e permitiu a vitória por 2 a 1 dos italianos.

Sistema de disputa

Os 16 times disputaram eliminatórias simples em quatro fases (oitavas, quartas, semifinais e final). Em caso de empate após a prorrogação, uma partida de desempate era disputada.

Destaque

Leônidas da Silva, o "Diamante Negro", jogador que consagrou a bicicleta, foi o grande nome da Copa da França. Pela primeira vez, um brasileiro foi o artilheiro do Mundial. Logo na estréia, o atacante fez três gols na vitória por 6 a 5 contra a Polônia. Nas quartas de final, o Brasil precisou de dois jogos para vencer a Tchecoslováquia: 1 a 1 no primeiro jogo e 2 a 1 no desempate, com gols de Leônidas nas duas partidas. Para as semifinais, contra a Itália, Leônidas acabou não jogando. O motivo de sua ausência é motivo de discussão até hoje. Alguns dizem que o técnico Adhemar Pimenta quis poupá-lo para uma eventual final, enquanto outros afirmam que estava machucado. Sem seu principal jogador, o Brasil acabou perdendo. Na disputa do terceiro lugar, Leônidas ainda marcou mais duas vezes na vitória por 4 a 2 sobre a Suécia.

Fracasso

A exemplo da Itália, a Alemanha queria usar a Copa do Mundo como forma de propaganda para o regime autoritário nazista instalado por Adolf Hitler. Às vésperas do torneio, a Alemanha anexou a Áustria, país que também estava classificado para a Copa. Com isso, além de impedir os austríacos de defender seu país na competição, ainda obrigou os principais jogadores a atuarem pelo time alemão. Mesmo com um time fortíssimo, a seleção alemã acabou eliminada do Mundial logo nas oitavas-de-final. No primeiro jogo com Suíça, houve empate de 1 a 1. No jogo-desempate, a Alemanha saiu ganhando por 2 a 0 no primeiro tempo. Um telegrama chegou a ser enviado para Hitler para dar as boas novas. No segundo tempo, no entanto, os suíços viraram para 4 a 2.

Curiosidades

Influenciado pelo regime fascista, o jornal "La Gazzetta dello Sport" comemorou com o seguinte texto a vitória sobre o Brasil, nas semifinais: "Saudamos o triunfo da inteligência italiana sobre a força bruta dos negros."
À véspera da decisão contra a Hungria, os jogadores italianos receberam um telegrama assinado por Benito Mussolini. Nele, o ditador, símbolo do fascismo, foi enfático: "É vencer ou morrer". Ao final do jogo, Szabo, goleiro húngaro, teve boa desculpa: "Salvamos a vida de 11 homens".
Choveu muito no jogo do Brasil contra a Polônia. O lamaçal era tanto que Leônidas chegou a tirar as chuteiras, segundo ele, "para jogar melhor". Fez um gol descalço, mas o árbitro obrigou o atacante a calçar as chuteiras novamente.
A Itália viajou de uma cidade a outra de avião. Era a única seleção com esse recurso, enquanto as outras faziam cansativas viagens de trem ou ônibus.
O jogo Brasil x Polônia marcou a primeira transmissão internacional de rádio para o Brasil. A partida foi narrada por Gagliano Netto, da Radio Club do Brasil.
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