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HISTÓRIA


Espanha - 1982

Contexto histórico

O goleiro italiano Dino Zoff, que se tornou o mais velho jogador a conquistar uma Copa,
aos 42 anos, levanta a taça de campeão

Ainda em processo de redemocratização, depois da ditadura de quatro décadas do general Francisco Franco, a Espanha teve uma tentativa de golpe militar em 1981.

A oposição da sociedade civil manteve a monarquia parlamentarista e, no ano da Copa, os espanhóis elegeram seu primeiro chefe de governo socialista desde a Guerra Civil, Felipe González.

Afundada no conflito da Guerra das Malvinas, em que tentou retomar o arquipélago, a Argentina, então campeã mundial, ainda sob ditadura, rendeu-se à Inglaterra dois dias depois de estrear na Copa, com derrota para a Bélgica por 1 a 0.

A Copa

A Copa da Espanha-1982 mostrou ao mundo dois grandes times de futebol, Brasil e França, mas foi a Itália quem acabou ficando com o título. Após o término da primeira fase, a impressão era de que a festa ia ser toda dos brasileiros, que venceram seus três jogos, com dez gols marcados.

Os italianos, com três empates (0 a 0 com a Polônia, 1 a 1 com o Peru e 1 a 1 contra Camarões), classificaram-se apenas no saldo de gols. Tinham dois marcados, contra um de Camarões. O início trôpego não impediu a equipe italiana de brilhar no restante da competição.

Na segunda fase, passou pela Argentina, com uma vitória por 2 a 1. O Brasil também venceu a Argentina (3 a 1). A decisão da vaga nas semifinais ficou para o jogo entre Brasil e Itália. Com três gols de Paolo Rossi, os italianos fizeram 3 a 2 nos brasileiros e despacharam o time de Telê Santana, que contava com craques como Zico, Sócrates, Falcão e Cerezo, quarteto que formou um dos maiores meio-campos da história do país.

Embalados e contando com a boa fase momentânea de Rossi, os italianos fizeram 2 a 0 na Polônia, nas semifinais, e venceram na final Alemanha Ocidental, por 3 a 1. Paolo Rossi foi o artilheiro do torneio com seis gols. A França, de Michel Platini, Giresse e Tiganá, chegou às semifinais. A decisão nos pênaltis contra o alemães não fez jus à qualidade apresentada pelos franceses.
 
Classificação
 Itália
 Alemanha Oc.
 Polônia
4o França

Artilheiros
Paolo Rossi
Atacante
Itália
Rummenigge
Atacante
Alemanha
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O Brasil

O técnico Telê Santana formou em 1982 o melhor time que o Brasil teve desde 1970, na conquista do tri. O clima em todo o país era de otimismo, principalmente após as quatro vitórias nos quatro jogos das eliminatórias.

A equipe brasileira jogava um futebol altamente técnico e ofensivo, empolgando os torcedores. A maior parte do jogadores era considerado consenso. Os titulares eram: Valdir Peres; Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Éder e Serginho Chulapa.

Na primeira fase, apesar de algumas dificuldades, o time do Brasil, ao lado da Inglaterra, foi o único que venceu seus três jogos (2 a 1 na URSS, 4 a 1 na Escócia e 4 a 0 na Nova Zelândia). Na segunda fase, depois da convincente vitória sobre a Argentina por 3 a 1, tudo parecia correr para o óbvio.

A Itália vinha capengando e não deveria ser páreo. No entanto um jogador que estava desacreditado até por seus companheiros acabou com o sonho brasileiro. Paolo Rossi marcou o primeiro para os italianos aos 5min. Sócrates empatou aos 12min. Rossi colocou a Itália novamente à frente aos 25min. No segundo tempo, Falcão deixou novamente tudo igual, aos 23min. No entanto a noite era de Rossi. A 15 minutos do final, o atacante marcou seu terceiro gol na partida e selou a classificação italiana.

O episódio, muito sentido pelos brasileiros, ficou conhecido como “Tragédia do Sarriá”, em referência ao estádio do Espanyol, em Barcelona, que já foi demolido.

Sistema de disputa

Pela primeira vez, 24 times disputam a Copa. Na primeira fase, as equipes foram divididas em seis grupos de quatro. Os dois primeiros de cada um se classificaram para a segunda fase, em que foram reagrupados em quatro chaves de três times. Os primeiros colocados de cada uma passaram para as semifinais, disputadas em eliminatórias simples.

Destaque

A história do atacante Paolo Rossi, herói da conquista italiana na Copa de 1982, é inverso ao que aconteceu nas finais do Mundial espanhol. Depois de militar em diversas equipes pequenas de seu país, acabou indo para a Juventus. Quando despontou, acabou sendo pego no escândalo da loteria esportiva _jogadores e clubes manipulavam resultados de jogos para ganhar os prêmios. Pegou uma suspensão de dois anos e, na Copa da Espanha, tinha acabado de voltar ao esporte. Foi ao Mundial por capricho do técnico Enzo Bearzot. Depois do desempenho pífio na primeira fase (não só seu, mas de todo o time), Paolo Rossi foi decisivo a partir da segunda fase. Não marcou na vitória por 2 a 1 sobre a Argentina, mas deu os passes para os gols de Tardelli e Cabrini. Fez três gols contra o Brasil, dois na semifinal contra a Polônia e mais um na final contra a Alemanha Ocidental.

Fracasso

Figura constante em Mundiais anteriores, tendo inclusive apresentado algumas equipes bastante fortes, a Espanha não conseguiu se impor pela primeira vez em uma Copa, nem mesmo jogando em casa. Ao contrário. O time espanhol fez campanha sofrível na primeira fase. Na estréia, empatou sem gols contra o inexpressivo time de Honduras. Depois, venceu a Iugoslávia por 2 a 1 e fechou a fase com uma derrota por 1 a 0 para a Irlanda do Norte. Classificou-se somente pelo saldo de gols. Na segunda fase, perdeu para a Alemanha Ocidental por 2 a 1 e empatou por 0 a 0 com a Inglaterra, sendo eliminado. Até então, cinco das onze Copas haviam sido conquistadas pelos países-sede.

Curiosidades

Se o time brasileiro ficou fora da decisão, pelo menos um representante do país esteve na final. O árbitro Arnaldo César Coelho apitou a final, entre Itália e Alemanha Ocidental.
A seleção italiana iniciou a Copa conturbada por uma verdadeira guerra entre os jogadores e a imprensa de seu país. Além das críticas ferozes ao time, o conflito descambou para a agressão pessoal quando jornais italianos insinuaram que alguns jogadores eram homossexuais e promoviam orgias na concentração. Os atletas iniciaram uma greve de entrevistas, só interrompida com o título.
A seleção de Camarões foi sensação na primeira fase da Copa, antecipando o sucesso que viria em 1990. Com três empates (0 a 0 contra Peru e Polônia, 1 a 1 contra a Itália), os "Leões Indomáveis" perderam a vaga para a Itália apenas pelo saldo de gols. Se tivesse feito mais um, teria eliminado os italianos e a história da Copa seria bem diferente.
Calções curtos e justos e camisa colada no corpo, com as mangas bem curtas, eram a moda na época. A caneleira ainda não era usada, e muitos jogadores, como Littbarski, da Alemanha, jogavam com as meias abaixadas.
Com a conquista na Espanha, a Itália igualou o Brasil em número de títulos: três. Na disputa entre América do Sul e Europa, passaram a ser seis títulos para cada lado.
O juiz soviético Miroslav Stupar anulou um gol da França contra o Kuait, na fase classificatória, em atitude covarde, simplesmente porque o xeique Fahid Al-Sabah invadiu o campo e exigiu.
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