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HISTÓRIA


México - 1986

Contexto histórico

Erguido nos ombros dos companheiros, Maradona levanta a taça de campeão do mundo no estádio Azteca, na cidade do México

O Mundial de 1986 deveria ter sido realizado na Colômbia, que havia ganho o direito de organizar sua primeira Copa. Porém, em 1983, o governo colombiano decidiu boicotar o apoio à Federação Colombiana de Futebol, impossibilitando o país de abrigar o campeonato.

Às pressas, a Fifa teve que achar um substituto. Brasil, EUA, Canadá e México se propuseram. O governo brasileiro, em fins da ditadura _em 1986 o país já estaria sob o governo de um civil, José Sarney_, também disse não. Canadá e Estados Unidos acabaram preteridos por sua pouca tradição, e o México, organizador do Mundial-1970, foi escolhido.

Oito meses antes do início da Copa, o México sofreu uma série de graves terremotos, mas a infra-estrutura básica para a realização do torneio não foi afetada.

A Copa

Em 1978, Maradona assistiu como torcedor à Argentina ser campeã Mundial, preterido pelo técnico Cesar Luis Menotti devido a sua pouca idade. Em 1982, jogou, mas viu seu time ser eliminado na segunda fase com derrotas para Itália e Brasil, sendo inclusive expulso na partida contra o último.

No México, em 1986, então no auge da carreira, aos 25 anos, o melhor jogador argentino de todos os tempos ganhou praticamente sozinho o Mundial, com uma seleção argentina que não passava de mediana. Praticamente todas as jogadas ofensivas dos argentinos partiam dos pés de Maradona.

O meia passou a brilhar ainda mais a partir das quartas-de-final, quando decidiu contra a Inglaterra com dois gols que entraram para a história. O primeiro foi marcado com a mão, sem que o juiz visse. O segundo, driblando meio time inglês, desde o meio-campo. Contra a Bélgica, nas semifinais, mais um golaço de Maradona, e vitória por 2 a 0.

Na final, após abrir 2 a 0 sobre a Alemanha Ocidental, os argentinos permitiram o empate. Nos minutos finais, Maradona deixou Burruchaga livre para marcar o gol do título. Com jogadores como o goleiro Bats, Platini, Giresse e Tiganá, o bom time francês, que já tinha encantado em 1982, eliminou o Brasil nas quartas-de-final, nos pênaltis, mas não resistiu aos alemães nas semifinais.
 
Classificação
 Argentina
 Alemanha Oc.
 França
4o Bélgica

Artilheiros
Gary Lineker
Atacante
Inglaterra
Careca
Atacante
Brasil
Butragueño
Atacante
Espanha
Maradona
Meia
Argentina
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O Brasil

Pouco antes do início das eliminatórias para a Copa-1986, o técnico Evaristo de Macedo foi dispensado da seleção, devido a maus resultados em amistosos. Telê Santana, que havia formado o grande time do Mundial anterior, mas que acabou fracassando, voltou.

O técnico recorreu a alguns dos principais jogadores da campanha anterior, mas, principalmente por motivo de lesões, não conseguiu formar uma equipe tão forte. Cerezo teve que ser cortado. Zico e Falcão não tinham condições de ser titulares. Leandro pediu dispensa após o corte de Renato Gaúcho.

Mesmo com os problemas, a seleção fez boa campanha na primeira fase. Venceu seus três jogos, contra Espanha, Argélia e Irlanda do Norte, sem que Carlos levasse nenhum gol. Nas oitavas-de-final, o time brasileiro goleou a Polônia por 4 a 0, dando indícios de que aquela geração ainda poderia ser campeã do mundo.

Mas o revés veio no jogo seguinte, contra a França. O jogo foi altamente técnico e equilibrado. Careca colocou o Brasil na frente, e a França empatou com Platini, ainda no primeiro tempo. No segundo, Branco sofre pênalti, e Zico, que havia acabado de entrar, bateu. O goleiro Bats defendeu e o jogo foi para a prorrogação, que termina sem gols.

Nos pênaltis, Júlio César e Sócrates desperdiçaram para o Brasil, e Platini perdeu para a França. Resultado final: 4 a 3 para os franceses. Mesmo invicto, o Brasil é eliminado.

Sistema de disputa

Os 24 países classificados foram divididos em seis grupos de quatro. Os dois primeiros, mais os quatro melhores terceiros colocados, classificaram-se. A partir das oitavas-de-final, foram disputadas eliminatórias simples.

Destaque

Sem nenhum grande craque jogando a seu lado, Maradona “carregou nas costas” o time argentino no Mundial. O destaque do meia foi comparado ao de Garrincha no Mundial do Chile-1962. Além de armar a equipe com maestria, Maradona ainda chegava ao ataque para concluir _foi vice-artilheiro, com cinco gols. O jogo que iniciou sua consagração no futebol mundial foi o das quartas-de-final, contra a Inglaterra. No primeiro gol de sua equipe, Maradona recebeu cruzamento e subiu para dividir com o goleiro Shilton. Discretamente, colocou a mão na bola, que foi parar no fundo do gol. Todos viram, menos o juiz tunisiano Ali Bennaceur. “Fiz o gol com a minha cabeça e a mão de Deus”, diria o jogador, mais tarde. Menos de cinco minutos depois, o meia recebeu uma bola antes da linha do meio-campo. Driblou metade do time inglês até entrar na área. Driblou também o goleiro e marcou. A Inglaterra descontaria com Lineker, mas não seria suficiente. O atacante inglês, artilheiro da competição com seis gols foi outro destaque da competição, assim como brasileiro Careca, autor de cinco gols.

Fracasso

A seleção da Dinamarca foi a grande sensação da primeira fase da Copa-1986. Sem tradição no futebol, surpreendeu ao vencer a Escócia por 1 a 0 na primeira partida, com gol de Preben Elkjaer-Larsen, estrela do time, que fumava dois maços de cigarro por dia. Na segunda partida, espanto ainda maior. Os dinamarqueses golearam o Uruguai, campeão mundial em 1930 e 1950, por nada menos que 6 a 1, em jogo que despontou também outro grande jogador, Michael Laudrup. Fecharam a campanha na primeira fase com nova vitória, desta vez sobre a poderosa Alemanha Ocidental, que faria a final contra a Argentina, por 2 a 0. Os resultados renderam fama e favoritismo para os dinamarqueses. O time foi comparado ao “Carrossel Holandês” de 1974 e ganhou o apelido de “Dinamáquina”. A alegria dos dinamarqueses, porém, não durou muito. Logo nas oitavas-de-final, foram eliminado pelos espanhóis. Pior: com uma goleada por 5 a 1 (quatro gols de Butragueño).

Curiosidades

Um episódio até hoje mal explicado marcou a preparação do Brasil. Jogadores teriam saído da concentração sem a permissão da comissão técnica e pulado o muro na volta. Telê Santana acabou cortando do grupo o atacante Renato Gaúcho, alegando indisciplina. O lateral-direito Leandro, por solidariedade ao amigo, desistiu de ir à Copa.
O polonês Wladislaw Zmuda jogou sete minutos no Mundial apenas para igualar o recorde de partidas em Copas (21, ao lado do alemão Uwe Seeler). Entrou em campo quando seu time perdia por 4 a 0 do Brasil.
O jogo Uruguai x Escócia registrou o cartão vermelho mais rápido da história das Copas. O uruguaio Batista conseguiu ficar em campo apenas 55 segundos antes de cometer falta violenta e ser expulso pelo árbitro francês Joel Quiniou.
O goleiro irlandês Pat Jennings saiu de campo depois da derrota de sua seleção para o Brasil como o atleta mais velho a disputar uma partida de Copa: naquele dia ele completou 41 anos.
Assim como em 1982, o Brasil esteve presente na final. Quem apitou o jogo entre Argentina e Alemanha Ocidental foi Romualdo Arppi Filho. Arnaldo César Coelho havia sido o juiz na decisão da Copa da Espanha.
Além de Telê Santana, o Brasil tinha outros dois treinadores na Copa mexicana. Evaristo de Macedo, dispensado pela seleção antes das eliminatórias, comandou o Iraque. José Faria foi o técnico do Marrocos.
A torcida mexicana inventou em 1986 a popular “ola”, em que o movimento nas arquibancadas dá a impressão de uma onda gigante no estádio.
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