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Fazenda e Banco Central são as áreas de maior especulação, mas a prioridade é o Planejamento

da Folha Online

O futuro governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva será delineado a partir desta terça-feira (29 de outubro) com a indicação da equipe de transição, responsável em coletar dados sobre o atual governo Fernando Henrique Cardoso. Já são nomes certos na coordenação da equipe, que contará com 51 membros, o presidente do PT (José Dirceu), o prefeito de Ribeirão Preto (Antônio Palocci), o assessor econômico Guido Mantega, o secretário-geral do PT (Luiz Dulci) e coordenador do programa de Previdência do PT (Luiz Gushiken).

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Sérgio Werlang (no alto), cotado para o Banco Central), Sérgio Haberfeld, Lawrence Pih e Eugênio Staub (de cima para baixo), cotados para a Fazenda
Dirceu e Palocci estão cotados também para assumir um ministério. O presidente da legenda já é o principal articulador político do presidente eleito e pode assumir a Casa Civil ou o Ministério da Justiça. Palocci, responsável pela elaboração do programa de governo e pelos contatos com o empresariado, pode assumir o Planejamento.

Lula deve reservar ao PT fatia significativa nos 25 cargos de seu futuro ministério, como de praxe. Ele não abre mão de contar com um "companheiro" nas áreas de Casa Civil, Planejamento, Educação, Justiça, Previdência, Trabalho e Relações Exteriores. Devem entrar na mesa de negociação ou serem preenchidos por nomes "suprapartidários" a Saúde, Ciência e Tecnologia, Esportes, Cultura, Agricultura, Reforma Agrária e Indústria e Comércio, além cargos de segundo e terceiro escalões.

Também estão cotados para assumir um ministério o coordenador da agenda de Lula, Gilberto Carvalho, e o coordenador do programa e braço-direito de Dirceu, Luiz Gushiken. O primeiro pode ser chefe de Gabinete.

Já o segundo teria recusado a proposta de assumir a Previdência, pois está sob tratamento médico. No entanto, Gushiken ainda pode ser convencido, já que é um dos nomes que contam melhor trânsito nos diversos segmentos da sociedade _é o preferido pelos fundos de pensão, por exemplo.

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Paul Singer, Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Delfim Netto, Luciano Coutinho e Luiz Gonzaga Belluzzo (de cima para baixo), cotados ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
Os indicados para a Fazenda e o Banco Central, as áreas que mais interessam ao mercado financeiro e aos investidores internacionais, são também os cargos onde a especulação é maior. Dentro do PT, fala-se que o partido deve "terceirizar" a área econômica e convidar personalidades respeitadas pelo mercado financeiro.

Especula-se um empresário. Na lista de "cotáveis", já foram citados Eugênio Staub (Gradiente), Lawrence Pih (Moinho Pacífico) e Sérgio Haberfeld (Dixie-Toga). João Sayad, secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo (PT), também está na lista.

Para o Banco Central, Lula deve convidar um profissional com perfil de "operador" de mercado, mas alinhado ao programa do PT. O mais cotado é Sérgio Werlang, ex-diretor do Banco Central e atual diretor do banco Itaú, que já vem participando de reuniões do PT com instituições financeiras internacionais.

Aliados próximo do presidente dizem que nem ele sabe ainda quem ocupará os cargos, fundamentais para assegurar ao mercado uma transição de governo tranquila e pacífica.

Apesar de o mercado dirigir seu foco de interesse para a equipe econômica, Lula já afirmou que a Fazenda e o Banco Central não serão as principais áreas. O principal ministério será o Planejamento, responsável por adequar a política econômica às metas de crescimento econômico, geração de emprego, exportações e políticas sociais.

O senador eleito Aloizio Mercadante, que ao lado de Palocci desempenhou um papel importante na aproximação de Lula com o mercado financeiro, deve ficar fora do futuro ministério. Pelo menos num primeiro momento.

O suplente José Giácomo Baccarin disse que Mercadante deve mesmo ir ao Senado para fortalecer as articulações políticas na Casa.

"Ele [Mercadante] reúne todas as qualidades para ocupar um cargo executivo num eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas o partido acha que Mercadante, pelo menos no começo do governo, será mais importante no Senado", disse Baccarin.

Sem o "sonho" de passar de suplente a senador, Baccarin acredita que poderá vir a contribuir com um possível governo de Lula na área da Agricultura. Mas não como ministro. "Não tenho cacife para isso. Até porque o PT não poderá ocupar todos os ministérios com gente do próprio partido."

José Genoino, ex-candidato ao governo de São Paulo, também pode vir a ocupar um ministério, ou receber a presidência do PT, no lugar de Zé Dirceu.

Lula deve implementar também uma reforma ministerial, com a criação de um superministério, com o nome provável de Ministério das Cidades, para cuidar de questões como habitação, saneamento e transportes urbanos. Algumas secretarias podem ganhar status de ministério, casos de Combate à Fome, de Segurança Pública, de Mulheres e de Combate ao Racismo.

Outra novidade do governo deve ser a criação de um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, organismo de consulta no qual estão previstos notáveis do PT, como o economista Paul Singer e Maria da Conceição Tavares, e de fora, Celso Furtado, Delfim Netto, Luciano Coutinho e Luiz Gonzaga Belluzzo, muito possivelmente com a participação de Guido Mantega, um dos porta-vozes econômicos do partido.

 

Braços-Direitos

José Dirceu

Presidente do PT, coordenou contatos políticos durante a campanha e é o homem-forte de Lula. Unificou o partido e abafou as vozes radicais, sendo por isso acusado internamente, muitas vezes, de usar "mão-de-ferro". Foi um dos responsáveies pela política de alianças do partido.

Antônio Palocci

Prefeito licenciado de Ribeirão Preto, é figura em ascensão e voz ultramoderada do PT, coordenou o programa de governo de Lula. É a principal ponte entre o partido e o empresariado. Assumiu a coordenação da campanha após a morte do prefeito Celso Daniel, de Santo André, em 20 de janeiro de 2002.

Luiz Gushiken

O segundo em comando de Dirceu, figura histórica do PT e amigo pessoal de Lula, coordenou a campanha de 1998. Especialista em Previdência, foi deputado federal e presidente do PT. É dele a idéia que vem sendo defendida por Lula de estímulo à criação de fundos de pensão.

Luiz Dulci

Expoente da ala "intelectual", é secretário-geral do PT. Preside a Fundação Perseu Abramo, centro de estudos políticos do partido. Teve papel fundamental na articulação com o PL e com Itamar Franco.

Aloizio Mercadante

Eleito senador com 10,4 milhões de votos em São Paulo, o economista tem bom diálogo com setores do mercado, especialmente com Armínio Fraga. Deputado federal por duas vezes (1991-1994 e 1999-2002), foi vice na chapa de Lula em 1994 e um dos redatores da Carta ao Povo Brasileiro, que comprometeu o partido com a meta de superávit primário e abriu caminho para o aval ao FMI.

José Alencar

Vice de Lula, abriu espaço para as negociações com setores mais conservadores e alianças mais ao centro do PT. Trouxe seu partido, o PL, para compor a coligação, mediou contatos com o empresariado os banqueiros e pode vir a ocupar um ministério na área do desenvolvimento.

Guido Mantega

Fez parte da gestão de Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo (1989-1992). Principal assessor econômico de Lula, o professor universitário compôs a equipe que elaborou o programa de governo e pode ter cargo de assessor especial do Planalto ou até assumir o Ministério da Fazenda.

José Genoino

Mesmo derrotado na disputa ao governo de São Paulo, saiu da eleição maior do que entrou. O líder ultramoderado será titular de um ministério destacado, como a Defesa, a Justiça ou a Casa Civil, ou ficará com a presidência do PT.

José Graziano

Professor de economia agrícola da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor de livros sobre o assunto. Compunha o núcleo estratégico da campanha, acompanhando Lula nos principais eventos.

Marta Suplicy

Ganhou espaço no partido em 1998, quando esteve próxima de ir ao segundo turno para o governo de São Paulo. Dois anos depois, ganhou a prefeitura, que se transformou no principal investimento do PT na campanha de Lula. Seu namorado, Luiz Favre, articulou contatos internacionais.

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